segunda-feira, 10 de outubro de 2022

"Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé / Manda o Bolsonaro embora". E Janja, sem fazer o "L" no Círio.

Janja da Silva na Varanda da Fafá: contida e cautelosa, para não parecer que estava
fazendo proselitismo eleitoral para Lula durante o Círio (imagem do UOL).

Bolsonaro, a representação perfeita e sem retoques da confusão, do ódio, da empulhação, do embuste, da ignorância, da insensatez e da ousadia criminosa, esteve em Belém, no último final de semana, e enfiou-se - repito, para não ensejar dúvidas entre os bolsonaristas, enfiou-se - na Corveta Garnier Sampaio, para acompanhar a Romaria Fluvial.
Enfiar-se, no sentido mencionado, é o seguinte: ele não foi convidado pela Igreja Católica do Pará, que organiza a maior manifestação religiosa dos paraense, para participar da Romaria Fluvial, mas ingressou na corverta que conduz a Imagem Peregrina, mesmo sem ter sido convidado, porque a corveta é da Marinha, e o presidente da República, sabemos, é o comandante em chefe das Forças Armadas. Pode, portanto, entrar em ambiente que tais sem pedir licença.
Foi o que ele fez.
Feito isso, Bolsonaro, postado a poucos metros da Imagem Peregrina e na condição de candidato à reeleição, exibiu-se afrontosamente, mas também despudoradamente, acenando para simpatizantes que estavam em outras embarcações e fartando-se de fazer proselitismo político-eleitoral.
E Janja da Silva, a mulher de Lula, que também esteve aqui, participando da Trasladação e do Círio sem o marido, que preferiu não vir para evitar que o acusassem de fazer o que Bolsonaro fez?
O Espaço Aberto pediu a duas fontes que estiveram na Varanda de Fafá de Belém, no Boulevard Castilhos França, para que observassem detidamente a conduta da mulher do candidado petista nas duas procissões - tanto na Trasladação como no Círio. Ambas as fontes não têm vinculações políticas e nem eleitorais.
O que elas informaram ao blog é que Janja portou-se com extrema cautela, para indicar claramente que estava na Varanda de Fafá como cidadã, como uma convidada e não como pessoa próxima - e mais do que isso, íntima - de um candidato a presidente que teria vindo representá-lo e pedir votos ao marido.
As duas fontes mencionaram um fato que lhes pareceu marcante: Janja evitou até mesmo de fazer o famoso L com as mãos, símbolo que se identifica com a campanha de Lula. E relataram um fato emblemático.
"Manda o Bolsonaro embora" - Segundo as informantes do blog, durante o Círio, logo depois que a Berlinda passou, em dado momento o cantor e compositor Arthur Espíndola começou a cantar o pagode Tá Escrito, do Grupo Revelação, que tem um refrão ótimo: Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé / Manda essa tristeza embora / Basta acreditar que um novo dia vai raiar / Sua hora vai chegar.
Pois esse refrão tem aquela paródia, como sabemos, igualmente ótima: Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé / Manda o Bolsonaro embora / Basta acreditar que um novo dia vai raiar / Sua hora vai chegar.
Quando chegou o momento desse refrão, conforme relato ouvido pelo Espaço Aberto, muitos que estavam na Varanda e muitos romeiros que passavam em frente esqueceram o refrão original da música e passaram a cantar a paródia contra Bolsonaro, com a participação entusiasmada, dentre outros, do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e da ex-secretária da Cultura de Helder, Úrsula Vidal.
Pois até nesse momento, asseguraram as fontes ao blog, Janja se manteve contida, limitando-se a sorrir, acenar para as pessoas e dançar um pouco, mas sem fazer o gesto do L, como todos estava fazendo.
Se foi assim, confirma-se aquilo que o Espaço Aberto já registrou em comentário anterior: que qualquer pessoa, inclusive Bolsonaro, poderia e pode participar tranquilamente do Círio.
No caso de Bolsonaro, até ele mesmo pode, se quiser, criar um Círio só pra ele e seus seguidores. Basta chamar o Padre Kelmon para puxar a romaria dos puros e imaculados, e pronto. Nenhum problema nisso.
Mas usar o Círio de Nazaré, o de todos os paraenses, como ele usou, enfiando-se na mesma corveta que conduzia a Imagem Peregrina, apenas para afrontar a Igreja Católica, que não o convidou para o ambiente, e para mostrar que pode tudo - ou quase tudo - porque é o presidente da República, fazer tudo isso, enfim, é típico de Bolsonaro.
É típico de quem - repita-se, para ficar bem registrado - é a representação nefasta da confusão, do ódio, da empulhação, do embuste, da ignorância, da insensatez e da ousadia criminosa.

2 comentários:

Mirika Bemergui disse...

Por TUDO que ele já disse ou faz questão de mostrar...não existe dúvida alguma que Bolsonaro reúne TUDO E MAIS UM POUCO do que NÃO PRESTA em uma criatura com aparência de humano...É SEM DÚVIDA UM LIXO PODRE !!Que tem que ser varrido da sociedade brasileira...Sua hora vai chegar...breve!!!

Anônimo disse...

Isso é a demonstração que Janja fez para com o Círio: respeito, deixar a fé do povo dominar essa grande procissão.