domingo, 24 de agosto de 2008

Campanha contra Belo Monte ganha o mundo

Está no ar o site Rettet den Regenald e.V, ou Salve a Selva, em bom português. Aceita doações. O dinheiro deve ser mandado para o exterior, segundo endereços que constam do site.
O Salve a Selva foi criado para tentar barrar a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. “Este projeto ameaça vários povos indígenas, ribeirinhos e uma biodiversidade importante com florestas tropicais, mata ciliar e praias exorbitantes. A energia hidroelétrica não é uma energia limpa!”, defende o site, que faz referência ao Encontro Xingu Vivo para Sempre, em maio passado, em Altamira.
O site suplica: “Por favor, ajude esta campanha contra Belo Monte e outras barragens na Amazônia. Participe desta ação de protesto. Não deixe que o governo do Brasil junto com grandes empresas internacionais destruam a sua riqueza cultural e natural, o seu futuro. Envie uma carta pessoal ao presidente do Brasil ou use a carta abaixo.”
A carta abaixo, mencionada pelo site, está prontinha. Você, se concordar com ela, só tem o trabalho de mencionar os dados que aparecem no formulário.
É a seguinte o teor da carta endereçada à Presidência da República:

-------------------------------------------

Ao
Excelentíssimo Sr. Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
Brasília

Prezado Excelentíssimo Sr. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,

com consternação eu recebo a informação de que o seu Governo quer construir a barragem Belo Monte no Pará. Eu estou muito preocupado com o futuro da Amazônia e seus povos tradicionais. A construção das barragens na Amazônia e especialmente no rio Xingu não é um desenvolvimento sustentável. Ao contrário estas barragens destroem os rios, as matas ciliares, as terras férteis e o futuro de milhares de pessoas, e destroem também as culturas indígenas e tradicionais que precisam do rio Xingu vivo como uma artéria da vida.
A energia hidroelétrica não é uma energia limpa.
Por isso em maio de 2008 quase mil pessoas de vários povos indígenas e populações tradicionais, como ribeirinhos, se encontraram - como em 1989 - em Altamira para manifestarem-se contra o projeto Belo Monte. Na carta deles de protesto “Xingu Vivo para Sempre” esta escrito:
Estamos cientes de que interromper o Xingu em sua Volta Grande causará enchentes permanentes acima da usina, deslocando milhares de famílias ribeirinhas e moradores e moradoras da cidade de Altamira, afetando a agricultura, o extrativismo e a biodiversidade, e encobrindo nossas praias. Por outro lado, o barramento praticamente secará mais de 100 quilômetros de rio, o que impossibilitará a navegação, a pesca e o uso da água por muitas comunidades, incluindo aí várias terras e comunidades indígenas... Não admitiremos a construção de barragens no Xingu e seus afluentes, grandes ou pequenas, e continuaremos lutando contra o enraizamento de um modelo de desenvolvimento socialmente injusto e ambientalmente degradante.
Belo Monte vai mudar o Rio Xingu, vai destruir florestas e matas ciliares e a biodiversidade do Rio. Já as grandes barragens Balbina e Tucurui foram um desastre ecológico e sociológico para o meio ambiente e a população local e global. Por que é uma grande mentira de que a energia das usinas hidrelétricas é uma energia limpa e que não contribui para o “efeito estufa”. A verdade é o contrário. Barragens especialmente nos países tropicais como Brasil emitem grandes quantidades de gases do efeito estufa. Em um estudo publicado em “Estratégias de Mitigação e Adaptação para a Mudança Global”, o cientista Philip Fearnside, Pesquisador Titular do Departamento de Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), estima que em 1990 o efeito estufa de emissões na barragem de Curuá-Uma, no Pará, era maior que três e meia vezes do que seria sendo produzido em geração da mesma eletricidade por óleo diesel. Geralmente as barragens hidroelétricas nos rios produzem doses significativas de dióxido de carbono e metano, e em alguns casos produzem mais gases que agravam o efeito estufa do que as termoelétricas que usam combustíveis fósseis.
Prezado Sr. Presidente Lula da Silva, por favor, não pense que esta carta é uma carta contra o Brasil. Ao contrário: Eu respeito profundamente a integridade territorial do Brasil e a sua soberania. Mas, em nome de seu povo e da biodiversidade de seu país maravilhoso, pare com o projeto Belo Monte. Ouça e respeite os protestos do povo do Xingu contra o projeto Belo Monte. "O rio Xingu vivo para sempre!"

4 comentários:

Anônimo disse...

É mesmo, tem razão o autor da carta. Que tal, então, construir uma usina nuclear naquele lugar?

As Ongs sempre terão em mente a efetivação da dependência econômica dos países subdesenvolvidos aos seus. Duvido que exista uma ong financiado com dinheiro africano, asiático (parte pobre, é claro) ou coisa parecida.

Outra coisa: não é estranho que o dinheiro tenha quer ser depositado no exterior, no lugar de ficar logo por aqui, em Altamira, de preferência, local onde querem construir a usina? Por que não vão morar em Altamira, gerando emprego e renda e de lá fazem seus protestos para o mundo? Cuidado!!! Cuidado mesmo!!! Aliás, todo cuidado é pouco.

Outra coisa, me lembrei: vão cuidar das terras de vocês, onguianos, vão cuidar dos nazistas que ainda existem na Alemanha e das prostitutas e drogados que existem na Holanda (onde a droga corre frouxa) ou, se foram mesmo corajosos, vão protestar contra o Bin Ladem lá no Afeganistão (duvido?).

Abraços

Quem decido sobre o Brasil é o brasileiro.

Anônimo disse...

Caro Paulo,

a xenofobia contra as ONGs em nada contribui para eese debate. É o caso de perguntar ao comentarista se, pelo seu raciocínio, devemos encampar campanhas pela volta da Volkswagen para a Alemanha, da Coca-Cola para os EUA, etc. e tal.

Mas, se vc permite, eu tambem quero escrever uma carta ao presidente. Assim:

Excelentíssimo Sr. Presidente Luiz Inácio da Silva:

Desde que o senhor era aspirante a dirigente sindical, eu admirava sua inteligência e vivacidade e felizes circunstâncias me permitiram acompanhar sua ascensão quando oposição sindical em São Bernardo e a vitória da sua chapa sobre a de Paulo Vidal, então sob suspeita de ser um dirigente sindical a serviço dos órgãos de repressão, dúvida que, ao que eu saiba, nunca se confirmou.

Daí pra frente, acompanhei - e pude ainda votar em V.Excia. como candidato ao Governo de São Paulo, em mim novecentos e nada (desculpe, mas estou com preguiça de precisar data) - e votei em no senhor todas as vezes que se candidatou a Presidente da República, com uma única exceção, a bem da verdade: quando Mário Covas foi candidato, votei nele no primeiro turno e no senhor no segundo. Mas, não votei em 2006. Aliás, em 2006 nenhum candidato mereceu meu voto para presidente.

Em 2006não votei em ninguém, porque seus quatro primeiros anos de governo foram suficientes para me mostrar que eu havia cometido um terrível engano. Porque, na verdade, eu não votei no senhor em 2002 para salvar o Brasil. Votei porque acreditava que seu governo seria capaz de começar a reequilibrar a terrível balança do desequilíbrio regional.

Em 2002, eu até fui a Brasília assistir sua posse. Eu estava lá, no gramado, porque achei que a minha geração merecia aquela vitória. Esperei uns meses, aquele tempo que a gente espera porque sabe que não é fácil tomar as rédeas de um país com séculos de desvios éticos, morais, políticos, sociais. Para não aborrecer o senhor, não vou falar dos mensalões, cuecões, etc. e tal. que foram desanimadores nos quesitos ética, moral e política. Tá certo que o senhor não inventou a corrupção, mas que deu-lhe asas longas, lá isso deu! Mas, nos dois primeiros anos eu ainda apostava que sua eleição era o começo de um novo giro na roda do Brasil-que-faz para o Brasil-que-também-faz-muito,

O tempo passou e continuei esperando um sinal, por pequeno que fosse, de que o norte do Brasil deixaria de ser pano de fundo para discursos. Porém, a rota estava mantida. E continuamos fazendo do crescimento um caminho de sofrimento para três quartos do país. No nordeste, o Sr. mandou plantar mamona para o biodiesel e agora parece que a Ecodiesel virou uma vulgar "atravessadora", que coleta a mamona dos pequenos produtores e a revende à indústria química, enquanto produz diesel de soja,que é muito mais rentável.

Aqui, o senhor protege os interesses da Vale, de todas as formas. Permite até que o INCRA, essa massa falida que se sustenta em cima da reforma agrária que nunca fez, cometa arbitrariedades a favor da empresa. Porque afinal o que a VALE faz, ninguém faz: enche a burra do tesouro de divisas, tão necessárias para o senhor garantir o superavit primário à custa de um desenvolvimento sustentável. Isso sem falar na explosão de ganhos do sistema financeiro.

Pois, é. Eu não estou choramingando por Belo Monte ou Feio Monte. Eu estou aproveitando esta chance para lamentar que, com o Senhor, perdemos de vez o bonde da história.

Atenciosamente
Alice no País das Maravilhas.


Um abraço, caro Poster.

Poster disse...

Bia,
Desta vez, não há "ques" em excesso ou em falta. E nem que tivesse.
Vou levar o comentário à ribalta.
Abs.

Anônimo disse...

Olá Bia, é o comentarista do topo, tudo bem?

A idéia de mandar as multinacionais de volta sei lá pra onde é sua e não minha. Basta ler seu comentário para perceber o ódio que vc cultua pela Vale (que hoje é multinacional). A respeito, transcrevo parte do referido comentário: "... Aqui, o senhor protege os interesses da Vale, de todas as formas. Permite até que o INCRA, essa massa falida que se sustenta em cima da reforma agrária que nunca fez, cometa arbitrariedades a favor da empresa. Porque afinal o que a VALE faz, ninguém faz: enche a burra do tesouro de divisas, tão necessárias para o senhor garantir o superavit primário à custa de um desenvolvimento sustentável. Isso sem falar na explosão de ganhos do sistema financeiro."

Prezada senhora, serei sempre contra a opinião de ONGS, onguianos e comentaristas com hábitos estrangeiros e que queriam meter o nariz onde não sabem ou dizem saber mais do que os outros.

Se o medo das ONGS estrangeiras não acrescenta nada ao debate, manos ainda a sua atitude de falar mal do Lula e da Vale.

Aliás, seria bom provar as acusações feitas contra o INCRA, dar nomes etc. Aí sim vc estaria fazendo algo de bom para o Pará e para o Brasil.

Outra coisa: a Vale, hoje, gera cerca de 44.000 empregos (diretos e indiretos), a volks, GM, etc devem gerar outras centenas de milhares ou, quem sabe, milhões.

A ONG estrangeira comentada leva os recursos dos brasileiros desavisados para o exterior e não sabemos os resultados.

Poderia escrever bem mais. Mande daí que eu mando daqui, de novo, se for o caso....

Boa noite.

Meu nome é Enéas!!!!