sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ninguém é intocável. Nem mesmo Rita Lee. Nem ela.

Vejam só como é a parada.
Na última segunda-feira, de manhã bem cedido, um pouco antes das 7, o Espaço Aberto publicou a postagem intitulada Rita Lee pode dizer o que quiser apenas porque é Rita Lee?
Referia-se às exasperações de Rita Lee durante um show – seu último show – em Aracaju (SE), no último final de semana.
Um trecho da postagem, no final, dizia assim:

Rita Lee, podem crer, não pode fazer e dizer o que bem entende apenas porque é Rita Lee.
Aliás, até pode, mas arrostando as consequências de fazê-lo. Por que não?

Pois é.
No mesmo dia, boiou no G1 um texto do jornalista Zeca Camargo, abordando o mesmíssimo assunto.
Um bom artigo. Intitulou-se Rita Lee pode dizer o que quiser.
Diz o jornalista, na parte final do texto.

No contexto de tudo o que foi dito, não vejo as palavras da cantora como uma provocação – mas sim uma reação. Não estou, de maneira alguma, desafiando eu também as autoridades, nem questionando o que define a sensibilidade desses profissionais (públicos, é bom lembrar) a ponto de considerar um ou outro ataque como “desacato”. A lei e suas interpretações estão aí para isso mesmo – e imagino que o processo vá se desenrolar nos próximos dias, como é de se esperar. O que quero mais hoje aqui é saber da sua opinião: Por tudo que ela representou esses anos todos para mim – e eu diria (sem medo de errar) até para o Brasil! -, eu digo mais uma vez: Rita Lee pode dizer o que quiser. Será que você colocaria um ponto de interrogação nessa frase?

Repita-se uma parte do parágrafo acima: “Rita Lee pode dizer o que quiser. Será que você colocaria um ponto de interrogação nessa frase?”

Sim, o Espaço Aberto pôs a interrogação na frase, antes mesmo de ser feito o questionamento.
E continua a colocá-la, ressaltando-se o seguinte.
Qualquer um – Rita Lee ou não – pode dizer o que quiser.
Qualquer um – Rita Lee ou não –  pode fazer o que quiser. Pode até se equilibrar na ponta de um palito, só para comprovar se o palito aguenta ou não.
Cada um faça da sua vida o que bem entender.
Qualquer um – Rita Lee ou não – pode subir a um palco e, diante de uma multidão, declamar todos os palavrões deste mundo, de A até Z e de Z até A, contra quem quer que seja; contra policiais militares e civis, contra o presidente da República, contra o lateral-esquerdo do Íbis (o pior time do mundo), contra a Luíza que estava no Canadá e já voltou... Qualquer um.
Mas olhem: quem fizer isso deve fazê-lo certo de que poderá sofrer as conseqüências do seu ato.
As leis coíbem essa conduta, entenderam bem?
Ah, mas a lei também coíbe violência policial.
Sim, meus caros, coíbe.
Ah, mais os corruptos fazem muito pior...
Sim, meus caros. Eles fazem.
Mas há leis para punir corruptos.
Ah, porque Rita Lee não é ameaça ao país.
Hehehe.
Caros, as transgressões legais não são puníveis considerando-se se representam ou não uma ameaça o país ou não.
Transgressões legais são transgressões legais. Nessa condição, são puníveis.
E isso vale para Rita Lee, que se exasperou; para os policiais, que supostamente baixaram a pua em seus fãs, vale para qualquer um.
É tudo muito simples.
Muito claro.
Muito óbvio.
O que não é simples, nem claro, nem óbvio é Rita Lee achar que foi uma ofensa levarem-na a uma delegacia de polícia porque ofendeu – e ofendeu violentamente - policiais.
Isso foi uma consequência de seu ato. Uma consequência prevista em lei.
É só isso.
E mais uma coisa: ídolos, heróis, quais sejam, são gente de carne e osso.
Choram.
Riem.
Vão ao banheiro para fazer o que os não-ídolos, os não-heróis fazem.
Os ídolos, os heróis acertam.
Erram.
Dão bons exemplos.
Dão maus exemplos.
Rita Lee é um ícone para todos nós.
Pelo menos aqui para o pessoal da redação do Espaço Aberto, ela é.
Mas Rita Lee deu um péssimo exemplo.
Só quem não é ídolo e que não é herói que pode dar mau exemplo?
Ninguém é intocável.
Nem Rita Lee, ora pois.

4 comentários:

Anônimo disse...

Não vi a Ritinha se ofendendo por ter sido levada à delegacia. Ela até foi de bom grado e deve ter tido uma certa nostalgia do tempo em que a polícia perseguia os hippies na São Paulo dos anos 60/70. Ela também tem sido comedida desde então, até nas poesias e microcontos que costuma fazer no Twitter.

caco ishak disse...

dúvida: qual foi o mau exemplo?

Anônimo disse...

Sabe de uma coisa, seu Espaço?
"Como nunca antes nesse país", o Brasil tá ficando chato, com essa massificação do tal "politicamente (ou ecologicamente) correto".
Os "patrulhamentos" estariam de volta?!
Tudo é levado ,demais da conta, a sério.
Até a tia Rita.
Até o humor e o humorista, pasme, está sendo levado (piada pronta?) a sério!
Tá muito chato, égua!
Daqui a pouco vai ser politicamente incorreto falar dos...políticos também!
Sem interrogações, por favor.

Anônimo disse...

Esse país tá ficando é muito chato, com (quase)tudo sendo levado demais a sério.
Até humor e humorista são levados a sério.
Que saco!
Daqui a pouco vai ser, também, politicamente incorreto falar dos ...políticos!
Xá tia Rita pra lá.