sexta-feira, 10 de maio de 2013
Cem dias de solidão
Nos seus primeiros cem dias de gestão no suntuoso, mas "cupinoso" e "goteiroso" Palácio "Antônio Lemos" , o prefeito Zenaldo Coutinho, ao prestar contas ao distinto público que o elegeu, não teve muitos feitos a comemorar, além das badaladas 380 toneladas de lixo e entulhos retirados dos canais e bueiros da cidade. Deu a entender que ainda não teve tempo sequer para cultivar os frutos de sua própria horta eleitoral, "adubada" pelos três SSS, tantos são os pepinos e abacaxis deixados pelo inefável Dudu.
Dentre os principais, o lixo abundante , os alagamentos diluvianos de bueiros e canais, a Saúde na UTI, o trânsito infernal e a segurança precária. Quanto ao "pepino" do lixo, ele recebeu providencial ajuda do Ministério Público que, em boa hora determinou a assinatura de Termo de Ajuste de Conduta (TAC) entre as prefeituras da área metropolitana de Belém, socializando assim o problema e, espera-se, também sua solução.
No rastro, a Justiça também determinou o cancelamento do suspeito contrato de 25 anos e estratosféricos R$-800 milhões, firmado com empresa "estrangeira" pelo ex-prefeito Dudu, uma espécie de genérico do inefável Odorico Paraguaçu, personagem imortal de Dias Gomes, que retratou magistralmente em "O Bem Amado" os usos e costumes nada edificantes praticados pela maioria dos "profissionais" da política na imensa Sucupira chamada Brasil.
O Lixão do Aurá, por exemplo, já ultrapassou todos os limites prudenciais de convivência civilizada com a população. Seus males ameaçam não só a saúde dos catadores e moradores do entorno, mas, também, a própria sobrevivência das fontes de água potável que abastecem mais de dois milhões de pessoas na Área Metropolitana de Belém.
A coleta do lixo , nos grandes centros urbanos, tem sido fonte inesgotável de mamatas entre empreiteiras e gestores públicos. Muita gente enriquece à custa do lixo, sem meter a mão na massa, mas tão-somente "administrando" a terceirização desse serviço essencial. O novo gestor tem enorme responsabilidade, por exigência legal, em buscar soluções até dez/2013 para a coleta e tratamento dos resíduos sólidos na Grande Belém, algo em torno de 50 toneladas/dia. Reciclar também é preciso, através de cooperativas que aproveitem os atuais catadores do Lixão do Aurá, o que é mais do que justo.
O trânsito de Belém, cada vez mais caótico e neurótico é, na verdade, uma autêntica "herança dinossáurica" de 30 anos de muitos planos, projetos e omissões. O caos urbano que inferniza diariamente a vida dos belenenses só tende a piorar, caso não sejam adotadas algumas medidas práticas pelo novo prefeito, que parece ainda um pouco "assustado'' diante das proporções gigantescas que assumiu o BRT, com aquela intervenção desastrada na Av. Almirante Barroso, fato que apenas tem contribuido para complicar ainda mais a vida da população belenense. Obra mal planejada, iniciada atabalhoadamente e com claras intenções eleitoreiras, o BRT já consumiu mais de R$-100 milhões de recursos públicos e ainda está "travado". Qual fratura exposta, aqueles "destroços" atrapalhando o tráfego na Almirante Barroso, são a mais perfeita tradução do açodamento e da irresponsabilidade com que alguns gestores tratam a "coisa pública". A propósito, ficamos sabendo, através do conceituado Blog do Hiroshi Bogéa, que " no pátio da fábrica Neobus, em Caxias do Sul (RS) estão se deteriorando no sol e na chuva vários ônibus articulados e biarticulados, que a PMB (gestão Dudu) licitou, emitiu empenho, mas teve sua compra cancelada por "deserção". Os fabricantes agora querem receber na Justiça o prejuízo de mais de R$-10 milhões. Mais um abacaxi para Zenaldo descascar.
Embora necessária, mas que chega com colossal atraso de 20 anos, a obra do BRT jamais poderia ter sido iniciada sem a construção dos elevados do Entroncamento e de uma nova via de entrada/saída da cidade, como a Rodovia Independência ou o prolongamento da Av. João Paulo II, a primeira já iniciada e a segunda, com início previsto ainda neste mês de maio.
A sintonia entre os prefeitos dos municípios que integram a Região Metropolitana de Belém e o governo do Estado vai ser fundamental para execução dos projetos do Ação Metrópole, coordenado pelo governo do Estado, com a competente assessoria da Agência Internacional de Cooperação Técnica do Japão (Jica).
Os belenenses, que já sofremos tanto com os efeitos danosos da cultura do atraso, traduzida em intervenções isoladas/ desastradas e obras "cosméticas" no trânsito de Belém, torcem e até oram pelo entendimento entre os novos gestores de Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Izabel e Santa Bárbara em torno de um projeto integrado , como proposto pelo governo Jatene. Ninguém aguenta mais o sufoco diário no trânsito caótico e neurótico de Belém. As ruas de uma cidade são como as veias no corpo humano: quando elas entopem o organismo entra em colapso e morre. Não dá mais para esperar. Os congestionamentos colossais nas ruas da cidade, na Rodovia Augusto Montenegro, na Almirante Barroso, na BR-316 e no entorno do "Complexo do Caos" (Entroncamento) estão afetando não só a economia, mas, também , a saúde da população. Os buzinaços, a falta de local para estacionamentos, além do assédio agressivo de abusados flanelinhas, estão afetando gravemente o estado psicológico dos belenenses.
Embora considerado pelos especialistas em transportes públicos como solução inadequada para grandes centros urbanos, com população acima de 1 milhão de habitantes - onde o meio de transporte mais indicado seria o metrô (de superfície, no caso de Belém) - urge a continuação do projeto do BRT, agora integrado ao Ação Metrópole, até para se evitar maiores danos ao erário público municipal, tão dilapidado e maltratado nos últimos oito anos.
O prefeito Zenaldo ainda tem créditos de 1.360 dias para "gastar" no cumprimento das promessas e propostas de sua vitoriosa campanha. Em sã consciência, ninguém poderia esperar que, em cem dias, ele resolvesse algumas das enormes demandas/carências em obras e serviços de que a cidade se ressente. Foi tempo gasto para "arrumar a casa", o que já é tradição, pois concedido com certa tolerância do eleitor a todos os novos governantes eleitos.
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2 comentários:
Quem mandou prometer, hein Zenaldo?
Bora trabaiá que teus "créditos" estão acabando mais rápido do que celular prepago da Tinganei.
A +ultima dessa prefeitura é comprar por cem milhões oitenta leitos.
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