domingo, 15 de dezembro de 2024

Poeta Paes Loureiro critica projeto de Helder que extingue mais de 10 secretarias: "ideologia do Estado mínimo"

O poeta João de Jesus Paes Loureiro, em vídeo divulgado nas redes sociais, junta-se às vozes que, nos últimos dias, têm feito duras críticas ao projeto de lei 701/2024, encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado pelo governador Helder Barbalho, prevendo a extinção de mais de dez secretarias estaduais e fundações, incluindo a Secretaria da Mulher (Semu) e a Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sirdh).

Uma das vozes mais respeitadas da intelectualidade paraense, Paes Loureiro, também professor e escritor, que já exerceu cargos públicos na área cultural, avalia na mensagem, por ele chamada de "bilhete ao governador", que a proposição "tem a ideologia do Estado mínimo".

Na mensagem, Paes Loureiro relembra que conheceu Helder "ainda garoto, de calças curtas", quando ocupava a função de superintendente da Fundação Cultural do Pará no governo do pai do governador, o senador Jader Barbalho.

Ressalta que, ainda quando exercia o cargo de secretário municipal de Educação e Cultura, na gestão do prefeito Coutinho Jorge (1986-1989), foi convidado pelo próprio Jader, então governador, para formular o projeto de uma fundação cultural que tivesse amplitude funcional do prédio a ser inaugurado, então chamado de Centur.

"Fiz o projeto da Fundação Cultural do Pará. No dia da instalação e inauguração, [Jader] me nomeou o seu primeiro superintendente. O governador Jader Barbalho construiu o mais importante espaço cultural do Estado desde o Theatro da Paz da época da borracha, e a Fundação fortaleceu e dimensionou nacionalmente arte e cultura do Pará", afirma o poeta.

Paes Loureiro acrescenta que "toda vez que há desejo de diminuir custos do Estado no país, a primeira coisa que se pensa é economizar na arte cultura,  educação e comunicação. Porém, educação, arte cultura e educação exigem tempo para o seu amadurecimento, continuidade, atualização e recursos apropriados à execução e sua essencial atividade, principalmente na Amazônia, para que se afirme na evolução continuada do mundo. E saiamos do complexo colonial e da sensação de inferioridade que disfarçadamente ou explicitamente nos agridem".

O poeta termina com um apelo: "Prezado governador Helder Barbalho, o senhor vem fazendo um governo marcante. Tornou-se uma liderança amazônica nacional, passou a ser reconhecido internacionalmente, está preparando uma COP30 que colocará o Pará na agenda mundial. Não queira ser o governador que enfraqueceu ou permitiu o desaparecimento histórico do que mais nos orgulhamos e nos distingue no campo da arte, cultura e comunicação e educação: a nossa identidade paraense amazônica, única única no mundo".

"Ataque à comunicação pública"

Os Sindicatos dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) e dos Trabalhadores das Empresas de Radiodifusão (STERT) também já se manifestarem publicamente contra o projeto encaminhado à Assembleia. Em nota, as duas entidades consideram que a proposta não foi submetida à audiência da sociedade e "ataca diretamente a comunicação pública, a cultura e os direitos humanos".

Se for aprovado, acrescentam os dois sindicados, a projeto exintuirá a Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa), vinculando a instituição à Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) "e mostrando o descompromisso com a qualidade informacional prestada à população paraense, ao subordinar uma emissora educativa aos interesses ideológicos, familiares e eleitoreiros do governo de plantão, confundindo comunicação pública com assessoramento governamental".

Os sindicatos ressaltam que a Funtelpa existe há quase 50 anos e tornou um patrimônio público do povo paraense, essencial para a defesa da democracia, da liberdade de expressão e da ampliação do conhecimento. "É um ataque também a dezenas de servidores públicos (concursados, estatutários e celetistas), que dedicam sua vida e seu conhecimento para difundir informação educativa de qualidade e que, agora, vêem sua carreira e até seus empregos em risco, justamente em um período em que avançava o debate e as articulações para implantação do PCCR da Funtelpa", afirmam os dois sindicatos.

sábado, 14 de dezembro de 2024

Braga Netto na cadeia. Mas só agora? E Bolsonaro, por que continua solto?

Bolsonaro e Braga Netto, dois deliquentes incomuns: alguém acha que,
com essa intimidade toda, um não sabia o que o outro fazia?

Em 19 de novembro, precisamente nesse dia, o Espaço Aberto perguntou: Por que Braga Netto não foi preso?

Na ocasião, comentavam-se as prisões naquele dia, durante a Operação Contragolpe, de cinco meliantes golpistas, sendo quatro militares do Exército e um agente da Polícia Federal, suspeitos não apenas da tentativa de dar um golpe de Estado e abolir o Estado Democrático de Direito, mas também porque teriam articulado o assassinato de autoridades. E essa camarilha reuniu-se - adivinhem só! - na casa de Braga Netto, que, então, permaneceu livre, leve e solto.

Agora, enfim, o general está na cadeia. Ou sob custódia do Exército, termo técnico que outra coisa não significa senão que o delinquente está no xilindró.

Sim, Braga Netto é um delinquente. Mas um deliquente incomum, um delinquente, digamos assim, especial.

Delinquente comum é o que bate a sua carteira ou furta o seu celular. Ou mesmo o bolsonarista idiota que canta o Hino Nacional batendo continência para um pneu.

Delinquente incomum, no caso de Braga Netto, é quem, como ele, foi nada menos do que ministro da Defesa e ministro-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, como também companheiro de chapa do energúmeno - e também corrupto -, em 2022.

À época das cinco prisões ordenadas pelo Supremo, era ilógica, incompreensível e inacreditável que a mesma medida não tivesse sido tomada contra Braga Netto, em cuja residência foram tramados vários crimes.

Agora, enfim, ele está preso. Ainda que tardiamente, mas está.

E o cabeça da quadrilha?

A prisão de Braga Netto, todavia, conduz a uma outra e insistente pergunta que todos se fazem - inclusive o Espaço Aberto - há meses: e Bolsonaro, o deliquente-chefe, o cabeça da quadrilha, por que ainda não foi preso?

Também não há lógica, não há racionalidade e nem razoabilidade que Bolsonaro continue livre, sobretudo agora, com Braga Netto sob custódia do Exército.

Alguém acredita que Braga Netto agiria - como a Polícia Federal afirma que agiu - sem o conhecimento de Bolsonaro?

Alguém acredita que Braga Netto agiria sem a anuência de Bolsonaro?

Alguém, em sã consciência, acredita nisso?

À exceção de bolsonaristas - idiotas e delinquentes comuns -, ninguém, é claro, acredita! 

Nem Bolsonaro acredita, tanto é assim que já até admitiu pedir refúgio em alguma embaixada para escapar da prisão, fazendo jus, assim, à sua mítica - aí, sim, mítica - fama de covarde.

Se nem Bolsonaro, que é um deliquente fascista - ou um fascista delinquente, se quiserem -, acredita nisso, por que adiar-se a prisão de Bolsonaro?

Por quê?