sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O “outro lado” e os limites do jornalismo

Nós, jornalistas, somos uns apressados.
Somos mesmo.
Sobretudo os que fazemos blogs.
Quando temos uma boa informação, o primeiro impulso que temos é o de divulgá-la na mesma hora.
Mas há informações e informações.
Algumas, nem precisamos checar com outra fonte, tão confiáveis elas são.
Outras, não.
Além da necessidade de checa-las, é preciso que ouçamos alguns dos envolvidos.
E justamente nessas situações que a coisa pega.
Porque autoridades – principalmente elas –, de qualquer escalão, são as grandes responsáveis em desestimular jornalistas que sempre querem ouvir o “outro lado”.
Por quê?
Porque se escondem.
Porque fazem de tudo para não ser encontradas.
Porque desligam celulares.
Porque fazem de conta que aquilo não é com elas.
Porque acham que não devem nem sequer atender o repórter para dizer o seguinte:
- Não falarei sobre isso.
Ou então:
- Não comentarei.
Ou então:
- Chispa daqui. Procura outro.
E olhem que autoridades – sobretudo elas -, sejam lá de que escalões forem, são as primeiras a reclamar que não são ouvidas.
E não são mesmo.
Não são ouvidas porque não querem ser ouvidas.
Querem mais é silenciar.
Querem mais é calar.
Sabem o que é?
É que muitas autoridades sempre são procuradas.
Mas nunca atendem quem as procurou.
Aí, nas ocasiões seguintes, todos nos sentimos desestimulados a procurá-las novamente.
E assim a informação sempre fica mesmo capenga.
Mas saibam que muitas vezes a culpa não é nossa.
Nós bem que procuramos.
Bem que deixamos recados.
Bem que telefonamos.
Bem que insistimos.
Mas não obtemos retorno.
E na maioria das vezes as informações precisam ser divulgadas.
Com ou sem a manifestação do “outro lado”.
É assim!

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo post. Faço minhas suas palavras. Tem muita gente que adora dizer que não foi ouvido quando na verdade se recusa a falar com a imprensa e faz de tudo para dificultar nosso trabalho. A estratégia mais comum é simplesmente não atender ao celular. Têm aqueles que se cercam de seguranças e nos tratam como assaltantes quando na verdade só queremos fazer perguntas. Depois, vão praticar o esporte preferido que é rotular o repórter está a serviço do partido A ou B. Não tenho procuração para defender todos os colegas, alguns até pisam na bola, mas a maioria está preocupada mesmo é com a informação que vai passar ao leitor. Autoridades têm obrigação de saber quem é quem. Afinal para que servem os assessores de imprensa? Só para concordar com suas excelências?

Rita Soares