quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

O estado tem que nos proteger. Ele sim, deve ter arma. Nós, não.


Tenho pavor de violência. Já fui, inclusive, assaltado duas vezes.
Outra vez, a poucos metros de uma banda do Exército – sim, do Exército – num Dia da Raça.
Ambas as vezes, em plena Praça Batista Campos, um dos logradouros mais centrais e frequentados de Belém.
Ainda que tenha pavor da violência e de bandidos, também tenho pavor de armas. Como a que foi encostada no meu peito, numa das vezes em que fui assaltado.
Sim, reconheço ter o direito à legítima defesa. Mas também tenho direito de exigir que o estado me proteja, de forma a reduzir ao mínimo a possibilidade de que eu precise lançar mão de uma arma para me defender.
Por isso, esse decreto que facilita a posse de armas é um horror. É tão horroroso quanto a violência que nos põe na condição de permanentes reféns - inclusive do estado que não nos protege.
E haja falácias.
E haja argumentações tortuosas, como falar em liquidificador que machuca dedo de criancinha.
Uma delas: a de que uma faca, por exemplo, também é usada como arma por bandidos e nem assim precisaria de autorização legal para posse ou porte.
Céus!
Por essa tese maluca, vamos eliminar os grampos, os alfinetes, as agulhas, os garfos – sim, gente, os garfos – e outros quaisquer instrumentos pontiagudos ou cortantes que temos em casa. Porque eles também poderão ser usados como armas!
É isso?
Claro que não é.
Tem mais: isso de dizer que nos Estados Unidos é assim ou assado, o que importa?
E porque lá existe um princípio de que o cidadão dispor de uma arma em casa – apenas em casa – é uma forma de “garantir a democracia” (hehe), nós também precisamos seguir uma maluquice como essa?
Maluquice é maluquice, violência é violência – aqui, nos Estados Unidos, em qualquer lugar.
O que temos, com esse decreto, é a concretização de medida das mais escabrosas, que mal consegue disfarçar uma confissão da falência do estado em nos proteger, isso sim.
Se o estado não nos protege, nós é que vamos nos proteger.
É só puxar a arma que está no cofre, apontar e engatilhar.
E seja lá o que for!

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