Em O LIBERAL de 29.11, na seção "Cartas na Mesa", está publicada a carta de um leitor que se assina Álvaro Cunha e se qualifica como professor.
Refere-se ao caso de L., menor de idade - segundo laudo do Instituto Médico-Leal -, jogada na cadeia de Abaetetuba junto com 20 detentos e estuprada, espancada e torturada durante mais de 20 dias.
Veja um trecho da carta:
* O que até agora ninguém questionou foi a educação exemplar que a família de L. a ensinou. Muito bem instruída sob os auspícios da dignidade, luta e honestidade, é óbvio que L. nunca cometeu crime nenhum. Foi presa porque em Abaetetuba tem-se por hábito, uma vez por ano, trancafiar moças imaculadas como L. na prisão juntamente com homens. Nada mais que uma prática bizarra do município nesta terra de meu Deus.
Outro trecho:
* Não precisa sair do município de Abaeté para se ver a quantidade de jovens desocupados. No entanto, a preocupação da governadora é punir os culpados pelo escândalo L., protagonizado pela polícia daquele município. Ela não se ocupa com políticas sociais, a fim de dar uma vida mais digna para os munícipes daquela cidade, que é conhecida como a terra da maconha e da cachaça.
Mais um:
* Mesmo desaparelhada e desestruturada, com os policiais recebendo salários de fome, a Polícia Civil do Estado do Pará faz milagres, e quem ganha as páginas dos jornais é L., a heroína. Quão degradante!
É um espanto. A carta é um espanto. Ninguém discute, neste caso, a conduta moral da jovem. Ninguém.
O que se discute é a barbárie, a selvageria que ela sofreu, a omissão do Estado como instância encarregada de prover aos seus custodiados - presos quaisquer - as garantias que lhes são de direito, inclusive à integridade física.
A menor não é heroína. É infratora, sim. Praticou vários furtos. Por essas práticas, chegou a ser outras vezes detida. Ela mesma o confessou ao depor a membros do Conselho Tutelar de Abaetetuba.
Mas isso justifica que tenha sido tratada como animal?
O leitor, que reside em São Paulo, disponibilizou um endereço de e-mail: alvarocunha2002@yahoo.com.br.
Está à disposição para contestações, acredita-se.
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