quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

União Brasil faz proposta para que Sabino desista de concorrer ao Senado

Celso Sabino: idas e vindas do União Brasil são um caso emblemático do surrealismo na política

O deputado federal Celso Sabino (sem partido) debruça-se em reflexões sobre proposta que lhe fez o União Brasil, seu partido até o início deste mês, quando foi expulso após recusar-se a deixar o governo Lula, no qual ocupou o Ministério do Turismo até esta quarta-feira (17).

Agora, o União está disposto a readmitir o ex-ministro a seus quadros, garantindo-lhe o comando da legenda no Pará. Mas com uma simplória e singela condição: que Sabino abra mão de disputar o Senado, como é sua intenção fazê-lo por legenda ainda indefinida, mas com apoio do governador Helder Barbalho.

Quem acaba de informar há pouco sobre a proposta formulada ao ex-ministro do Turismo é o repórter Valdo Cruz, no programa Conexão GloboNews.

A situação política de Sabino tornou-se um caso emblemático de que o mundo da política, se por si é imprevisível, é certo, certíssimo que o mundo da política, no Brasil, chega a ser absolutamente surrealista.

Como já dito, o União Brasil, que deixou a base governista, expulsou Sabino por avaliar como infidelidade partidária o fato de o deputado manter-se no Ministério do Turismo do governo Lula.

Mas eis que, agora, o União Brasil costura seu retorno à base governista, mas quer retomar o filão, ou melhor, o Ministério do Turismo, que já foi seu. E já tem candidato ao posto.

Quem?

Gustavo Feliciano, que é filho do deputado federal Damião Feliciano (PB).

Qual o partido de Damião?

O União Brasil.

O mesmíssimo que expulsou Sabino por recusar-se a sair do Ministério do Lula.

E o mesmíssimo que, agora, talvez num inusual mea culpa, quer voltar à base governista e está propondo refiliar Celso Sabino.

Isso é política, seus estúpidos!

Isso é política.

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Doido é doido, mas não muito. E também é pouco esperto.

Doido, o nosso: para ser doido de verdade, ainda precisa rasgar dinheiro.
(Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

Celulares de Doido atirados pela janela
(Divulgação: Polícia Federal)
Doido que é doido mesmo, de verdade, é o que rasga dinheiro.

É o que ensina a velho dito popular, que parece meio lógico, mas ainda carente, é claro, de comprovações científicas.

Nosso Doido, porém, pode até ser doido. Mas não muito doido, porque nos faltam provas de que rasga dinheiro.

Nosso Doido, no caso, é Antônio Doido, nome parlamentar pelo qual atende Sua Excelência o deputado federal Antônio Leocádio dos Santos, do MDB do Pará.

Doido foi alvo, na manhã desta terça (16), de uma operação da Polícia Federal que investiga um esquema de organizaçao criminosa suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro, via emendas parlamentares.

A PF apura indícios de que a Organização Doido & Cia. (o registro não está na Jucepa, mas na boca do povo, é claro) desviava verbas de emendas parlamentares e recursos estaduais, por meio de fraudes em processos de licitação, e depois usava o dinheiro desviado para o pagamento de vantagens indevidas e ocultação de patrimônio.

Mas o curioso está, como diriam nossos coleguinhas comentaristas esportivos, "nos detalhes".

Primeiro detalhe: durante a operação, Doido chegou a jogar o aparelho celular pela janela para evitar que fosse retido pelos agentes da PF.

Nesse quesito da doidice, Doido, mais uma vez, mostra que não é tão doido assim. Mas também não é muito esperto, porque jogar celular pela janela enquanto a puliça escarafunchava as brechas da casa é no mínimo, convenhamos, uma burrice com grife bolsonarista.

Segundo detalhe: a PF afirma ter encontrado dinheiro (muito) em espécie no imóvel do deputado onde foram feitas buscas e apreensões.

Isso confirma o já dito: o nosso Doido pode até ser doido, mas não muito. Porque, se o fosse completamente, não teria dinheiro em espécie em casa.

Mas, também como já dito, nosso Doido não é tão esperto assim.

Se o fosse, poderia, por exemplo, jogar o celular no vaso sanitário e dar a descarga, como tantos já fizeram.

Mas o nosso Doido ainda tem tempo.

Para viver e aprender mais doidices.

Aguardemos!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Hugo Motta, o nosso herói elevado dia a dia ao seu panteão

Glauber Braga (PSOL-RJ) é imobilizado ao ser retirado do trono da presidência da Câmara:
métodos adotados pela gestão de Motta incluíram corte do sinal de TV e censura à Imprensa

Com o perdão - ajoelhado e de mãos postas - da sinceridade, mas essa Câmara, sob o tacão de Hugo Motta, é uma imoralidade.

Uma imoralidade das mais abjetas, se é que podemos atribuir uma gradação a imoralidades quaisquer.

Motta, está claro, virou um pau-mandado do Centrão e da direita bolsonarista.

Foi sequestrado por essas duas facções - que os mais articulados, no linguajar e na habilidade de analisar a política como se estivessem na ágora da Grécia Antiga, também costumam chamar de campo político.

Hugo Motta acionou a Polícia Legislativa para despejar à força, da cadeira da Câmara, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que ocupara o trono em protesto contra a decisão da presidência de pautar, para ser votada, a cassação do parlamentar fluminense por quebra de decoro.

Não se pretende, aqui, entrar no mérito da postura de Braga, mas avaliar os métodos utilizados para reprimir o que, factual e materialmente, foi uma transgressão.

Os métodos utilizados por Hugo Motta e seus subalternos incluíram o apagamento, simplesmente isso, do sinal de transmissão da TV Câmara, além do escorraçamento de jornalistas credenciados que se encontravam no plenário.

Ou seja: armou-se um cenário, ou criou-se um clima - no jargão galvaniano - para que nada fosse visto pelo distinto público.

Quem mandou cortar o sinal da TV Câmara? Asessores de Motta disseram que foi o próprio. Depois, desdisseram-se.

Quem mandou escorraçar a Imprensa e censurá-la? Provavelmente, o chefe do setor responsável em preparar o cafezinho.

Já está, evidentemente, instaurada uma rigorosissima apuração de todo o episódio.

Enquanto Motta, é claro, continua sendo elevado, pelo Centrão e pela extrema-direita, ao topo do panteão dos heróis.

Triste Câmara!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Nada como um Alcolumbre atrás do outro

Alcolumbre e Messias: o senador nunca muda. O que muda são as indicações que o contrariam.

Em 2021, Davi Alcolumbre, então presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, travou por nada menos do que cinco meses a sabatina de André Mendonça, escolhido pelo então presidente Jair Bolsonaro para uma vaga no Supremo.

Isquerdistas e cumunistas em geral adoraram, dizendo que era uma prerrogativa da CCJ definir o melhor momento para arguir o indicado.

Bolsonaristas em geral odiaram, argumentando que Alcolumbre, defensor da indicação do PGR Augusto Aras, ignorava as prerrogativas do Executivo, ao qual compete indicar nomes para a Corte Suprema.

Em 2025, Davi Alcolumbre, agora presidente do Senado, faz tudo para melar a indicação do presidente Lula para o Supremo, o chefe da AGU, Jorge Messias. Tudo porque ele, Alcolumbre, preferia ver ministro do STF o senador Rodrigo Pacheco.

Bolsonaristas em geral estão exultantes, alegando ser uma prerrogativa do presidente do Senado assumir o controle da tramitação de matérias que chegam à Casa, inclusive, neste caso específico, marcando a sabatina na CCJ.

Isquerdistas e cumunistas em geral estão odiando, sob o argumento de que Alcolumbre ignora prerrogativas do Executivo, ao qual compete indicar nomes para o Supremo.

Nada como um Alcolumbre atrás do outro, para desnudarem-se vergonhosas incoerências à isquerda e à direita.

Nada como um Alcolumbre atrás do outro para descobrir-se que Alcolumbre, ele sim, é verdadeiramente coerente. Até mesmo quando não é.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Nomeação de Daniela Barbalho para conselheira do TCE voltará, mais uma vez, ao Supremo

Daniela Barbalho: nomeação para conselheira do TCE é alvo de disputa judicial desde 2023

A tentativa de anular a nomeação da primeira-dama do Pará, Daniela Barbalho, para o cargo de conselheira do Tribunal de Contas do Estado ainda deverá ganhar novos capítulos no Supremo Tribunal Federal, mesmo após o STF ter negado, em agosto de 2023, seguimento a uma reclamação que pretendia remover a esposa do governador Helder Barbalho do TCE, com base em súmula vinculante que veda o nepotismo.

O caso envolvendo a primeira-dama voltou à tona nesta segunda-feira (01), no início da tarde, quando transpirou, para o distinto público, uma batalha nos bastidores do Judiciário Estadual que até então vinha sendo mantida em completo silêncio.

A juíza Marisa Belini de Oliveira, da 3ª Vara da Fazenda Pública, mas respondendo pela 5ª Vara da Fazenda Pública dos Direitos Difusos, Coletivos e Individuais, anulou na última quarta-feira (26), de forma integral, todos os atos de indicação, nomeação e posse de Daniela Barbalho no TCE. A sentença foi proferida no âmbito de ação popular ajuizada pelo ex-deputado estadual e ex-deputado federal Arnaldo Jordy.

E mais: a magistrada determinou a devolução da remuneração (todos os vencimentos, subsídios e quaisquer outras verbas remuneratórias) recebidas por Daniela Barbalho no cargo de conselheira do TCE-PA, corrigida pelo IPCA-E e acrescida de juros moratórios.

Mas eis que a Procuradoria-Geral do Estado, através do procurador do Estado Daniel Cordeiro Peracchi, integressou ainda na sexta-feira (28), perante o Tribunal de Justiça do Pará, com um pedido de suspensão da decisão de primeira instância. No dia seguinte, portanto no sábado (29), o presidente do TJPA, desembargador Roberto Moura, suspendeu todos os efeitos da decisão, o que só foi divulgado na última segunda-feira.

E agora?

Em contato com o Espaço Aberto, nesta terça (12), Arnaldo Jordy, ainda regozijado com a decisão "dessa juíza competente, corajosa", como ele classificou a magistrada, não apenas reforçou que ingressará com um agravo de instrumento perante o Pleno do TJPA para restaurar os efeitos da sentença da juíza Marisa Belini de Oliveira, como adiantou que, caso o recurso seja improvido, ou seja, rejeitado, voltará a bater às portas do STF.

Jordy sustenta que em 2023, na decisão monocrática (individual) que rejeitou a reclamação ajuizada, o ministro Dias Toffoli não enfrentou o mérito da questão, ou seja, não abordou o fundamento de que, com base na Súmula Vinculante nº 13, do próprio STF, a nomeação de Daniela Barbalho configuraria nepotismo, eis que seu marido é governador do Estado. "O Toffoli, que era o relator, fugiu do mérito, alegando questões laterais", afirmou o ex-deputado.

A reclamação de Jordy, vale relembrar, foi impetrada no Supremo depois que, no dia 24 de maio de 2023, o desembargador Mairton Carneiro cassou liminar do juiz Raimundo Santana, que dois dias antes suspendera a nomeação e posse da Daniela Barbalho no cargo de conselheira do TCE por "ofensa à moralidade pública".

Nesse caso, as águas - muitas - ainda vão rolar por baixo da ponte.

Ou dessas pontes, sei lá!