sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ana Júlia: estrategista por uma hora. Apenas uma hora.

A política é feito de dutos, de canais, de pontes.
Dutos, canais e pontes que se interligam.
Na política, as coisas não são estanques, compartimentadas.
Operar na política considerando-se apenas as partes leva, evidentemente, à perda da visão do todo.
Na política, os estrategistas distinguem-se do restante – que nem se fazem notar - quando pensam à frente.
Quando fazem prospecções certeiras a partir de fatos banais.
Quando conseguem juntar as partes e dar-lhes a equivalência do todo, sem perder a noção de que as partes e o todo são, em verdade, são inseparáveis.
Os políticos de escol sabem disso.
Então, vejam só.
A governadora Ana Júlia que foi visitar o deputado Jader Barbalho incorporou a condição de estrategista.
Desgarrou-se, ainda que apenas e tão somente, do nucléolo que sempre a agrilhoou, aferrolhou, acorrentou.
Do nucléolo que sempre a manteve cativa de suas ações – dele, nucléolo, seja bem dito.
Mas numa outra hora, Ana Júlia voltou a ser Ana Júlia.
Apenas e tão somente Sua Excelência a governadora Ana Júlia.
Foi quando Sua Excelência recebeu com honras e rapapés cerca de 60 prefeitos de todas as regiões do Estado que vieram a Belém para se reunir com o presidente da Assembleia Legislativa, Domingos Juvenil (PMDB), a quem foram cobrar celeridade na votação do projeto de empréstimo de R$ 366 milhões. Vejam aí, na foto da Agência Pará, os prefeitos reunidos com o presidente da Assembleia.
Ora, o PMDB vem sendo atacado por segmentos do PT justamente porque se opõe à concessão desse empréstimo.
E todos sabem, até Ana Júlia – por mais incrível que pareça –, que os prefeitos foram mobilizados, incentivados, estimulados a vir a Belém por segmentos do PT que são favoráveis ao desencadeamento de uma, digamos, pressão popular sobre a Assembleia para que os empréstimos sejam aprovados.
Se a Ana Júlia agisse como a Ana Júlia que foi ao presidente do PMDB, tentar reconstruir pontes, tentar reconstruir dutos, teria desestimulado esse movimento.
Pelo menos por enquanto.
Mas não.
Sua Excelência foi estrategista por uma hora, o tempo que durou a visita ao deputado.
Imediatamente depois de se despedir de Jader, pareceu que virou Ana Júlia.
A de antes.
E deu no que deu.
Deu nisto aqui:

Se a governadora procurou o deputado Jader Barbalho e lhe fez chegar uma proposta de alinhamento, o ato consequente deveria ser um armistício eventual: a chefe do Executivo deveria imediatamente determinar o recuo da tropa a qual dera intendência.
O PMDB pode entender o não abortamento deste ato do governo como uma perfídia: uma tática dissuasiva com a intenção de demonstrar musculatura.


Quem o diz?
Quem é o autor dessas apreciações?
Sua Excelência o deputado Parsifal Pontes, líder do PMDB na Assembleia Legislativa.
Leiam aqui. Leiam mais o que ele diz.
E vejam se Sua Excelência a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, não foi mesmo uma grande estrategista.
Foi, sim.
Por apenas uma hora.
Apenas e tão somente uma hora.
Putz!

Um comentário:

Anônimo disse...

É muita estratégia....pra nada.
Se os policiais vão ganhar por arma apreendida....eu quero ganhar por cada aluno que eu aprovar na escola, o mnédico por cada paciente salvo, o delegado por cada bandido preso...
Afinal...todos são iguais perante a Lei...ou não?
Ou os mais iguais vão ganhar somente os 6% de aumento dado pela Vossa Excelencia?