No AMAZÔNIA:
Belém continua a viver problemas de 20 anos atrás sem que as instituições de pesquisa ou os movimentos sociais consigam contribuir para a solução deles. A constatação foi exposta na mesa redonda promovida ontem pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA). A coordenadora do projeto, Marly Silva, acredita que se vive uma carência de debates sobre a crise social que marca a capital paraense.
A mesa redonda reuniu pouco mais de uma dezena de estudantes dos cursos de graduação em Arquitetura, Sociologia e Geografia. Ela está incluída no projeto de extensão universitária realizado pela Faculdade de Ciências Sociais para estimular os debates com pesquisadores e escritores.
Um dos convidados para a discussão de ontem, o professor Thomas Mitschein, disse que nada mudou na capital desde que lançou o livro 'Urbanização Selvagem', há 20 anos. A violência permanece, assim como os problemas infraestruturais na área da Saúde, do Saneamento e do Transporte.
'Hoje está mais complicado. Em 2000, 41,9% das crianças viviam em famílias com renda média mensal inferior a um salário mínimo. É uma pobreza absoluta', apontou ele, observando que essa realidade contrasta com a riqueza de poucos.
Os contrastes, diz, são fruto de problemas estruturais iniciados em décadas passadas que continuam a se repetir. Ele fala de investimentos em pólos que não foram preparados para absorver a população atraída para lá em busca do trabalho não gerado em seu local de origem.
Lixo - Mitschein cita o caso dos bairros da Terra Firme e Guamá como exemplos da falta de planejamento. Hoje, os moradores consomem uma água de qualidade ruim quando é extraída dos poços artesianos porque os terrenos são formados por aterros compostos de lixo.
Para ele, a crise instalada nos serviços sociais por causa dessas falhas não pode ser resolvida somente com ações municipais; exigem medidas corretivas regionais e nacionais. Exige também uma mobilização social com estratégias de ação que podem ser desenvolvidas com a ajuda das instituições de pesquisa.
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