quarta-feira, 2 de abril de 2025

O pior do Brasil é o brasileiro. Mas ele também pode também ser o melhor.

Tereza Cristina, bolsonarista que relatou, no Senado, projeto que permitirá ao Brasil reagir
ao tarifaço de Trump: poucas vezes o Congresso está sendo tão brasileiro como agora
(Foto: Divulgação)

Sempre dizem por aí, há muito tempo, que o melhor do Brasil é o brasileiro.

Sempre tive dúvidas disso em muitos momentos, em que sempre acho, contrariamente, que o pior do Brasil é o brasileiro. Inclusive eu, confesso logo.

Mas nunca tive dúvidas: desde que começou a era dos memes, o melhor do Brasil são os memes. Nisto, somos imbatíveis.

Ainda assim, há momentos em que me aferro às esperanças - fragilíssimas, mas esperanças, de qualquer modo - de que o melhor do Brasil ainda pode ser o brasileiro.

Agora mesmo, o Congresso dá uma demonstração eloquente disso.

É porque só temos olhos, ouvidos e indignações para os ornamentos vergalhados da Nova Doca. Mas há coisa boa - e inédita, inacreditavelmente inédita - acontecendo agora mesmo.

Nos últimos seis anos, desde que a ascensão do bolsonarismo escancarou um país dividido por ódios, preconceitos, bolhas ideológicas e extremismos pavorosos em todos os sentidos, nunca se viu o Congresso adotar um postura tão forte, vigorosa e unânime... Em favor, ora vejam, do Brasil. Apesar de os ódios, preconceitos, bolhas ideológicas e extremismos pavorosos perdurarem.

Para esta quarta (02), o mundo aguarda, com a respiração meio suspensa, o anúncio, pelo governo Trump, das novas tarifas de importação país por país, que poderão ir de 10% a 25%. O Brasil está no meio.

Pois nesta terça (01), a Senado, à unanimidade de 70 a 0, aprovou um projeto de lei que impõe reciprocidade de regras ambientais e comerciais nas relações do Brasil com outros países. Com isso, abre-se a porteira para retaliações ao tarifaço trumpista.

A votação contou com os votos de petistas, cumunistas, fascistas, bolsonaristas, ruralistas e tudo quanto é ista

"O episódio entre Estados Unidos e Brasil deve nos ensinar definitivamente que, nas horas mais importantes, não existe um Brasil de esquerda e um de direita, existem apenas representantes do povo", disse o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) e provável relator da matéria na Câmara, para onde o projeto segue agora.

"Essa matéria é de interesse central para o Brasil, é relatada pela oposição, mas tem o nosso irrestrito apoio", afirmou o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), referindo-se à senadora Tereza Cristina (Progressistas-MS), ex-ministra de Bolsonaro que relatou a proposição no Senado.

Viram?

O melhor do Brasil ainda pode ser o brasileiro.

Nenhum comentário: