terça-feira, 26 de agosto de 2008

Justiça e anistia

No blog de Marcelo Coelho, sob o título acima:

Pode ser arriscado rever a Lei da Anistia, mas de uma coisa tenho certeza: se eu tivesse sido torturado, não perdoaria ninguém. E que dizer de quem teve os filhos, os irmãos, os pais assassinados dentro de uma cela, nas mãos dos carrascos do regime?
A menos que, envolvido em ações terroristas, eu agora me arrependesse de algum crime, acho que não descansaria antes de ver os torturadores pagarem pelo que fizeram.
Esta seria minha atitude pessoal, que tem pouco a ver com as imposições da realidade política, ou com a lógica dos custos e dos riscos de minha vingança. Falo “vingança” mesmo; a palavra não me atemoriza.
Posso, portanto, compreender perfeitamente que do ponto de vista político, da estabilidade institucional, etc., não se deva atiçar irresponsavelmente as reações de grupos militares. Do ponto de vista jurídico, Tércio Sampaio Ferraz Jr. escreveu na “Folha” um artigo esclarecedor sobre o que significou a anistia, e aponta, sem ser nenhum defensor dos militares, o equívoco que há nas intenções de punir os torturadores agora.
Fora do âmbito da lei e da política, estariam entretanto os meus sentimentos –de indignação, de nojo e de rancor. São os que movem alguém disposto a fazer justiça com as próprias mãos, correndo assim o risco de ser preso e julgado por suas atitudes. Imagino-me, a despeito de toda minha prudência e espírito conciliador, enfrentando esse risco, disposto a pagar com nova prisão pelo meus atos de vingança. Por sorte, não estou nessa situação, e meu horror aos torturadores se aplaca em mero desprezo.

Para ler na íntegra, clique aqui.

3 comentários:

Anônimo disse...

Correto.
Assim mesmo devem se sentir, também, as famílias dos inocentes vítimas de atos terroristas do outro lado.
Ambos deveriam pagar pelo que cometeram.

Poster disse...

Sim, Anônimo.
Uma questão de eqüidade.
Violência é viol}ência.
Abs.

Anônimo disse...

Quem são as "inocentes vítimas de atos terroristas do outro lado"? A se crer no anônimo das 14:32, a cruel, criminosa e injustificável ditadura militar que tomou conta do País em 1964 foi um puro ato de bondade, a combater o terrorismo que grassava Brasil afora. Saiba o anônimo que os poucos atos terroristas que aconteceram depois de 64 foram uma resposta ao terrorismo implantado pelos militares. Enquanto a tortura era ato comum, diário e houve aos milhares, com o apoio e aplausos de líderes como Jarbas Passarinho. Se houve algum ato de tortura cometido pelos que combateram a ditadura, que sejam apontados e seus agentes condenados, assim como os já apontados e auto-anistiados pela ditadura militar. Mas vir com esse papo de inocentes mortos pelo outro lado, é papo de gente da tortura querendo livrar o seu. Tortura, em qualquer regime, é crime contra a humanidade e não pode ser alcançada por nenhuma anistia. Jurista que defende a "lei" promulgada pelos ditadores para se auto-blindarem no futuro não é jurista, é fascista.