sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Hydro tornou as águas em Barcarena uma gororoba de metais



Faltava um laudo – contundente, claro, objetivo e devastador.
Esse foi o laudo apresentado pelo Instituto Evandro Chagas, centro de pesquisas dos mais respeitados em todo o País, atestando a contaminação das águas da região de Barcarena pela mineradora Hydro, que produz alumina.
Até agora, mesmo enfrentando ações judiciais que questionam a legalidade da concessão de licenças ambientais, para operar numa área afetada por restrições que a legislação ambiental impõe, a Hydro vinha administrando, digamos assim, sem maiores turbulências as denúncias feitas por moradores de comunidades ribeirinhas, quase todas apoiadas pelo advogado socioambiental Ismael Moraes, presença frequente aqui no Espaço Aberto e autor de uma das ações na Justiça Federal, em que a mineradora e o governo do Pará são réus.
Mas eis que choveu. E choveu muito – a cântaros, como se diz – em Barcarena, no último final de semana. E o aguaceiro apenas escancarou uma realidade que, se já não queria calar, porque gritada por pobres ribeirinhos acossados por indícios físicos decorrentes do consumo de água tóxica, tornou-se visivelmente clamorosa e escandalosa.
O visível era a cor avermelhada das águas, como revelaram fotografias aéreas (vejam-nas nesta postagem) de vários pontos de Barcarena, inclusive no entorno da planta industrial da Hydro. As fotos foram feitas de um helicóptero que conduziu técnicos da Semas, do Ministério Público e de outros órgãos, num voo sobre a cidade no sábado e domingo da semana passada.
Foram colhidas amostras e visitados alguns pontos da área onde se encontram as bacias da Hydro. E revelou-se que as águas de Barcarena, sobretudo em três comunidades - Bom Futuro, Burajuba e Vila Nova – transformaram-se numa salada, numa gororoba, numa poção de metais diversos – nitrato, nitrito, cloro, chumbo e alumínio, só para citar alguns.
No caso do alumínio, segundo detectaram os técnicos do Instituto Evandro Chagas, constatou-se que sua presença nas águas em Barcarena chegou a 25 vezes acima do máximo permitido.
"Essa contaminação é nociva às comunidades que utilizam os igarapés e rios em busca de alimento, com a pesca, e também o lazer. Além disso, há a contaminação do meio ambiente como os seres vivos e plantas", alertou o pesquisador Marcelo Lima, que explicou as conclusões periciais.
E mais: o técnico afirmou que, como não conseguia solucionar o alagamento nas áreas internas, a Hydro abriu uma tubulação clandestina, uma espécie de dreno, para escoar os rejeitos das bacias. A tubulação despejou os rejeitos no meio ambiente.
Cm esses fatos, a Hydro contamina Barcarena e contamina-se moral e eticamente, fragilizando-se para um embate que, parece, desta vez tem tudo para testar até onde chegará a teia de interesses da mineradora norueguesa em continuar faturas somas bilionárias na exploração de riquezas minerais no Pará.



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