No AMAZÔNIA:
A comunidade de Caraparu, distante cerca de 20 minutos do centro do município de Santa Isabel, Região Metropolitana de Belém, festejou ontem o 91º Círio em homenagem a Nossa Senhora da Conceição. O traslado pelo canal estreito e raso que dá nome ao vilarejo abre a festividade, que só se encerra no próximo domingo, 13.
A imagem de Nossa Senhora, trazida de Portugal na década de 20, deixou a igreja matriz da comunidade ainda nas primeiras horas da manhã para seguir na tradicional procissão fluvial, acompanhada por dezenas de pequenas embarcações. Durante o percurso, cumprido a remo em pouco mais de quatro horas, o cortejo a Nossa Senhora recebeu homenagens de devotos ribeirinhos, com queima de fogos de artifício e cantorias.
A tradição do círio fluvial em Santa Isabel foi iniciada em 1918, quando o costume de render graças à padroeira da cidade com uma caminhada pelas ruas de terra já contava 13 anos. Na época não havia a estrada do Caraparu e o único meio de acesso às comunidades na margem do rio era feito por barco. Nada mais justo que um segundo trajeto, pelo rio, fosse cumprido pelos devotos de Nossa Senhora.
O Círio de Caraparu, que este ano chega a sua 91ª edição, guarda algumas peculiaridades em relação aos outros festejos dedicados a Nossa Senhora da Conceição. A principal delas é que, diferentemente das outras cidades do nordeste paraense, que prestam homenagens às suas padroeiras aos domingos, em Caraparu o Círio é realizado no dia da padroeira - mesmo que esta data seja no meio de uma semana.
Ontem, pontualmente às 6 horas, a imagem de Nossa Senhora da Conceição deixou o altar da igreja matriz, no centro do vilarejo do Caraparu, e seguiu até o porto, para ser levada de canoa até a capela da comunidade do Cacau, a cerca de quatro quilômetros pelo rio. Lá, duas horas depois do início da procissão, os devotos rezaram um rosário antes de fazer a viagem de volta para a vila.
O trajeto é acompanhado por famílias inteiras a bordo de canoas. Muitas, nascidas e criadas nas comunidades rurais de Santa Isabel, já deixaram o município, mas voltam todos os anos à época do Círio para prestar homenagens à padroeira.
É o caso do militar Evaldo Souza, que há 15 anos retorna à localidade de Caraparu no mês de dezembro para levar fogos à Santa. Evaldo é um dos 'fogueteiros' - função dos devotos que seguem nas primeiras canoas do cortejo, organizando as homenagens.
Às 11 horas, a imagem de Nossa Senhora da Conceição desembarcou no porto do Caraparu, onde era esperada por centenas de pessoas. De lá, partiu em procissão pelas ruas da comunidade até a igreja matriz, onde uma missa foi celebrada.
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