segunda-feira, 19 de abril de 2010
Foi tocado o sino de alerta
É chegado o momento Avatar da política brasileira. Uma história ousada que mostrará a necessidade de se encontrar um equilíbrio entre a desenvoltura e habilidade dos Na'vi tupiniquins que disputarão a eleição para o maior cargo majoritário deste país: José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) serão os protagonistas; os demais, apenas coadjuvantes. A mensagem subliminar é de que a sociedade como um todo deve acordar para os problemas que afligem o Brasil.
Neste início, acredita-se que a situação irá marchar fazendo-se comparações dos anos Lula e FHC, ou seja, tipo plebiscito. Dilma terá que ter muita habilidade, se utilizar de argumentos sólidos e não escorregar, pois seu adversário é bastante rodado e muito experiente.
Serra já foi testado em várias eleições e em funções relevantes como ministro. Dilma é ainda aprendiz de candidata. Isso tem preocupado os integrantes da cúpula da campanha da candidata imposta pelo Nosso Guia, que lhe deram conselhos depois de sua primeira semana expondo-se como candidata sem a costa larga de Lula: diante dos repórteres que a bombardeiam com perguntas no início e no fim dos eventos de que tem participado, a melhor postura é dar respostas curtas, menos prolixas. A avaliação é de que Dilma tem se exposto demais nessas ocasiões, falando muito e, portanto, aumentando o risco de dizer o que não deve.
Enfim, Serra venceu a indecisão. O governador de São Paulo decidiu finalmente partir para uma última tentativa de se eleger presidente da República. Trata-se de uma aventura ousada. Excetuada a vantagem que tem, até agora, nas pesquisas de intenção de votos, as demais variáveis da disputa são adversas para ele. Variáveis que permitem a representantes dos principais institutos de pesquisa deduzir que Dilma é a favorita.
Mas Dilma fala demais. Em sua primeira incursão de campanha longe do colo do Nosso Guia, Dilma comete uma gafe política e constrange os próprios aliados. Dilma escolheu sua terra natal, as Minas Gerais, como cenário para testar seu desempenho. Seguindo roteiro convencional, levantou o velho estandarte dos políticos, a petista colocou crianças no colo, fez promessas a empresários, tomou cafezinho com cidadãos comuns e distribuiu beijos e abraços. Entre lobos e cordeiros, em Minas, Dilma agradou a platéia petista, mas irritou o aliado Hélio Costa ao defender acordo com o PSDB.
Essa fase da campanha da ex-ministra foi planejada para servir como laboratório. Quase nada é feito sem um planejamento prévio. Ao improvisar defendendo o acordo com o candidato de Aécio Neves, foi alcunhada de "Anastadilma" ou "Dilmasia". Costa, é claro, irritou-se e levantou até a hipótese de passar a apoiar Serra, o presidenciável tucano, criando uma chapa apelidada por ele de "Serrélio". Os petistas de Minas, que não querem Costa nem Antonio Anastasia, também se constrangeram com a sugestão da ex-ministra. Dilma foi reprovada no teste de habilidade.
Serra colhe nas pesquisas o resultado de uma passagem pelo Ministério da Saúde (1998-2002), a disputa malsucedida para a prefeitura de São Paulo (1998), uma disputa presidencial sem sucesso (2002), a vitória para a prefeitura de São Paulo (2004) e a conquista do governo de São Paulo (2006). Isso o deixou em cena nos últimos dez anos.
O tucano José serra cativou o terço que jamais votou no Nosso Guia e não vota em petista. A disputa propriamente dita, portanto, será travada num universo de aproximadamente 45 milhões de eleitores, que hoje se alinham a outras candidaturas ou, em sua maioria, estão indecisos. O perfil básico desses brasileiros, segundo a pesquisa, é de gente com pouco acesso à informação, alheia ou desinteressada do que se passa no mundo político e que definirá candidato após a Copa do Mundo.
A estratégia de Serra mais importante está no social e pretende afirmar que a saúde e a educação estão semiestagnadas, e apresentar propostas pontuais para tirá-las da letargia. Ademais, o tucano insistirá também no tema da segurança pública. A criminalidade brasileira se alimenta do contrabando de armas e drogas que passam livremente pelas fronteiras. O alerta já foi dado. No mais, vamos esperar por quem os sinos dobram.
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SERGIO BARRA é medico e professor
sergiobarra9@gmail.com
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