E quando todos pensávamos que as coisas em Cuba estariam, digamos, afrouxando, aí mesmo é que as coisas lá em Cuba estão apertadas.
Lembram-se das agressões – brutais, animalescas, selvagens – a Yoani Sánchez, a moça do blog?
Pois é.
Fazem sentido.
Não são justificáveis, é claro.
Mas fazem sentido que tenham ocorrido.
O presidente cubano Raúl Castro (na foto) intensificou a repressão na ilha desde que assumiu o lugar do irmão Fidel.
Quando todos pensavam que a era Raúl Castro representaria, digamos, a distensão, eis que ela se mostram como sinônimo de contração política, se é que vocês querem usar esse termo para designar uma ditadura (selvagem, como toda ditadura).
Informe sobre violações de direitos humanos aponta que pelo menos 40 pessoas foram detidas por "periculosidade social", além dos registros de agressões constantes a dissidentes e duras condições carcerárias.
Vocês pensam que a fonte de informação é a CIA?
Pensam que são os “lacaios do imperialismo” (rsss) que inventam isso?
Pensam que são os “direitistas” - enrustidos ou assumidíssimos?
Pensam que são os “saudosos da ditadura” (a brasileira, é claro)?
Pensam que são aqueles que não compreendem que “Cuba está em guerra” e, estando em guerra, pode até bater, esfolar e até executar no paredón?
Pensam?
Se pensaram, enganaram-se.
Quem diz isso é o relatório "Um novo Castro, a mesma Cuba", produzido pela organização não governamental Human Rights Watch (HRW), um das mais respeitadas e acreditadas no assunto.
Se não acreditam, cliquem aqui para ler o relatório na íntegra.
Depois que acabarem, leiam o “outro lado”.
O “outro lado” é Frei Betto.
Seus livros sobre Cuba, vocês sabem, mostram sempre uma Cuba poucos vêem.
Entre os próprios, o próprio autor.
4 comentários:
Prezado PB,
Achei interessante o título do Relatório da ong HRW "Novo Castro, Mesma Cuba" (New Castro, Same Cuba).
Se Raúl Castro "abrir" o regime, tudo se desmorona em pouquíssimo tempo. Essa minha funda convicção - de que o socialismo é incompatível com a democracia - foi reforçada pela leitura que fiz do livro "1989", do jornalista norte-americano Michael Meyer, correspondente da Newsweek na Europa Oriental e testemunha ocular da queda do Muro de Berlin e do chamado "Efeito Dominó" que lhe seguiu (daí a comemoração dos 20 anos da queda do Muro ter sido marcada com a derrubada de centenas de dominós com a participação alegre do povo alemão e europeu).
Meyer demonstra, claramente, que os regimes do Leste europeu só podiam subsistir sob a forma de ditaduras totalitárias. Quando houve distensão política, o povo foi para as ruas, aos milhares, protestar quase diariamente até que tudo ruisse espetacularmente. Note-se que, do outro lado do Muro de Berlin, os ocidentais pouco fizeram, a OTAN não teve que dar um único tiro em favor daqueles povos oprimidos.
É o drama que vive o regime (ou será dinastia?) dos irmãos Castro, obrigados a falar em abertura, mas, na prática, incapazes de realizá-la, pois isto significaria o fim do regime.
Recomendo, portanto, a leitura de "1989", da editora Zahar (chega a ser surreal o desespero dos comunistas da Alemanha Oriental em tentar conter o movimento popular em direção ao Oeste; digno de nota também a atuação dos húngaros no processo que resultou na demolição do comunismo do Leste europeu, sobretudo quando decidiram abrir suas fronteiras com a Áustria, o que permitiu a fuga em massa dos alemães orientais antes mesmo da queda do Muro).
Por fim, faço uma última observação em forma de pergunta: por que será que a esmagadora maioria das ongs sérias tem sede nos EUA e não em Cuba, China ou Venezuela?
Abraços.
Prezado PB,
Yoani Sánchez (sempre ela!) fez perguntas a Obama e a Rául Castro sobre as relações Cuba-EUA. E Obama as respondeu - está no blog dela. É imperdível - não deixe de lê-las!!!
Falta, agora, Raúl responder.
Mas acho que só vai responder no dia de São Nunca, pois o exercício do diálogo não faz parte do repertório político comunista.
Cuba: Pinochetista da HRW abastece a mídia com calúnias
http://www.vermelho.org.br/blogs/outroladodanoticia/?p=11769
Essa é a autêntica "Ilha da Fantasia"!
Só a esquerda festiva mesmo é que acredita no tal "paraíso".
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