quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A Unama precisa elevar-se de nível. Pelo bem da Unama.

Academias devem guardar excelências.
Universidades devem ser holofotes que iluminam os bons pensamentos, os bons confrontos, o bom combate, as boas divergências.
Não é o que se tem visto, infelizmente, em muitos comentários mandados para o blog, a respeito de fatos que culminaram na renúncia do reitor da Universidade da Amazônia (Unama), professor Édson Franco.
O que tem predominado – com as honrosas exceções que confirmam a regra – é a ofensa gratuita, são impropérios, acusações, especulações maliciosas que têm envolvido, não raro, pessoas que se encontram fora, digamos, do epicentro desses momentos de tensão e turbulência que a Universidade enfrenta, após a renúncia de seu reitor.
Há detalhes dos mais relevantes, todavia, nessas ofensas, nesses impropérios, nessas acusações e especulações maliciosas trazidas até aqui: todas, com raríssimas exceções, levam a assinatura de Anônimos. Por isso mesmo, não podem ser toleradas, não podem merecer a autorização do poster para constar das caixinhas de comentários, nas postagens sobre acontecimentos que envolvem a Unama.
E por que não podem? Porque há uma falta de equilíbrio, uma falta de equivalência do tamanho da Unama entre os ofensores, que são Anônimos, e os ofendidos, pessoas nominalmente citadas. Há um desequilíbrio flagrante entre os acusadores, que são Anônimos, e os acusados, pessoas nominalmente mencionadas.
Até mesmo o poster, no último domingo, já foi alvo de uma preliminar desse espírito belicoso, hostil, irritadiço e verbalmente despropositado que domina segmentos vários da Unama. Pelo simples fato de ter divulgado informações sobre a renúncia do reitor, foi questionado se era sócio, comprador ou concorrente da Unama.
Pois registre-se que o questionador, uma vez retorquido pelo blog, não disse até agora, afinal, se também ele é sócio, comprador ou concorrente da Unama. E olhem que o blog o deixou à vontade para que respondesse à contra-indagação na condição de Anônimo mesmo. Não precisava nem se identificar. Ele respondeu apenas que deveria ser respeitado o seu direito de manter-se no anonimato, porque vivemos num Estado Democrático de Direito.
É verdade. Mas nesse caso, por uma questão de eqüidade, a liberdade do anonimato deve ter como freios limites que não afrontem os não-anônimos. Nenhuma liberdade é absoluta. Nenhuma. Liberdades encontram limitações em códigos de conduta, em conveniências, em leis e tudo o mais que regula a vida social. Sempre foi assim. Sempre será assim.
Nesse sentido é que Anônimos, quando nessa condição, não podem pretender dizer qualquer coisa de alguém, citando-o nominalmente. Porque são Anônimos, evidentemente.
Um Anônimo não pode pretender acusar um fulano – identificado nominalmente e qualificado profissionalmente - de ladrão, pelo fato simples de que o fulano ladrão existe, enquanto o Anônimo, a rigor, é uma ficção. Seria uma injustiça o fulano, que existe, ser chamado de ladrão por um acusador que, na condição de Anônimo, a rigor não existe.
Aqui estão, portanto, as razões pelas quais vários comentários têm sido recusados e, portanto, não vão para as caixas de comentários: por eqüidade, por respeito ao direito que qualquer pessoa tem de conhecer seu acusador e porque o blog não pode assumir como suas toda ordem de maledicências levantados contra A, B ou C.
Convém ressaltar fatos, todavia. E fatos são fatos. Ninguém briga contra os fatos. Ou por outra: há gente até que briga, mas acaba golpeada pela falta de senso do ridículo, pela falta de bom senso e pela nenhuma prudência.
E um dos fatos, em toda essa questão que envolve a Unama é o seguinte: o professor Édson Franco já expôs aqui, no Espaço Aberto, suas razões para ser contrário à venda da Unama. Aqui externou claramente sua proposta de discutir novas alternativas de gestão para a Universidade. Aqui já expressou com clareza solar suas mágoas em relação à forma como foi tratado por seus próprios sócios. Aqui já disse com todas as letras que a Unama não pode ser vendida porque não está suficientemente profissionalizada.
Está certo o reitor que renunciou? Está errado? Suas críticas têm procedência ou não? Ele escamoteia ou não a verdade? Foi ou não objetivo em suas colocações? Suas respostas condizem ou não com os verdadeiros motivos que envolvem a intenção de vender ou não vender a Unama?
Todas essas indagações devem ser respondidas conforme o juízo e a avaliação de cada um. Mas é fato, um fato indesmentível, um fato contra o qual ninguém pode brigar, que o autor dos comentários, o autor das respostas foi Édson Franco, 71 anos, reitor da Unama durante 34 anos, figura pública e conhecida em Belém, no Pará e além-divisas do Estado. Pronto. Foi ele quem respondeu. Todo mundo sabe que foi – e quem foi.
Para que o debate se trave com eqüidade, portanto, convém que os questionamentos, as críticas, as motivações e as razões externadas pelo reitor sejam rebatidas com amparo em dois parâmetros, dois critérios, dois balizamentos: que o contestador se identifique plenamente e mande seus comentários em linguagem que não transforme isto aqui num depósito de dejetos. Dejetos verbais, evidentemente, mas sempre dejetos.
Diante disso, o Espaço Aberto lança aqui uma proposta: qualquer pessoa da Unama, rigorosamente qualquer uma – do dirigente máximo da instituição até o mais humilde empregado – pode dispor do espaço que quiser aqui no blog para externar suas razões favoráveis à venda da Unama e à renúncia do professor Édson Franco da reitoria.
Qualquer um pode alinhar as razões que achar convenientes e pertinentes favoráveis à venda da Unama. Qualquer pode externar as razões que bem entender favoráveis à mudança de reitor da Unama. Qualquer um pode contrapor às razões do reitor que renunciou motivos que recomendem a transferência da instituição seja lá para quem for. Qualquer um tem o espaço que quiser, aqui no blog, para contrapor-se a cada linha, a cada vírgula, a cada afirmação feita pelo professor Édson Franco na entrevista que concedeu ao blog.
Mas em vez de fazerem isso, os opositores do ex-reitor, todos Anônimos, querem valer-se do anonimato para assacar contra honras alheias, atingindo inclusive pessoas que provavelmente nem sabem que estão sendo atacadas aqui de forma soez, vil e covarde.
Essa conduta, convenhamos, não condiz com a excelência que se espera de quem convive em academias. E o espaço, que aqui continua abertíssimo, é para se discutir idéias. É um espaço para se discutir até mesmo pessoas, se quiserem, mas com o resguardo mínimo de civilidade para se debater.
Do contrário, estaremos todos no nível da sarjeta.
E a quem aproveitará se chegarmos a esse nível?
A ninguém. Muito menos à Unama - seus dirigentes, professores e alunos.
É preciso tirarmos o debate quase do nível do rés-do-chão para alçá-lo ao nível da Unama.
E ninguém melhor do que a Unama – seus dirigentes, seus professores e seus alunos – para conhecer o nível em que se encontra a própria Unama.

11 comentários:

Anônimo disse...

Estive na reunião informal que foi estampada no liberal de ontem sobre a Unama.Mais depois que ouvi e li aqueles que se manifestaram contra a venda da Unama e outros a quem se atribui a favor, cheguei à conclusão que ambos têm razão:os primeiros porque falam de aperfeiçoamento e/ou modernização para o futuro, esquecendo que não buscram isso no passado e no presente, e os segundos porque num ato de bom-senso reconheceram isso.

Anônimo disse...

Paulo,
entendo seu sentimento.
Já disse que tive um blog há algum tempo atrás... então sei bem os malefícios dessa ferramenta da comunicação.
Postei aqui pela primeira vez pq o assunto "anônimo" me encanta.
Li certa feita, em uma tese da PUC-MG, que o anominato faz com que as pessoas digam as verdades puras. Se desprendam do medo. Mas, vc tem razão, maldades podem acontecer.
De qualquer forma, gostaria de, se me permite, lhe corrigir em um item.
Entendo como vc se sentiu ao ser chamado de "sócio, comprador ou concorrente da Unama". O "anônimo" provocou... Vc está aceitando a provocação.
E mais... ao manter a indagação se ele é "sócio, comprador ou concorrente da Unama" faz o mesmo que ele.
Ademais, não adiantará nada pedir que o "anônimo" deixe o anonimato.
Alguns são "anônimos" pq assim podem dizer qualquer coisa.
Outros são "anônimos" pq só assim se sentem seguros em dizer o que pensam e sabem.
É impossível pensar que um professor/funcionário da Unama deixe seu comentário aqui e não sofra uma eventual represália (seja da gestão atual, seja do ex reitor).
Eu me coloco no lugar deles e os compreendo.
Quanto aos comentários, o mais prudente a fazer é:
1. Modere os comentários... eu sempre liberei todos os do meu blog mas editava eventuais xingamentos indicando que o comentário foi editado.
2. Mesmo havendo partes do comentário que vc discorda, aproveite a outra parte. Repito: SEMPRE existe algo a ser debatido.
Sou um amante do debate.
Ontem foi aniversário de meu filho. Um amigo (prof. da Unama) me fez uma visita em casa e conversa vai, conversa vem, falei sobre o seu Blog.
Ele tb adora os textos e os comentários.
Repito os parabéns que deixei aqui há alguns dias.
Belos textos.

Um grande abraço,

Alberto

PS1. Segunda vez que comento assunto da Unama. Assim vão pensar que tenho algo contra ela. hehehehe
Nada contra nem a favor, mas torcendo para que as coisas se resolvam.
PS2. Paulo, não li em nenhum jornal local falando a respeito da renúncia (entendi os motivos mas não compreendi a atitude). Não acha que está meio mal explicado? :-)

Anônimo disse...

Caro Paulo,

por absoluta falta de condições - além do trabalho, o atual limite físico de uma famigerada dor na coluna, que me impede de enfrentar o micro no tempo que preciso - me tirou do Espaço.

Hoje, aproveitando a dor amena, li todo o enredo da UNAMA.

Você tem absoluta razão. É uma pena que entrem aqui, no Espaço Aberto, como quem entra pra comprar uma lata de sardinha na taberna do seu Zé. Sem ofensa ao seu Zé. Ou à sardinha, da qual sou fã.

Um abraço.

Anônimo disse...

Resumidamente:

É total desespero de causa, no mar infinito, palito de dente é salva-vidas.

É patético, mas cômico.

Abraços

Anônimo(s)

Anônimo disse...

Mais um gol de placa do Espaço Aberto.

Poster disse...

Olá, Bia.
Melhoras, amiga.
E força na campanha.
E olha só: sardinha é mesmo uma delícia. Com ovo, então, fica uma maravilha (rssss).
Grande abraço e melhoras.

Maick Costa disse...

Acabei de me formar pela Unama no curso de Administração, e com méritos, tive meu nome chamado pelo Sr. Edson Franco no auditório do Hangar (provavelmente a última vez em que o Sr. Edson Franco presidirá uma colação de grau na Unama). E realmente, quando se fala em Unama nos lembramos de Edson Franco e vice-versa. Com relação aos anônimos, concordo com o poster que para acusar tem de se identificar, se não, não é "jogo limpo". Uma questão: Será que profissionais de outras regiões, até de fora do país, se comprometeriam com a missão da Unama: Educação para o desenvolvimento da Amazônia. E se dedicassem-se a essa missão, o desenvolvimento da Amazônia seria para os amazônidas, ou mesmo para o Brasil? Durma com um barulho desses!

Anônimo disse...

Caro Amigo do Blog,

1. Quem decidiu lavar roupa suja fora de casa?

2. Quem decidiu pular fora do barco e atirar pedra em sua própria incompetência administrativa?

3. Quem mesmo não está à altura da UNAMA?

É nas horas difíceis, quem vemos quem é quem? Aquele que é o último a sair do barco, o verdadeiro Capitão.

A decisão foi unilateralmente do próprio.

Poster disse...

Olá, Alberto.
Que prazer você por aqui, novamente.
Ótimos, os seus comentários. Vou reproduzir trechos deles na ribalta, hoje à tarde.
Só algumas coisas:
1 - Anônimos são a alma deste blog. Sem eles, a coisa não teria graça, não teria sabor, não haveria tempero. É preciso apenas - e nisto nós concordamos - frear a língua de alguns quando se trata de acusar os outros.
2 - Infelizmente, Alberto, não tenho como editar os comentários antes de serem encaminhados à caixinha. Ou autorizo todo o teor, ou rejeito todo o teor. Nesse sentido, se um Anônimo faz um belo comentário - respeitoso, ainda que contundente -, mas se na última linha perde as estribeira e chama alguém de ladrão, não posso autorizar que sejam enviados à caixinha apenas os trechos, digamos, aproveitáveis. É uma pena, mas o provedor do blog não permite esse recurso.
3 - Creia-me: não fiquei agastado, não, com o Anônimo que me confundiu com comprador da Unama. Ao contrário, achei até divertido. Senti-me provocado, sim, mas no sentido de ter sido estímulado a dar-lhe a resposta. Ele me fez perguntas, e eu lhe dei respostas. Foi isso.
Participe sempre, Alberto.
Grande abraço.

Anônimo disse...

Caro Maick,

Primeiramente, parabéns pela sua Graduação, que você tenha muito sucesso na sua vida profissional.

Gostaria que você já praticasse alguns dos ensinamentos que deve ter dito no curso de Adm. de Empresas.

O primeiro deles é que um dos objetivos fundamentais para a existência das empresas é a obtenção de resultados (lucro), mas sempre através de sua atividade (operação).

Desta forma, seja com o atual corpo societário (na qual o Sr. Édson continua fazendo parte), ou seja com outro grupo, é fundamental a obtenção de resultados. Vamos exercitar a hipótese da Unama mudar de mãos. Quem em sâ conciência não fará todos os esforços para melhorar a instituição? Com certeza, muitos investimentos serão feitos com o objetivo de melhoria de qualidade de uma maior participação no mercado (market share).

Vivemos em um mundo capitalista, não podemos ter o lucro como objetivo, mas com certeza ele é fundamental para a permanência das empresas no mercado, desta forma para os atuais ou eventuais futuros gestores da Unama, o foco principal há de ser melhoria de processos, de qualidade de atendimento do alunado, de capacitação dos professores, de ampliação de instalações, etc etc etc, sempre com muitos investimentos.

Finalizando, seja verdade ou não a história da negociação, muito trabalho há de ser feito, muitos investimentos terão que ser feitos, muitas mudanças também, inclusive de pessoas, de processos, de atualização ao mundo moderno, vamos lembrar que todos, ou quase todos, são fundadores, que estão na direção desde o início, isso já se passaram 30 e poucos anos, é muito tempo, acho que só o Fidel Castro perdurou tanto tempo, e veja no que deu.

Somos sempre resistentes a mudanças, mas elas são necessárias, e que seja esta apenas a primeira dentro da Unama, que venham mais e mais, com certeza serão para melhor.

Um grande abraço.

Seu professor secreto.

Anônimo disse...

Prezado Jornalista

Li, no último domingo, na coluna de seu colega Mauro Bonna, a notícia de que duas turmas de estudantes sairam da(s) FAPAM (ligada ao Grupo Objetivo de São Paulo!), preferindo transferir-se para a FAP (que, apesar do P de Pará, pertence a um grupo de esolas do Rio de Janeiro!).

Será que o jornalista saberia por quê?

Não será por problemas ligados à excepcional qualidade dos serviços prestados pela segunda, definida nos planos de trabalho montados pelos gandes e notáveis educadores e amigos Mauro Leônidas e Betania Fidalgo. Eles precisam, pelo menos, dizer aos seus amigos, em que organizações estão desenvolvendo seus talentos.

É uma pena que estes professores tenham deixado a direção da FAP. Saíram e não falaram para seus amigos e colegas as razões de suas saídas: se receberam melhores salários ou se sua competência não permitia que convivessem com pessoas de fora do Estado, que estão se aventurando na planície.
Nunca fui convidado a trabalhar em qualquer uma destas duas faculdades, talvez pela minha formação na área de saúde (não desenvolvida/explorada por elas).

Com sua licença, deixo em aberto no blog, as perguntas que não calam:

será que os Gluck Paul sairam da FAP porque se cansaram dos discursos das nossas assembleias ou perderam seus sonhos de educadores?

os estudantes erraram na escolha de uma escola com modelo de ensino do Rio de Janeiro, em detrimento de outras (como a FAPAN, como já disse, ligada ao Grupo Objetivo de São Paulo; a FEAMA, de propriedade de um grupo de empresários da construção civil do Amapá; a ESAMAS ou EZAMAS, com capitais de São Paulo; a (sei lá como se chama) faculdade que funciona no Carmo, de propriedade de maranhanses ligados ao Sarney; a FACI, com sérios problemas para pagar nossos parcos salários ou a UNAMA, com o rolo gerencial que não se acaba?

Parabéns pelo equilíbrio do jornalista na condução dos problemas que abalam o setor de ensino no Pará.

Peço desculpas por não identificar-me, pois preciso garantir a integridade de meus ganhos na UEPA, na condição de Professor com Dedicação exclusiva do Cuso de Medicina e na CESUPA, como complemento dos miseráveis salários recebidos como docente.