sexta-feira, 30 de março de 2018

"Não vai acontecer aqui" alerta para a tentação das tiranias


Pessoas fuziladas em julgamentos sumários, às vezes ditados por uma pessoa só.
Opositores presos, quando não executados sem formação de culpa.
Judiciário primeiramente acuado e depois, praticamente eliminado.
O Legislativo finalizado.
Milícias paramilitares espalhando o medo, o terror, os justiçamentos.
Praticamente todas as áreas de entretenimento e lazer fortemente tributadas, tornando proibitivos os preços dos ingressos de qualquer diversão e forçando, com isso, a população ficar em casa.
Universidades com suas instalações confiscadas para se transformarem em campos de concentração.
Espiões em toda parte.
Imprensa completamente subjugada.
Um jornalista, Doremus Jessop, nos limites de sua impotência para denunciar atrocidades que fatalmente vão força-lo a trilhar caminhos de resistência que ele provavelmente nunca imaginaria ser capaz de trilhar.
Essa ditadura, essa tirania sanguinária, fundada por Buzz Windrip, um político vaidoso, falastrão, xenófobo, racista e demagogo compõe uma verdadeira fábula sobre os limites a que pode chegar a abulia de uma sociedade que se recusa a perceber e admitir que os instrumentos da democracia podem servir, perfeitamente, para que ditadores e tiranos sanguinários cresçam, apareçam e subvertam a democracia.
É por isso que Não vai acontecer aqui torna-se leitura obrigatória, nestes dias em que um Donald Trump, por exemplo, oferece fartas demonstrações de seus pendores autocráticos. E todo mundo, ou pelo menos a maioria dos americanos achava que isso não aconteceria lá, ou seja, que ele não seria presidente dos Estados Unidos.
Pois no livro que escreveu em 1935, antes mesmo que o mundo conhecesse os horrores do nazismo e do fascismo durante a Segunda Guerra Mundial, Sinclair Lewis, o primeiro escritor norte-americano a ganhar um Nobel de Literatura, mostra que ninguém acreditava que isto pudesse acontecer lá: uma figura como Buzz Windrip ganhar as eleições presidenciais e transformar a democracia numa ditadura.
Não vai acontecer aqui é imprescindível como advertência para que ninguém se iluda com as fragilidades inerentes ao regime democrático.

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