É isso, meus caros.
O Paysandu está rebaixado para a Série C, um ano depois de ter subido para a Segundona.
Desde que começou a Série B, ouvimos coleguinhas e torcedores dizendo o seguinte, em resumo resumidíssimo: que os grandes culpados pelo rebaixamento do time bicolor foram os jogadores de fora, contratados a rodo, em vez de se aproveitar aquilo a que chamam de prata da casa, os atletas paraenses, formados por aqui mesmo.
Deixemos de lenga-lenga.
Deixemos de conversa fiada e falemos claro, em português - de Portugal e do Brasil - nada castiço.
É o seguinte: é uma de hipocrisia sem fim esse discurso de que mercenários, aventureiros e mais afeitos ao corpo mole são os atletas que vêm de fora e, por isso, deveriam ser rechaçados em favor dos de casa, sempre mais empenhados, mais profissionais, com um acendrado, agudo, incomparável sentimento de paraensismo.
Hehehe.
Acreditem vocês, se quiserem.
Porque o fato é que, para o pessoal aqui do blog que gosta de futebol, há uma verdade e um princípio imutáveis, pelo menos até agora.
A verdade: picaretas, mercenários, falastrões, pernas de paus e outras cositas mas existem do Pará ao Rio Grande do Sul, da Paraíba ao Acre. Existem em todos os quadrantes do país. Eles não têm nacionalidade e nem naturalidade definidas.
O princípio: Remo, Paysandu e Íbis - que dizem ser o pior time do mundo - devem contratar quem é bom, meus caros, não importando se os caras são pratas da casa ou pratas de fora. Não importa.
O verdadeiro e essencial é que Remo, Paysandu e qualquer clube paraense forme times dentro de orçamentos compatíveis com suas aspirações e recrutem atletas que contemplem tais aspirações.
Se os atletas são paraenses, gaúchos, pernambucanos ou do Afeganistão, não importa.
Agora, o que é de uma chatice sem fim é ler e ouvir coleguinhas pretendendo ganhar medalhas de honra ao mérito de paraensismo e ficarem por aí, proclamando que os times paraenses estão como estão porque importam muitos jogadores, preterindo a tal prata da casa.
Conversa fiada.
Só por aqui mesmo é que ouvimos essa lenga-lenga - enfadonha, ridícula, chata e despropositada, como todas as lenga-lengas.
Vocês quem ver uma coisa, para acabar com essa imbecilidade?
Qual foi a última grande conquista do Paysandu?
Ao que parece foi em 2002, quando ganhou a Copa dos Campeões, que o levou a disputar a Libertadores.
Qual era a formação-base do Paysandu?
Era a seguinte: Marcão; Marcos, Gino, Sérgio e Luís Fernando; Sandro, Rogerinho, Jobson e Vélber; Jajá e Vandick.
Quantos, desse 11 jogadores, eram paraenses? Apenas três - Sérgio, Jobson e Vélber.
Só três, meus caros. Oito jogadores era de fora. Oito.
E se o Paysandu perdesse aquele título? Aí viria a lenga-lenga: é porque tinha muito mercenário que vem de fora; se fosse a prata de casa...
E agora?
Se o Paysandu escapasse do rebaixamento, os mercenários, aventureiros e pernas de pau de agora percorreriam as ruas de Belém em carro aberto, para delírio da torcida bicolor e para regalo dos coleguinhas.
Como o rebaixamento se consumou, os caras que vieram de fora não passam de refugo, de rebotalhos. Não passam, enfim, de tudo o que não presta.
Querem outro exemplo?
O Cruzeiro, campeão brasileiro.
O time do Cruzeiro que jogou a partir contra a Vitória-BA, no dia 13 de novembro, quando se sagrou tricampeão brasileiro, foi formada assim: Fábio; Mayke, Dedé, Léo e Egídio (Everton); Leandro Guerreiro, Lucas Silva e Ricardo Goulart; Willian, Dagoberto (Tinga) e Borges (Júlio Baptista).
Anotaram?
Pois anotem aí quantos desses jogaodores aí são mineiros, quantos era prata da casa. Sabem quantos?
Dois, meus caros. Apenas dois: Mayke e Léo.
Vocês duvidam? Então cliquem aqui e vejam no site oficial do próprio Cruzeiro.
Olhem, meus caros, o pessoal aqui da redação, que não esconde suas preferências azulinas, suplica aos donos de plantão que dirigem o Remo: queremos um time bom, competitivo.
Não fazemos a menor questão de saber da naturalidade ou nacionalidade dos jogadores. Queremos que deem conta do recado e garantam que o Remo, pelo menos, dispute a Série D no próximo.
O resto é lenga-lenga.
O resto é hipocrisia.
O resto é imbecilidade.
E por último, mas não menos importante, o resto é falso paraensismo.
Pronto. Falamos.
3 comentários:
No meu entendimento, o problema de times como o Paysandu , Remo, e outros Brasil afora não é tanto o naipe dos jogadores, sejam locais ou forasteiros, e sim, de direção.
Não há uma gestão profissional, e sim, na maioria dos casos, verdadeiras quadrilhas que se adonam dos clubes, fazendo negociatas com jogadores, áreas sociais dos clubes, negociando a peso de ouro votos em eleições na CBF e nas Federações Estaduais.
Infelizmente a paixão cega daqueles que gostam de futebol embotoa o discernimento, fazendo com que relevem as más gestões(dolosas) desses péssimos dirigentes, muitos deles com folhas corridas policiais que abrangem boa parte do Código Penal, mas que mesmo assim são "eleitos" para administrar os clubes.
O osso é tão saboroso que ninguém quer largá-lo.
Kenneth Fleming
Perfeito, acabado e muito pertinente!!
Caro poster. Eduardo "33" Ramos teria falado um dos atletas bicolores a aceitar uma proposta azulina. Ora, a denúncia é de um torcedor bicolor influente. Se ele sabia, por que não denunciou? Se ele denunciou, por que a diretoria não tomou providências? Os bastidores do futebol são impensáveis. Não se trata de paraensismo, mas de falta de competência e de experiência dos dirigentes. Outro exemplo? Pirão diz que os bicolores estão prejudicando a vinda do T. Potiguar. Ora, o atleta é do Corinthians de Alagoas e joga na Coreia do Sul. Se algum bicolor atrapalhou a negociação, o azulino tinha que dizer como isto aconteceu. Difícil é ele explicar como alguém atrapalhou a negociação de um jogador que é de outro clube e joga no exterior. São esses dirigentes que nós temos. Série C ainda é muito para o futebol local; D, no máximo. O bicolor será rebaixado e talvez o remo consiga a vaga. O Águia,da C, nem consegue se classificar para o Parazão, é ouro que será rebaixado.
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