Grande!
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) firmou parcerias
com empresas de tecnologia e associações de empresas de comunicação para
combater a disseminação de notícias falsas, as chamadas fake news, que tenham o potencial de afetar a disputa eleitoral
deste ano.
Isso é ótimo.
Qualquer esforço contra a boataria e a
propagação criminosa da mentirada,
agora conhecida como fake news, será bem-vindo.
Aliás, será muito bem-vindo.
Agora, uma coisa é certa: será preciso um
esforço maciço, permanente de empresas de comunicação e de plataformas digitais
no sentido de convencer o usuário a identificar uma notícia falsa.
É mais: é preciso, acreditem, ensinar as pessoas
a usar aplicativos pelos quais circulam todo dia, o
dia todo, com uma velocidade assustadora, todas as bobagens, mentiras e coisas
absurdas que o ser humano pode produzir. E mais algumas.
Vejam o caso desses grupos que, aos milhares,
milhões e trilhões, estão aninhados no WhatsApp.
Eles poderiam ser uma poderosa ferramenta de
comunicação e interação – profissional ou simplesmente pessoal e afetiva –
entre os integrantes.
Mas não.
Grupos de WhatsApp transformaram-se na maior
vitrine de dispersão, desinformação e informações truncadas da face do planeta.
Os motivos principais para isso são, basicamente, os seguinte: nesses
grupos, ninguém lê ninguém – seja porque a pessoa tem preguiça de ler o que os outros
escrevem, seja porque, narcisisticamente, só acha importante o que ela
própria posta, seja porque não consegue mesmo travar a menor
intimidade com o aplicativo.
Amigo meu, por exemplo, não sabia até
recentemente “como fazer aquela caixinha”, a expressão que ele cunhou para o
simples procedimento de responder diretamente a um integrante do próprio grupo.
Até que aprendeu. Fez um curso - virtual, é claro - e aprendeu.
Então, por exemplo, às 7h da manhã você posta um
texto – textinho ou textão, com imagem ou não – num grupo qualquer, de 20 ou 30
pessoas.
Lá pelas 8h, os que vão acordando não leem o que
postaram antes deles. Não se dão o trabalho de rolar a tela do smartphone pra
cima e checar o que os outros vêm dizendo antes dele. Resultado: haja replicarem,
o dia inteiro, aquele mesmo texto das 7h, como se fosse uma grande novidade.
E quando chega às 23h do mesmo dia, ainda tem
gente que pergunta:
- Vocês já viram? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk. É
ótimooooooooooooo.
E manda, para fechar o dia, a mesma piada,
muitas vezes desengraçadíssima, que
já estava no grupo às 7h e foi replicada 300 vezes durante o dia inteirinho.
Outro caso são as manifestações retardadas.
Já houve casos, num grupo de Zap, em que
perguntei:
- Tu vais?
Um mês depois, a fulana me respondeu:
- Não.
E o evento, quando ela respondeu, já tinha
ocorrido há um mês.
De outra feita, marcaram um evento de família
por um grupo de Zap.
Bastava indicar local e hora.
Isso foi feito.
Mas foi feito com tamanha, retumbante, retumbante e falta de
clareza, que metade do grupo leu e não entendeu, enquanto a outra metade sequer
leu.
Olhem, vou confessar pra vocês: não posso
viver sem grupos de Zap.
Eles são o combustível que me animam a acreditar
que o ser humano ainda é capaz de se comunicar bem.
Fora de saca.
Vocês imaginem, então, uma notícia falsa postada
nesses grupos de WhatsApp. Inevitavelmente, elas vão se replicadas aos milhões
e bilhões, porque ninguém se importa sequer em fazer com que o outro se
convença de que não deve veicular aquilo, porque é uma mentira, um boato, um
idiotice, uma coisa totalmente maluca e sem sentido.
Por isso, é certo que grupos de WhatsApp serão,
nestas eleições, a maior fonte de propagação de mentiras.
Porque são o veículo que se apresenta mais
propício para tanto.
Convém, no entanto, que todos nos convençamos
que precisamos nos empenhar para aprender a utilizar as redes sociais para
congregar, e não para dispersar.
Mais ou menos isso.
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