No AMAZÔNIA:
Sob o argumento de absoluta falta de leitos para atendimento neonatal, a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, referência estadual nesse tipo de atendimento, informou ontem, através de ofício para a Central de Leitos da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), que não poderá receber nenhuma criança recém-nascida durante este final de semana, a contar de ontem à noite até amanhã, vinda de outras unidades de atendimento. No ofício assinado pelo médico Maurício Bezerra, presidente da Santa Casa, ele solicita retaguarda de leitos neonatal, que na prática significa encaminhar os bebês para outros hospitais, alegando 'absoluta indisponibilidade de leitos'. O grande problema é que dos 43 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal credenciados em Belém pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 22 se concentram na Santa Casa, que conta ainda com outros 20 leitos contratados pelo Estado no auge da crise da mortalidade dos bebês, 10 na Maternidade do Povo e 10 na Maternidade Mamaray.
Esses 20 leitos foram contratados apenas para a retaguarda da Santa Casa mas não foram colocados à disposição da Central de Leitos da Sesma, e continuam, portanto, gerenciados pela Regualção do Estado, que fez a mesma solicitação para que os pacientes não sejam encaminhados à Santa Casa, em ofício semelhante, a vários municípios do interior, assinado pelo chefe do Departamento Estadual de Regulação, Charles Tocantins, para que não haja uma demanda muito superior à capacidade de Belém, já que a maior parte dos pacientes do interior chega sem encaminhamento e bate diretamente à porta do hospital. É o caso de pacientes de Ananindeua, Marituba, Castanhal, Barcarena, Moju, Cametá, Abaetetuba, Vigia, São Miguel do Guamá e Tailândia, os dez que encabeçam a lista dos municípios que mais enviam pacientes para Belém.
O grande problema da não aceitação de pacientes, segundo a Sesma, é que a Central de Regulação pode responder apenas por Belém, mas não pelos pacientes que chegam a Belém de outros municípios, uma vez que para recusar pacientes nos hospitais do Estado deveria ser organizada uma força-tarefa da central de regulação do Estado junto aos municípios. Mesmo em Belém é complicado não contar com os leitos da Santa Casa, segundo explica a diretora do Departamento de Regulação da Sesma, Ana Cláudia Albuquerque. 'O risco é grande, porque nós não temos como oferecer e garantir uma retaguarda suficiente para atender à demanda que é específica da Santa Casa, sem o devido planejamento. Vamos fazer o que for possível, porque temos poucos leitos neonatal conveniados ao SUS em outros hospitais filantrópicos de Belém', explica a diretora.
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