sábado, 16 de agosto de 2008

Super-Phelps


Na ÉPOCA:

"Seu filho nunca vai se focar em nada”, vaticinou a professora de uma escola primária de Baltimore, nos Estados Unidos, à mãe do menino, Debbie Phelps. Michael Fred era um menino orelhudo que sofria de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. Não parava quieto nas aulas. Passava o tempo provocando os coleguinhas. Certa vez, bateu num deles no ônibus escolar e tomou uma suspensão. Só se interessava por lacrosse – um exótico esporte praticado nos Estados Unidos e no Canadá, uma espécie de basquete com redes de caçar borboletas – e pela página de esportes do Baltimore Sun, o jornal local. Nessa época, Debbie, ela própria professora, estava se separando do pai de Michael, Fred, um policial.
O menino crescia rapidamente – bebezão nascido com 58 centímetros e 4,3 quilos, chegaria a 1,93 metro quando adulto. Aos 7 anos, Michael trocou o lacrosse pela natação, inspirado pelas irmãs mais velhas, Hilary e Whitney, ambas nadadoras de competição. Whitney quase se classificou para as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, mas sucumbiu a uma hérnia de disco. No início, Michael não gostava de treinar, mas aos poucos as coisas começaram a mudar. Aos 11 anos, ele resolveu parar de tomar pílulas para controlar a hiperatividade – o medicamento era administrado na escola e o fazia sentir-se diferente dos outros. Ele disse à mãe que queria superar o problema sem a ajuda de remédios. Nessa época, já era um dos melhores nadadores dos Estados Unidos em sua faixa de idade. Seu técnico, Bob Bowman, previu que ele bateria recordes mundiais dali a 12 anos, nos Jogos Olímpicos de 2008.
Bowman, até hoje o treinador de Phelps, errou feio a previsão – para baixo. Até a sexta-feira passada, seu pupilo havia quebrado 31 recordes mundiais. Já em 2000, aos 15 anos, o adolescente disputava as Olimpíadas pela primeira vez (ficou em quinto lugar nos 200 metros borboleta). Em 2004, ganhou seis medalhas de ouro e duas de bronze nos Jogos de Atenas. Quatro anos depois, em Pequim, tornou-se o maior campeão da história das Olimpíadas. Até esta sexta (12), tinha conquistado sete medalhas de ouro em suas sete primeiras provas, elevando a 13 o total na carreira e estabelecendo novos recordes mundiais em todas. Resta apenas uma final – o revezamento 4 x 100 metros quatro estilos – para que ele alcance oito medalhas de ouro e quebre o recorde de uma única edição dos Jogos, estabelecido em 1972 por Mark Spitz, outro nadador americano. “É hora de alguém me suceder”, disse Spitz, que se encontrou com Phelps em julho, durante a seletiva olímpica dos Estados Unidos.
O sucesso de Phelps se deve em grande parte, claro, à genética, como evidencia o dom que ele e as irmãs sempre tiveram para a piscina. Seu físico é naturalmente perfeito para a natação. O corpo lembra a forma de um peixe. Tem articulações flexíveis e enormes mãos que parecem pás. Ter nascido no país com a melhor estrutura para detecção e lapidação de talentos esportivos também ajudou – uma vez bem-sucedido em competições escolares, Phelps seguiu naturalmente o caminho que o levou à equipe olímpica americana. Mas essa história de sucesso também se deve a qualidades ao alcance de qualquer um de nós.

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