No AMAZÔNIA:
Integrantes do movimento social negro promoveram uma marcha, ontem, para marcar os 314 anos da morte de Zumbi dos Palmares, o principal líder do movimento negro no Brasil. A marcha saiu do Centro Arquitetônico de Nazaré (CAN) no início da noite de ontem e os manifestantes seguiram falando de suas reivindicações e entoando cantos afros até o Mercado de São Brás, onde houve um grande show. O evento foi uma realização da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) em parceria com o movimento social negro do Pará.
Segundo Biany Sanches, do Movimento Afro-Descendente Mocambo, a marcha comemora 'o legado da luta negra por políticas afirmativas para a população negra do Pará'. A militante do movimento social negro destaca que uma das bandeiras de luta do movimento paraense é pela criação da Secretaria Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. De acordo com ela, atualmente, existe uma coordenadoria voltada para o segmento, mas com muitas limitações. 'A coordenadoria não consegue dar conta de toda a demanda do Estado. É preciso que seja criada uma secretaria, que tenha autonomia e orçamento para poder implementar as políticas', disse Biany.
Outra bandeira de luta do movimento no Pará é pela criação do sistema de cotas para negros na Universidade Estadual do Pará (Uepa), o que já existe na Universidade Federal do Pará (UFPA). De acordo com Biany, as discussões sobre a política de cotas na Uepa se iniciaram há dois anos, mas ficaram paralisadas, não houve avanços. Já na área de saúde, o movimento reivindica que a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) garanta o diagnóstico e tratamento de anemia falciforme, uma doença que atinge predominantemente os negros. 'Atualmente, o sistema de saúde não faz nem o diagnóstico da doença e muitas pessoas padecem com ela, achando que estão com algum problema ósseo', criticou Biany.
O movimento social negro, no entanto, comemora alguns avanços no País, como a Lei 10.639, que implementa a obrigatoriedade do estudo da história e cultura da África e afro-brasileira, além da lei que criminaliza o racismo. 'Mesmo com uma lei que torna o racismo um crime inafiançável e imprescritível, ainda vemos muitos casos diários de atendimento diferenciado a pessoas por causa de sua cor da pele. Isso é inadmissível. É preciso mudar essa realidade', disse.
A marcha Zumbi dos Palmares teve como patronos Maristela Albuquerque, a 'Teteca', militante histórica do movimento negro no Pará e primeira vocalista de uma banda afro, a 'Axé Dudu'; e o Mestre do Carimbó, Verequete, recentemente falecido. Com o evento, o movimento pretende marcar o dia 20 de novembro no Pará e em Belém, onde a data ainda não integra o calendário oficial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário