Motoristas de Uber estão apavorados com a onda
de violência que assola Belém. Centenas deles tratam de salvar a própria pele,
reunindo-se em grupos de aplicativos que permitem o monitoramento simultâneo do
trajeto que fazem na Grande Belém, com isso permitindo que acionem a polícia
caso um dos membros encontre-se em situação de perigo – iminente ou real.
Nesta quinta-feira (10), no início da noite, ao
apanhar um Uber, este repórter ouviu um relato espantoso do motorista - jovem
na faixa dos 20 anos, que não terá nem mesmo suas iniciais identificadas, por
óbvias razões de segurança.
Ele contou que há cerca dois meses, quando
conduzia dois homens do Entroncamento até o 40 Horas, matou um deles a tiro e
acertou o outro com um disparo na coluna, ao ser assaltado dentro do próprio
veículo.
O motorista disse que apanhou os dois passageiros
por volta das 19h. Pela aparência deles, não chegou a suspeitar que fossem
bandidos. Um sentou-se no banco do carona e outro ficou no banco traseiro, bem
atrás do comparsa.
Anunciado o assalto, o motorista parou o
veículo. “O que estava ao meu lado puxou a arma e apontou para a minha cabeça. Parei
o carro e disse que eles poderiam levar tudo o que eu tinha – dinheiro, celular
e, se quisessem, até o carro. Mas o bandido que estava atrás começou a gritar: ‘mata
esse f.d.p. mata esse f.d.p.’”, contou o motorista.
Foi nesse momento, segundo ele, que o assaltante
não teve dúvida: apertou o gatilho, com o revólver a centímetros da cabeça da
vítima. Mas a arma, por felicidade do condutor, travou.
“Quando o revólver dele travou, eu imobilizei o
bandido, tomei-lhe a arma e dei um tiro na nuca dele, que morreu na hora. O
outro, que estava atrás, ainda conseguiu abrir a porta e correr, mas eu o
acertei com um tiro na coluna. Ele ficou hospitalizado, mas, ao que sei, já
está na cadeia”, disse o condutor do Uber.
Ele próprio apresentou a arma à polícia, que
também levantou a ficha criminal dos dois homens. O inquérito, já concluído,
constatou que o motorista agiu em legítima defesa. Ele disse que já foi
interrogado em juízo. Aguarda-se a sentença.
E aguarda-se também que a onda de violência
arrefeça em Belém.
Pelo
menos que arrefeça.
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