sábado, 17 de outubro de 2020

Bons e inocentes tempos aqueles, em que cuecas serviam apenas de cuecas

Barreto Pinto: mostrar-se apenas de ceroulas custou-lhe o mandato em 1949.
Hoje, nem dinheiro guardado entre as nádegas pode ser motivo de cassação.

Mas que coisa, hein, gente?

Depois, quando a gente diz aquela conhecida máxima - nós éramos felizes e não sabíamos -, para expressar a desilusão com estes tempos mudernos em que vivemos, logo dizem que somos saudosistas.

Pois é.

Em 1949, a Câmara cassou o mandato do deputado Barreto Pinto, depois que a revista O Cruzeiro o exibiu de ceroulas.

Ele foi o primeiro deputado a perder o mandato por quebra de decoro.

Mas observem: as ceroulas usadas naquela época iam quase até os joelhos. E outra função não tinham senão a original (e exclusiva): a de peça íntima para cobrir as partes íntimas dos que a usavam.

Hoje, ceroulas são cuecas.

E cuecas não servem mais apenas para cobrir as partes íntimas dos que a usam.

Podem ter uma segunda serventia: a de esconder dinheiro públicos criminosamente desviados, como os R$ 15 mil encontrado com o senador Chico Bolsonarista Rodrigues (DEM-RR).

E o pior: a cueca usada por Sua Excelência era apenas um disfarce, porque o dinheiro mesmo estava entalado entre suas nádegas, segundo consta de relatório da Polícia Federal.

O Senado está indignado com a ordem de afastamento provisório de Rodrigues do mandato, por determinação do ministro Luís Roberto Barroso.

Irá cassá-lo por quebra de decoro? Sabe-se lá.

Mas cassaram Barreto Pinto, porque aparecera só com esse cuecão aí, sem dinheiro algum - nem atracado ao cuecão e nem enfiado entre as nádegas.

Bons tempos aqueles, em que cuecas serviam apenas de cuecas.

Com o perdão do saudosimo.

Um comentário:

kenneth fleming disse...

Bem lembrado. É o que dá fazerem cuecas sem bolsos. A indústria da moda precisa de um choque de realidade.