domingo, 20 de dezembro de 2009

Delegada destaca o abandono do poder público no bairro

No AMAZÔNIA:

Há quatro meses à frente da delegacia da Cabanagem, a delegada Isabel Cristina já reconhece dados preocupantes registrados no bairro. De acordo com a supervisora, desde o mês de setembro deste ano, uma média de seis homicídios mensais tem sido registrada.
A policial informa ainda que boa parte dos crimes cometidos no bairro possui envolvimento com o tráfico de drogas, um problema histórico na área. Mas há, também, latrocínios e crimes por encomenda, associados à disputa entre gangues rivais do bairro.
'A verdade é que nós sabemos que o problema aqui é o abandono do poder público. Há somente duas vias pavimentadas, a Independência e a Damasco. As ocupações são irregulares, o policiamento é dificultado', afirma. 'Dessa forma, o tráfico de entorpecentes e a ação de assaltantes só faz se alastrar'.
Apesar da fama, a Cabanagem não figura entre os bairros líderes de ocorrências da Grande Belém. O último relatório do Sistema Integrado de Segurança Pública (Sisp) aponta a predominância de crimes de roubo em bairros como Guamá, Jurunas, Coqueiro e Campina, por exemplo. Mas, a delegada Isabel tem uma explicação para essa ausência. 'Isso se deve, em especial, ao medo das pessoas daqui na hora de registrar ocorrência. Senão o bairro estaria no ‘ranking’. Temos um grande índice de assaltos à mão armada, em especial nas áreas de comércio. Mas a ‘lei do silêncio’ ainda impera por aqui', diz a delegada.
Com um efetivo extremamente reduzido - a unidade estava sem chefe de operações e com apenas um investigador à semana passada - e muito trabalho pela frente, a delegada Isabel, da delegacia da Cabanagem, afirma que o problema não é identificar os principais infratores da área, e sim pô-los atrás das grades. Atualmente, há 17 mandados de prisão preventiva de acusados ainda por cumprir na área.
'Infelizmente, dependemos de efetivo para ir atrás de todos esses bandidos. Faltam policiais para fazermos este trabalho', diz. Outros agentes lotados na delegacia, que preferem não ser identificados, também mencionam ameaças por telefone feitas à unidade como fatores que atrapalham a ação policial no bairro.
Atualmente, a delegacia da Cabanagem está submetida à Seccional Urbana da Marambaia. Isso significa que à noite e nos finais de semana as ocorrências do bairro são registradas por lá. O policiamento ostensivo também depende da 5ª Zona de Policiamento (Zpol) da Polícia Militar (PM), sediada na seccional. A área de cobertura dela, no entanto, é imensa - seus homens atuam nos bairros do Bengui, Atalaia, Jaderlândia e Guanabara, além da própria Cabanagem. São quase 200 mil moradores que dependem diariamente deste destacamento policial.
'Nos finais de semana é uma chuva de ocorrências. A Cabanagem, em especial, sofre com o tráfico e com o difícil acesso da PM e da Civil a algumas áreas de invasão', reconhece o delegado Walter Rezende, titular da Seccional da Marambaia.

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