terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Todos escrevem ao coronel. Ao coronel Nunes.


Sabem aquele falso paraensismo, tão verdadeiro como uma nota R$ 7, que atribui os, como se diz, “males do nosso futebol” a atletas trazidos de outros Estados para reforçar os clubes do Pará?
Sabem aquela hipocrisia sem tamanho, aquela imbecilidade incontrastável, que insiste na balela de que melhor mesmo é reforçar os nossos clubes com a tal “prata da casa”, quando, em verdade, precisamos mesmo é de bons jogadores, sejam eles de Belém, do Pará ou confins do mundo?
Pois é.
Esse mesmo pessoal, os mesmos adeptos dessas teses esfarrapadas passam a impressão de que, para melhorar o futebol paraense, basta formar bons times, contratar bons técnicos e arrumas algumas coisinhas relacionadas à gestão dos clubes.
Algumas coisinhas?
Olhem só esse heroi, esse monumento vivo de amor ao futebol paraense, esse edificante exemplo de denodo à hercúlea tarefa de expurgar os tais “males do nosso futebol”.
Ele tem nome.
Seu nome é Antonio Carlos Nunes de Lima.
Um fenômeno.
Sem saca, um verdadeiro fenômeno.
Nunes é coronel PM da reserva.
Altaneiro – e faceiro, por que não? – encaminha-se para emplacar 19 anos como presidente da augusta e respeitável Federação Paraense de Futebol, a FPF.
Há 15 anos presidindo a entidade, foi eleito na semana passada para mais quatro.
Encaminha-se, assim, para ombrear-se – huuuuu! – com gente da estirpe desses autocratas ou ditadores de republiquetas – asiáticas, americanas ou sul-americanas – que se aboletaram no poder por mais de duas décadas.
Mas disfarcem aí.
Nunes não é ditador, não.
Ao contrário.
Quem o conhece sabe de sua conversa maneira, do seu jeito, digamos assim, cativante, envolvente, simpático de ser.
Um jeito, um estilo que foram amplamente confirmados nestas eleições.
Opositor de Nunes, Ulisses Sereni chegou a denunciar que as chapas de oposição não tiveram acesso à relação dos nomes de presidentes e vice-presidentes de cada clube e federação com direito a voto.
Também reclamou que a FPF do coronel Nunes bancou o pagamento de passagens aéreas e estadia a representantes dos clubes com direito a voto para participar da eleição. Apenas um agrado, digamos assim.
Disse ainda dispor de provas de uso de falsidade ideológica nas eleições.
E aí?
E aí que é o seguinte. Vocês já leram Ninguém escreve ao coronel, do García Márquez?
Leiam, meus caros.
Sabem aquele coronel – esquecido, despossuído de seus poderes, destituído de seus sonhos, que se cansou de esperar o reconhecimento por tudo o que fez?
Sabem o coronel que ficou reduzido à missão de criar um galo?
Pois este coronel não é o nosso. É o de García Márquez.
Quanto ao nosso coronel, o coronel Nunes, todos escrevem pra ele.
Todos lhe dão bolas.
Todos lhe rendem loas e boas.
Todos o reverenciam e paparicam.
Todos querem um dedo de prosa com ele.
Acusem de tudo o coronel Nunes.
Não o acusem, todavia, de estar na FPF por atos discricionários e ditatoriais.
Não.
O coronel tem sido eleito, reeleito, re-reeleito e assim por diante.
Vai ficando aí, por força da vontade – “legítima”, dirá o nosso coronel – dos presidentes de clubes.
Os mesmo presidentes de clubes que têm destroçado o futebol paraense, mas que, acima de tudo e de todos, também amam de paixão o nosso futebol.
Querem saber de uma coisa? Vamos logo é escrever ao coronel.
Todos temos mais é que escrever a ele.
O cara pode, gente.
Já que ficou 15 anos à frente da FPF, por que não deixá-lo ficar por mais 15?
Que mal há nisso, afinal?
O tesouro do coronel de García Márquez era um galo.
O tesouro do nosso coronel, o coronel Nunes, é o futebol paraense.
Viva ele!
Viva o nosso coronel.

3 comentários:

Unknown disse...

“males do nosso futebol” ou males do Pará.Na FAEPA temos "Coronel" Xavier a décadas.Tudo o que ,e de atrasado também permeia neste meio.

Anônimo disse...

Duro, também, é ouvir comentarista esportivo defender fervorosamente o tal coronel.
E afirmar que essa figura "é ukiá" de ótimo e mais credenciado, com grandes serviços (?) prestados ao futebol paraense.

Anônimo disse...

Dirigente, poster, dirigente. Se é da PM, ex-PM, servidor público, empresário ou não, não importa. Dirigente, poster, não há cores, camisas e nem origem. Dirigente.