Madrugada desta quinta-feira.
Entre 2h e 4h da madrugada.
Braz de Aguiar, entre Rui Barbosa e Benjamin.
Bem em frente a um bar que se instalou ali.
Mais um bar para, digamos, animar o pedaço.
Coisa fina.
Reúne gente da nossa melhor sociedade.
Da nossa mais bem nascida sociedade.
Gente bacana.
Das mais bacanas.
Gente boa.
Nenhuma, aliás, deve ter o Cartão Yamada.
Mas é tudo gente da melhor qualidade.
Pois em frente ao bar um carro preto rodava, em sua vitrola, um som daqueles.
Só não escutava quem está acima, bem acima da estratosfera – quem já está na ionosfera, portanto.
Além do som – suave à beça -, os berros.
- Luís Filipeeeeeeeeee – gritava, esgoelava-se uma mulher.
- Ei, Carooollllll – gritava, esgoelava-se um selvagem.
Não havia por que ela gritar.
Ela gritava por gritar.
Não havia por que ele gritar.
Ele gritava por gritar.
Além do som e dos berros, um outro carro arrancou fazendo uma zoeira de estremecer quarteirão.
Todos selvagens.
Todos mal educados.
Todos bárbaros.
Todos incivilizados.
Todos insensíveis (para com idosos, e sobretudo com os idosos doentes, que precisam de sossego, de paz).
Todos desumanos.
Todos bacanas.
Muito bacanas.
8 comentários:
Bacanas. E babacas.
Abs, Paulo.
Nardin
Certamente estarão com aqueles sorrisos plastificados, nas Revistas de Domingo dos principais jornais da cidade.
São colunáveis, chics (será?), mas sem uma gota de sensibilidade e/ou educação.
Ou, se tem, não fazem uso.
Isso é Belém, a terra do nunca. Nunca irá ser civilizada;
Nunca irá ter gente decente administrando a cidade;
Nunca irá atrair grandes empresas;
Nunca terá um trânsito organizado;
Nunca teve gestão de nada;
Nunca teve limpeza;
Belém caminha à passos largos para o caos, onde os maiores culpados são os seus próprios habitantes que contribuem incessantemente para essa situação insustentável.
Manaus agradece.
Bemerguy, o fato é que o no Pará se acha lindo ter carros com sons potentes. Não é à toa que a turma briga, se esgoela por causa de aparelhagens, que viraram a até ídolos da galera. A maioria das pessoas nesta terra faz questão de ouvir música alta, aliás altíssima, principalmente se for em seu carro. E ainda por cima um dos piores ritmos do mundo, o tal do brega, seja gente que se acha chique ou a pobreza. Isso é a cara do Pará, de um povo sem educação.
Infelizmente, essa é a realidade.
do nosso jeito, com a nossa cara.
Recentemente estive no Rio. Num táxi, na Barata Ribeiro, ouvi uma baruheira musical vinda de um carro. Como era a primeira vez em vários dias, estranhei. O motorista foi curto e grosso: "É aquele carro ali, alguém do subúrbio.´Eles gostam muito disso lá".
Ele ficou bem surpreso quando eu disse que o pessoal da "zona sul" daqui faz isso também, e muito.
Então, em Belém, abolimos a diferença de classes pelo pior lado: ricos e pobres são todos iguais no mau gosto e na falta de educação, uns bregas e filhos da p...quando se trata de torturar o ouvido alheio.
Esses filhinhos de papai da classe média são nojentos, mal educados, uns bárbaros.
Poluição sonora é crime, tem legislação específica para isso e a DEMA - Delegacia de Crimes contra o Meio Ambiente - deveria fazer ronda, durante as madrugadas, nos bairros de Nazaré, Umarizal e Batista Campos e prender esses animais que importunam o sono dos civilizados.
Mas tente ligar para o "disque-silêncio"!
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