LEOPOLDO VIEIRA
Sócio-Diretor da Trajeto-Inteligência Estratégica
1) Os candidatos de partidos de esquerda se
concentram em atacar o atual prefeito, que vinha de baixo nas pesquisas;
2) O atual prefeito usa seu tempo eleitoral para
mostrar sua gestão e ataca o candidato de extrema direita, daquela tipo
"tiro, porrada e bomba";
3) O atual prefeito, que tem quatro anos de
governo para narrar como quiser no seu generoso espaço de TV e radio, e o apoio
do governador, vira o inimigo número um da oposição, apesar de estar atrás de dois
candidatos: um de extrema esquerda e um de extrema direita;
4) O atual prefeito vira uma opção mais light do que "tiro, porrada e
bomba" para quem não quer a cidade governada pela esquerda, e em quatro
anos se podem corrigir eventuais erros dos primeiros quatro. Pelo menos é uma
afirmação que tende a ser aceita;
5) O candidato de extrema esquerda vai ao
segundo turno, superando em muito a candidata de esquerda. Afinal, o
ex-prefeito, deputado federal, tem o que mostrar e o que prometer;
6) O atual prefeito vai ao segundo turno:
mostrou o que fez, e mais palatável que "tiro, porrada e bomba" foi
escolhido pela esquerda como inimigo número um (leia-se: o que é temido);
7) O candidato de extrema esquerda recebe apoio
da esquerda, autocarimbando-se com as marcas e lideranças do partido dela. Como
ele viera de lá, só passam a estar juntos num balaio do qual ambos,
supostamente, fazem parte;
8) Eleitores que não querem a cidade governada
pelo setor representado pela candidata de esquerda derrotada e pela esquerda
migram para o atual prefeito;
9) O centro racha e o agora único candidato da
oposição, a partir do apoio recebido do partido de centro, é carimbado com as
marcas e lideranças do mesmo, somando-se às marcas e lideranças do de esquerda;
10) Parte da classe média que estava em dúvida
migra para o atual prefeito. Mas, se o candidato de oposição não aceita o apoio
do centro, o partido de centro migra para o atual prefeito, afinal estiveram
juntos até quase a reeleição do governador e compartilham a gestão federal;
11) O candidato de extrema direita apoia o atual
prefeito. O mundo não acaba na eleição da cidade. Ele é deputado, não vai
brigar com o governador à toa e jamais apoiaria (ou teria o apoio aceito) pelo
candidato da oposição;
12) Maioria constituída, o atual prefeito é
reeleito. "Como?! Fez um governo tão ruim?!" A política como ela é;
13) O candidato de extrema esquerda é carimbado
como inviável nos segundos turnos, pois perdeu a segunda vez seguida e para o
mesmo adversário. Já reeleito o prefeito, abre-se um ciclo de renovação.
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O desfecho poderia ser outro caso:
1) Não se tivesse confundido a estratégia
eleitoral com a crença de que a gestão do atual prefeito é ruim;
2) A escolha do principal adversário tivesse
como critério não a ansiedade de queimar o prefeito, mas a racionalidade de
quem teria mais capacidade de ampliar no segundo turno. Do alto da liderança
nas pesquisas, se o candidato da extrema esquerda se concentrasse em bater no
de extrema direita, este seria ungido a alternativa de direita;
3) O de extrema direita passando ao segundo
turno justificaria a União de todos os derrotados com o, agora, único de oposição,
não sob a imagem de ser por ele, mas contra o "tiro, porrada e bomba"
como filosofia e método de governo para a cidade. Os próprios eleitores do
atual prefeito, com exceção dos mais hidrófobos contra o partido da candidata
de esquerda derrotada, migrariam para o de extrema esquerda;
4) Eleito, poderia aproveitar o encerramento do
ciclo do atual governador para a reeleição e ser um forte candidato a comandar
o Estado em 2018. Vida que segue;
5) Como redução de danos, valeria pedir para os
candidatos de esquerda e centro não apoiarem oficialmente o de extrema esquerda
no segundo turno, mas liberar o voto. Resta saber se tais líderes e seus
partidos estarão dispostos a coisa que poderia ser vista como uma grande
humilhação política;
6)
Até porque lhes interessa um ciclo renovador.
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