sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Édson Franco renuncia. Como será a Unama sem ele?

A Universidade da Amazônia (Unama), a maior e mais antiga instituição de ensino superior privado do Pará, está sem reitor. Oficialmente, está.
O professor Édson Franco, há cerca de 30 anos no cargo de principal dirigente da instituição – desde quando tudo começou com o Cesep, depois a Unespa e agora Unama -, renunciou formalmente ao posto na última terça-feira.
A decisão foi tomada depois de uma reunião-jantar no Hilton Hotel, da qual participaram todos os seis sócios da Universidade: o próprio Édson Franco, além de Antonio Vaz, Etiane Arruda, Marlene Vianna, Paulo Batista e Ana Paula Maufarrej, filha do falecido David Mufarrej, uma nobre e generosa alma e um dos fundadores do Cesep, embrião da Unama. O prato principal da reunião-jantar: a proposta de venda da instituição.
Há duas versões sobre o resultado do encontro. Uma versão dá conta de que quatro sócios posicionaram-se favoravelmente à venda da Unama, enquanto outros dois teriam fincado pé em posição contrária, justamente Édson Franco e Ana Paula. Mas uma outra versão, apurada pelo blog no final da noite, indicava que em verdade apenas o reitor opôs-se frontalmente à pretensão dos demais sócios.

Proposta de venda
O que não está claro é por que, afinal, discutiu-se a questão da venda da Unama se ainda não uma proposta concreta em relação a isso. Gente bem posta no comando da própria Universidade garante que não há.
Existem, é claro, especulações de que o Grupo Anhangüera, de São Paulo, estaria com dinheiro na mão, pronto para adquirir a Unama. Há cerca de dois anos, emissários da Unifor, do Ceará, também já sondaram concretamente a possibilidade de assumir o controle da Unama. Mas nada disso evoluiu para a conclusão do negócio que sempre esteve em especulação.
O certo é que, com proposta ou sem proposta, o reitor Édson Franco sentiu-se agastado ao fina da reunião e fez o que já estava propenso a fazer havia alguns anos: redigiu uma carta-renúncia e remeteu-a a todos os demais cinco sócios.
Entre os outros sócios da Unama, um deles negou peremptória e veementemente que o reitor tivesse renunciado. Um outro confirmou. Confirmou, mas completou: “[A renúncia] é blefe. Ele já fez isso outras vezes, mas a renúncia nunca se concretizou.”
Pode até ser blefe, mas o blefe, desta vez, tem toda a aparência de não sê-lo. Ontem, por exemplo, o reitor já não apareceu para dar expediente na Unama. A um amigo, disse que ainda não sabe bem o que vai fazer daqui por diante, mas revelou-se animado em dedicar-se apenas à Universidade Santa Úrsula, instituição fluminense que enfrenta enormes dificuldades financeiras.

E agora?
O que será a Unama – hoje com quase 20 mil alunos, mais de 650 professores e quase 800 funcionários - sem Édson Franco como reitor?
O Cesep, depois a Unespa e agora a Unama sempre estiveram associados à pessoa, à figura, à personalidade de seu reitor, Édson Franco. Mesmo quando outros sócios incorporaram-se à universidade, quem falava em Unama falava em Édson Franco – e vice-versa.
Ele sempre foi o garoto-propaganda da instituição. Sempre teve a maior projeção, mesmo quando, muitas vezes, procurava desempenhar papel mais discreto, mais secundário. Nas solenidades de colação de grau, por exemplo, oito em cada dez formandos procuravam, ao final, tirar fotos apenas com o reitor, ignorando os demais dirigentes.
Com a renúncia, quem deve automaticamente ficar à frente da Unama é o vice, professor Antônio Vaz. Quanto a Édson Franco, pela experiência, projeção e respeitabilidade – inclusive nacional - que alcançou, dificilmente precisará fazer aquilo que sempre gostou – ou gostava – de repetir em conversas informais: “Se algum dia, na minha vida, em me vir sem nada, numa situação em que eu tenha que começar do zero, eu vou ganhar dinheiro como datilógrafo”, brincava o professor, exímio, agilíssimo datilógrafo - o digitador de hoje, em teclados de computador.
Por causa disso - de sua impressionante rapidez em datilografar e na sua enorme fluência em redigir -, Édson Franco, quando não queria receber a visita dos chatos, encontrava enorme dificuldade em disfarçar que não estava em seu gabinete, no então Cesep da Alcindo Cacela. Quem apontasse no início de um corredor poderia facilmente escutar o metralhar da máquina de escrever, cuspindo textos longos, produzidos em pouquíssimos minutos e retirados do rolo da máquina sem praticamente nenhum erro de datilografia.
Édson Franco nunca precisou, felizmente, testar suas predições sobre a possibilidade de sobreviver a partir de sua máquina de escrever.
Mas precisará de fôlego renovado para testar um momento insólito como o que passará a ocupar: o de ser apenas sócio da Unama, sem a atribuição de ser o seu principal dirigente.

9 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia, Paulo:

nenhum comentário sobre o conteúdo. Quero dizer que li um texto delicioso.
Obrigada.
É um bom começo de dia.

melk jus disse...

o que será de nós estudantes da UNAMA??....

Anônimo disse...

Édson Franco certamente é um dos ícones da Educação no Pará e a despeito de pobres empresários que hoje tornaram-se donos de Faculdades em Belém e que jamais poderão ser comprados a sua genialidade e visão.

Poster disse...

Bia,
Você, como sempre, generosa.
Obrigado e um grande abraço.

Poster disse...

Anônimo,
Realmente, pode-se até discordar de Édson Franco, mas é justo reconhecer suas muitíssimas qualidades - como administrador e como educador.
Abs.

Poster disse...

Melk Jus,
Os estudantes, acho, devem estar atentos.
A universidade é privada, claro. Mas os estudantes é que as compõem. Convém que estejam sempre atentos.
Abs.

Anônimo disse...

Realmente falar em unama é falar de "cara" em Édson Franco,reconhecendo sobre tudo o exímio educador que ele se fez e faz. Contudo essa decisão da suposta renúncia da reitoria e venda da Unama deveria ser melhor informada,exclarecida e debatida com seus próprios alunos, afinal uma Universidade não se faz apenas com seus dirigentes e docentes atuantes,faz-se com o maior corpo universitáio...os alunos.

Anônimo disse...

O interesse da ANHANGUERA é por causa de fatos recentes na aquisição de outras faculdades pelo mesmo grupo ou dporque já foi mencionado pela mídia? Que jornais noticiaram esse interesse?

Anônimo disse...

ME DISSERAM ESTA SEMANA QUE AGORA É PRA VALER, A UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO COMPROU A UNAMA, EU ACHO QUE VAI DAR CERTO DEVIDO ESSA UNIVERSIDADE JÁ ATUAR AQUI NO PARÁ NA MODALIDADE Á DISTÂNCIA, INCLUSIVE ME DISSERAM QUE ELA É MELHOR DO QUE MUITAS PRESENCIAIS QUE ATUAM ATUALMENTE AQUI EM BELÉM INCLUSIVE A PRÓPRIA UNAMA.