Com todo o respeito, mas esse episódio da expulsão de uma aluna da Universidade Bandeirantes (Uniban), de São Bernardo do Campo (SP), é uma das coisas mais ridículas, mais exageradas e mais espalhafatosas de que já se teve notícia no âmbito de uma instituição de ensino superior neste país.
Não é à toa que esse incidente está ganhando o mundo.
Está mantendo o Brasil nas manchetes no mundo inteiro.
Por uma coisa absolutamente ridícula.
Não é pra menos.
A moça, Geisy Arruda (na foto), foi expulsa, segundo se diz agora, não porque usava um vestido curto demais, mas porque, de vestido curto, se exibia de forma, digamos, excessivamente provocante pelos corredores e na rampa da universidade.
Olhem aqui o que diz essa estudante, ouvida pelo G1.
Vejam só o que ela diz:
“Se você for com roupa curta mas nem olhar para o lado, seguir reto para a sala de aula, não chama a atenção. Têm meninas que vêm de roupa curta, mas ficam quietas, na delas. O problema foi ficar subindo a rampa, se mostrando.”
Hehehe!
Que coisa impressionante.
Então, combinemos assim: a estudante expulsa poderia até ir para a faculdade nua em pelo; nua, completamente nua.
Aí, ela entrava nua na faculdade, “seguiria reto” para a sala de aula, esgueirava-se pelos cantos para “não chamar atenção”, sentava-se na carteira, “ficava quieta”, “ficava na dela” e pronto.
Nada demais.
Nada de mau.
Aí, uma outra estudante, de calça comprida meio justa, de blusa fechada até o pescoço, também entra na mesma faculdade.
Mas fala com um, fala com outro, dá beijinhos num e noutro, abraços num e noutro, requebra-se além da conta e exibe seus dotes físicos com alguma, digamos, ênfase.
Pronto.
Esta daí vai pra rua, vai expulsa, porque tudo fez para provocar.
É assim?
É inacreditável, mas parece que nesta universidade paulista é assim.
Ninguém é obrigado a gostar deste ou daquele traje.
Isso depende dos conceitos – estéticos, morais e sabe-se lá que outros – de cada um.
E todos são livres para se vestir como bem quiserem.
No caso da estudante, quem achasse que ela supostamente andava de forma provocante, então que nem a olhasse.
Porque assim como a estudante é livre para se trajar como bem entender, os que convivem com ela não são obrigados a gostar do traje, mas devem agir nos limites da civilidade.
E não é civilidade tratar uma pessoa como se fosse um pária, apenas porque se traja diferente de nós.
E sobretudo num ambiente universitário, onde, supõe-se, estão cidadãos mais “esclarecidos”.
A Uniban reviu sua decisão e vai readmitir a aluna.
Menos mal.
Mas a moça, inevitavelmente, passará a ser conhecida com a moça da minissaia que foi expulsa pela Uniban por afrontar os apetites libidinosos de seus colegas.
E esta Uniban?
Jamais, daqui para a frente, será conhecida como Unibam.
Passará a ser conhecida como a universidade que expulsou a garota que usava um vestido curto demais e que andava de forma provocante pelos corredores da instituição.
Putz!
Mas que coisa!
7 comentários:
Blog,
Não será melhor conhecida por universidade Talibã?
Caro Poster,
Ao ler determinados blogs, dentre eles o seu, fico aliviada por perceber que há pessoas de mentes esclarecidas nesse mundo.
Digo isso porque, ao conversar sobre esse caso com pessoas mais próximas, sejam da família, sejam do trabalho, inevitavelmente, ouço comentários do tipo: "ah, mas ela tem cara de ploc"; "ah, mas ela, com certeza, provocava"; "ah, mas ela não se deu o respeito".
Em outras palavras: não se julga mais o ato, absurdo e ridículo, daqueles alunos que segregaram a moça.
Julga-se a moça.
Vamos imaginar que ela gostasse de mostrar, exageradamente, seus dotes, provocando seus colegas. Ela não é livre? É crime ser sensual? Pode, para muitos, parecer vulgar. Eu mesma considero. Mas daí a agir como agiram seus colegas, há uma enorme diferença!!!
Ontem, no Jornal Hoje, a pergunta era em cima da conduta da moça. Em nenhum momento se comentou acerca do direito constitucional à liberdade de ser o que é.
Enfim, acho que não é o caso em si que chama a atenção. É ver o número significativo de pessoas que vivem, ainda, na escuridão.
Abraços.
Essa é a UNITALEBAN, universidade medieval.
Os mesmos taleban-boyzinhos que tentaram condenar à "pena capital" a "infiel despudorada semi-nua", não se furtaram a tentar captar , com seus celulares, as "impuras imagens" da calcinha e das belas coxas da jovem.
Quanta hipocrisia.
Vai ver, alguns desse "puristas" não se chocam quando alguns coleguinhas se reunem para uma troca de idéias turbinadas pela atmosfera de um cigarrinho proibido ou algo mais potente.
Unitaleban, se essa moda pega...
Como disse antes em outro blog, pura babaquice. Coisa de gente que precisa sair do armário. Tomara que a estudante consiga uma boa carreira e uma boa grana pela exibição, esta sim gratuita, oferecida pela UNIBAN, versão nacional do método talibã de ensino. Na pior das hipóteses, quem sabe, até um bom contrato na Playboy.
É ridícula essa historia da Uniban. Mais ridículos são os alunos que protagonizaram esse "escândalo". Mostraram que são retrógrados e preconceituosos.
Imaginem, se essa modo pega aqui em Belém, 20 anos atrás eu teria sido expulsa da UFPa...rs.
Pela dimensão que essa aparente besteira tomou, sou levado a crer que se trata de um grande jogo de marketing. Quem aposta que daqui a alguns dias será anunciado que essa estudante - ploc ou não, mas bem esculhambada, de corpo e cara - vai sair posando nua em alguma revista? Fato é que, na minha geração, geração hippie, dos anos loucos, ninguém jamais daria bola pra ela, nem pro bem, nem pro mal.
Pra mim mais ridiculo que a posição que a universidade tomou é a atitude dessa garota, concordo ao fato da roupa mas ela só está se promovendo com tudo isso, midia, daqui a pouco posa nua. O que algumas pessoas não são capazes de fazer por alguns minutos de fama? Mas relaxa daqui a pouco vem outra com uma história mais ridicula ainda e toma o lugar dessa ai. Aproveite por que daqui alguns meses tomara que todos esquecam essa história e essa garota!
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