Razão tinha o Velho Guerreiro: "Quem não se comunica, se trumbica".
E quem, por isso, ainda não se convenceu de que o apocalipse virá por causa de uma falta de informação ou de expressões truncadas é bom que comece a convencer-se disso.
Ainda na condição de delegado-geral do Pará, Raimundo Benassuly foi à Comissão de Direitos Humanos do Senado na terça-feira, 27.11, e mandou ver: "Essa moça tem, com certeza, alguma debilidade mental, porque em nenhum momento ela manifestou sua menoridade."
Essa moça, no caso, é L., que passou mais de 20 dias trancada num cela da cadeia de Abaetetuba com 20 detentos, com os quais mantinha relações sexuais para não passar forme.
Pois na carta endereçada à governadora Ana Júlia, Benassuly disse que entregava o cargo e reconhecia quie "não soube usar as palavras certas para expressar minha preocupação e indignação quanto ao Estado de saúde, no presente e futuro, da menor que foi destituída de todos os seus direitos como ser humano em uma carceragem na cidade de Abaetetuba". (Os grifos são do poster).
Benassuly não está sozinho, neste reino dos que não sabem o que dizer, dos que dizem mal, dos que nada dizem ou dos que dizem atrasadamente as coisas.
Em seu livro (aliás, delicioso) 1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil, o jornalista Laurentino Gomes conta na página 124 a seguinte história:
"(...) a Província de São Pedro do Rio Grande (atual Estado do Rio Grande do Sul) demorou três meses e treze dias para saber que Portugal e Espanha estavam em guerra. Quando a notícia chegou, no dia 15 de junho de 1801, fazia nove dias que o confronto terminara, com a derrota de Portugal. Sem saber da trégua, o capitão-de-armas do Rio Grande, Sebastião Xavier Veiga Cabral da Câmara, imediatamente declarou guerra aos vizinhos espanhóis e à frente das tropas portuguesas tomou uma vasta área, desde o território das Missões, no oeste da capitania, até o rio Jaguarão, no sul. Desse modo, por falta de comunicação, Portugal acabou ganhando no Brasil uma disputa que havia perdido na Europa. (...)"
Chacrinha não tinha razão?
E não têm razão os que estão convictos de que o apocalipse virá de uma desinformação?
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