quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Santarém no mundo musical


VICENTE MALHEIROS DA FONSECA

Em 21.8.2008, foi realizado um concerto no Auditorio da Torre das Telecomunicaciones de ANTEL, em Montevidéu (Uruguai), em homenagem ao centenário de nascimento da compositora santarena Rachel Peluso (1908-2005), organizado pelo maestro e pianista uruguaio Júlio César Huertas Scelza, com participação dos barítonos Eduardo Garella (uruguaio) e Ulrich Schrader (alemão, radicado no Uruguai), sob os auspícios da Embaixada do Brasil no Uruguai e do Instituto Cultural Uruguaio Brasileiro.
No concerto, músicas de Rachel Peluso e obras escritas em sua homenagem, como a valsa Rachelina (José Agostinho da Fonseca; letra: João de Jesus Paes Loureiro), Espera sem fim (Arnaldo Rebello) e as minhas Valsas Santarenas nºs. 39 e 41, peças tocadas em primeira audição mundial e dedicadas à minha professora de piano e à sua irmã Gioconda Peluso, soprano, ambas santarenas.
Em outubro próximo, idêntico concerto será realizado em Rivera (Uruguai) e Santana do Livramento (RS, Brasil).
No mesmo dia 21 de agosto, outra compositora santarena, Renée Fonna Sizudo, lançou o CD Lorca-Sizudo, com músicas que compôs para 11 poemas de Federico Garcia Lorca, na Livraria Cultura, em São Paulo. Ela mesma interpreta as suas canções.
Renée (filha do fotógrafo Apolônio e sobrinha dos músicos Raimundo e João Fonna, que também era pintor) me revelou, por telefone, que teve a satisfação de ser acompanhada, ao piano, por meu pai Wilson Fonseca em recitais no Centro Recreativo, em Santarém, quando criança, pois desde cedo demonstrou talento para o bel canto.
Recentemente, o Coral FIT – Faculdades Integradas do Tapajós, de Santarém, gravou músicas de compositores santarenos, como o samba Cuias de Santarém (Raimundo Fonna e Felisbelo Sussuarana), da Revista Teatral Eu vou Telegrafar (libreto de Felisbelo), exibida no extinto Theatro Victória, de nossa terra querida (1925).
Em 19 de agosto, o violonista Maurício Gomes, que mora em Barcelona (Espanha), onde estuda na Escola Superior de Música de Catalunha, fez um concerto em Fortaleza (CE), em cujo programa figuraram obras de três gerações da família Fonseca: a valsa Rachelina (José Agostinho da Fonseca), a canção Lua Branca (Wilson Fonseca) e a minha Valsa Santarena nº 1, todas com arranjos que escrevi para violão.
Ainda em agosto, o ciclo de canções, que venho compondo em homenagem a cantoras líricas, foi acrescido da Canção para Adriane, dedicada à soprano paraense Adriane Queiroz. Ela reside na Alemanha, tem participado do Festival de Salzburg; integra o corpo solista do Staatsoper de Berlim (onde trabalha com regentes do porte de Daniel Baremboim, Kent Nagano e Fabio Luisi); e atuou como Ceci na ópera Il Guarany (Carlos Gomes) e como Mimi na ópera La Bohème (Puccini), em 2007-2008, no Theatro da Paz; além de fazer o solo, no papel de Mater Gloriosa, em CD duplo da Deutsche Grammophon, na 8ª Sinfonia de Mahler, sob regência do famoso maestro francês Pierre Boulez.
E agosto terminou com o convite do professor venezuelano Jesus Alfonzo (principal violista da Flagler Symphony Orchestra e pós-graduado da Juilliard School of Music) solicitando-me a remessa de obras musicais que compus para Viola, a fim de que ele possa executar, transmitir aos seus alunos e incluir na coleção da biblioteca da Stetson University, DeLand, Florida (USA), onde mora. Tudo começou com o meu Chorinho Pai D’Égua, Trio para Soprano, Viola e Piano (1970-2005). Depois eu conto...

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VICENTE MALHEIROS DA FONSECA é magistrado, professor e compositorArtigo publicado no jornal “Uruá-Tapera - Gazeta do Oeste”.

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