quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Bolsonaro, o pragmático, odeia comunistas. Mas não qualquer comunista.


Que maravilha, gente.
O Capitão é mesmo um mito em evolução.
É muito, muito bom ver um Bolsonaro pragmático.
Vejam aí a pinta dele com o presidente da China, Xi Jinping.
Para um ultradireitista raivoso, que escabuja seus ódios por todos os poros, pragmatismo é termo que deve soar como um palavrão, né?
É mais ou menos como qualificá-lo de um rendido ou de um vendido a velhas práticas (tipo assim, liberar emendas às vésperas de votações no Congresso, coisa da velha política) ou a velhas ideologias (tipo assim o comunismo).
Mas não tem jeito.
A realidade, enfim, dobrou o Capitão à realidade.
Em outubro do ano passado, ainda como candidato, Bolsonaro queixou-se de que a China "não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil".
Em novembro, já eleito, o Capitão baixou o tom, ao receber um recado da China sobre os riscos econômicos de o Brasil seguir a linha do presidente Donald Trump (um mito para o mito Bolsonaro) e romper acordos comerciais com Pequim.
No início deste ano, o escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo que dia e noite recolhe provas contundentes e definitivas de que a Terra é plana há 1 trilhão de anos, criticou a ida de uma comitiva de parlamentares do PSL à China para conhecer o sistema de reconhecimento facial do país e disse que, se fosse de fato guru do governo, isso não aconteceria.
Pois é.
Agora, na reunião dos Brics, que o Brasil sedia, é Bolsonaro quem se rende à China.
À China, com seu capitalismo em rapidíssima expansão.
À China, com seu sistema ditatorial, que cerceia liberdades.
À China do legado comunista, que Bolsonaro, Olavo de Carvalho et caterva da ultradireita odeiam.
Mas que nada, gente.
O Capitão é um mito em evolução.
Ele não odeia qualquer comunismo.
Ele não odeia qualquer comunista.
Tudo depende.
Viva o Capitão, esse pragmático.

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