sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Serra Pelada ontem e hoje. As cavas são as mesmas.


Está rolando aí nas telonas o excelente Serra Pelada, dirigido por Heitor Dhalia.
Vejam aí o trailer.
É show.
Show garantido.
O poster foi ver ontem à tarde.
No início dos anos 80, uma semana sim, outra quase também, jornais de Belém deslocavam equipes para Serra Pelada.
Porque uma semana sim, outra quase também, incidentes de toda ordem e tragédias provocadas, sobretudo, pelo desmoronamento de barrancos tragavam vidas com a mesma sofreguidão com que o garimpo, a corrida pelo ouro, o sonho de transformar a miséria em riqueza do dia para a noite tragavam, soterravam as ilusões de milhares de formigas - - 60 mil no pico -, como era conhecidos os garimpeiros que emprestavam vida a um cenário de dimensões babilônicas.
Assistir a Serra Pelada é muito oportuno não apenas para as novas gerações conhecerem um momento da história do Pará e do país que refletiu as distorções de um modelo perverso de um pedaço das riquezas da Amazônia como para contrastá-lo com estes tempos, em que distorções se revelam de forma igualmente brutal.
Naquela época, os formigas era a ponta, o rebotalho, o rejeito, a escória de um sistema de exploração que, não demorou muito, produziu os capitalistas de Serra Pelada, donos de vários barrancos que logo passaram a estender seus tentáculos em outros "ramos" negócios, com drogas e contrabando.
Hoje, temos aí esse escândalo envolvendo a Cooperativa de Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), sócia da mineradora Colossus na exploração de ouro no garimpo da região.
Há denúncias de que o escritório que representa interesses da família do ministro de Minas e Energia Edison Lobão, no Maranhão, constou em uma planilha de pagamentos da Cooperativa.
Cerca de R$ 200 mil teriam sido repassados ao escritório de José Antonio Almeida no período em que o ministério analisava pedido para liberar a extração mineral na região, conforme revelou, em 2010, o Jornal "Estado de S.Paulo."
Almeida ou “Almeidinha”, como é conhecido, teria trabalhado na campanha do então candidato ao Senado Edison Lobão. O advogado também teria prestado serviços jurídicos ao filho do ministro, Lobão Filho, que hoje é senador.
No início deste mês, o juiz Danilo Alves Fernandes, da Comarca de Curionópolis , decretou intervenção na Coomigasp, diante de fortes indícios de fraudes na formação de dívida da Cooperativa, além de má gestão e desmandos administrativos por parte das diretorias.
O Ministério Público investiga indícios de que mais de R$ 50 milhões que deveriam ter sido distribuídos para os garimpeiros foram para os bolsos e cofres de ex-dirigentes da cooperativa.
É assim.
Os formigas de ontem, você pode vê-los no filme de Dhalia.
Os formigas de hoje são aqueles como o garimpeiro José Castro.
“De tanto que a gente trabalhou pra arrumar alguma coisa na vida, a oferecer a família da gente e até essa data ninguém recebeu nada'', disse ele, sentado numa rede, ao Jornal Nacional de ontem.
Serra Pelada ontem.
Serra Pelada hoje.
Da cava de ontem brotavam os veios que faziam a riqueza e a miséria.
As cavas de hoje estão nos cofres sem fundo, nas contas ocultas, nas transações tenebrosas cujas dimensões ninguém sabe ainda quais são.
Assistam a Serra Pelada, o filme, para compreenderem a Serra Pelada de hoje.
Ah, sim.
O poster assistiu ao filme na sala 5, sessão das 13h15.
Havia

2 comentários:

Anônimo disse...

Foi dali que o Pará passou a não prestar.

Anônimo disse...

O Pará presta, sempre prestou.
O quê não presta mais , há tempos, são seus políticos.
Estão vencidos e continuam a saquear e mamar.
O pt que seria a salvação, que posava de vestal, deu no que deu; caiu na mesma vala.
E nada de novo apareceu.
Que castigo!