quarta-feira, 17 de julho de 2019

Tenho medo de fanáticos. Tenho medo deste Brasil de fanáticos.

Miriam Leitão e Sérgio Abranches: vítimas da intolerância que já atingiu o nível do fanatismo
Hoje, ainda hoje, no final da manhã, eu conversava com uma amiga sobre o nível de intolerância a que chegamos no Brasil.
Assistimos a uma escalada que já ultrapassou, a rigor, a intolerância.
Atingimos um grau horroroso, tenebroso, aterrador de fanatismo.
Como vocês sabem, fanáticos não pensam
Eles agem.
Simplesmente agem.
Agem mecanicamente.
Automaticamente.
Roboticamente.
Agem por impulsos.
Como autômatos.
Fanáticos não têm senso crítico.
Fanáticos não questionam.
Fanáticos apenas cumprem certos roteiros mentais que se articulam com sua própria personalidade, seu próprio caráter e seus próprios valores. Feito isso, eles, os fanáticos, entregam-se à missão de cumprir tais roteiros a ferro e fogo, independentemente das consequências.
Por isso é que fanáticos estão permanentemente afogados, atormentados e agrilhoados a preconceitos – quaisquer sejam.
E são presas de medos horrorosos dos que são diferentes.
Para fazerem valer o status quo que elegeram como o único ideal para suas vidas e a vida da comunidade em que se inserem, os fanáticos mostram-se dispostos a tudo.
Inclusive a criar guetos.
Inclusive a criar campos de concentração.
Inclusive a matar – um, dois, cem, milhões.
Esse são os fanáticos – de esquerda ou de direita, vale dizer.
Quando conversava com a amiga, ainda não tinha conhecimento de uma exibição perfeita, emblemática de fanatismo.
Trata-se do cancelamento do convite à jornalista Miriam Leitão e a seu marido, o sociólogo Sérgio Abranches, para participarem da Feira do Livro de Jaraguá do Sul (SC).
Por que o cancelamento?
Por que uma horda de fanáticos ameaçava a integridade física da jornalista e do sociólogo.
“A feira, em suas doze edições, sempre foi marcada por ser um evento plural, que promove o conhecimento por meio da literatura, teatro, música e artes visuais. Nesses doze anos, já enfrentou inúmeras dificuldades, da escassez de recursos financeiros até enchentes. Mas nunca, em toda sua história, a festa foi atacada pela escolha de seus convidados”, diz a nota oficial da organização que anunciou o cancelamento.
O coordenador geral do evento, João Chiodini, disse que, além do abaixo-assinado, a organização recebeu mensagens com tom “inflamado”, de pessoas afirmando que jogariam ovos na jornalista e que não permitiriam que seus filhos fossem à feira. “Sabíamos que o cancelamento não seria saudável para o evento, mas a qualquer momento poderia acontecer alguma coisa”, diz o coordenador. “Temos uma equipe de segurança e câmeras instaladas no local onde ocorre a feira, mas não conseguiríamos controlar todo mundo.”
Vocês entenderam?
Esse é o Brasil.
Esse é o fanatismo.
Esse é o Brasil de fanáticos em que o país está se transformando.
Que horror!

2 comentários:

Pedro do Fusca disse...

Quem planta colhe.

Pedro do Fusca disse...

Estas nova heroína brasileira foi assaltante de bancos. Só no Brasil atual se prestam homenagem a este tipo de gente. Deveria estar na cadeia.