quinta-feira, 26 de setembro de 2024

A overdose das bets é a cara do Brasil, um país de malucos


"O Brasil não é para amadores."
Foi Tom Jobim quem disse isso? Dizem que foi.
Independentemente de quem o disse, a máxima é inquestionavelmente verdadeira.
Mas também há autor anônimo que também definiu o Brasil como "um país de malucos".
Esse anônimo também está certo.
Porque o Brasil, não tenhamos dúvidas, é um país de malucos.
Vejam a maluquice que está rolando sobre essas bets e os chamados cassinos on-line.
Está tudo regulamentado, meus caros.
Tudo preto no branco.
trocentas portarias e outros atos administrativos regulando essa jogatina, além, é claro, da chamada Lei das Bets, em vigor desde dezembro do ano passado, mas ainda não inteiramente regulamentada, além de ser alvo de uma ação de declaração de inconstitucionalidade proposta pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

R$ 20,8 bi só em agosto
E aí, qual a maluquice que cerca esse, digamos, arsenal regulatório.
É que as partes responsáveis pela regulação - especificamente o Executivo e o Legislativo - já estão arrependidos, mal difarçando a intenção de voltar atrás e desfazer tudo o que fizeram.
Por quê?
Porque já se constatou que, conforme era amplamente esperado, que a jogatina está enchendo as burras das bets e dos cassinos on-line com bilhões. Isto mesmo: bilhões de reais.
O volume mensal de transferências via Pix de pessoas físicas para empresas de apostas on-line variou entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões neste ano, conforme estimativas do Banco Central (BC).
Apenas em agosto, em agosto, o volume mensal das apostas on-line é de R$ 20,8 bilhões, contra R$ 1,9 bilhão de arrecadação de todos os sorteios de loterias da Caixa Econômica Federal.
Resultado: as próprias bets estão propondo antecipar para próxima terça-feira (1º de outubro) a proibição do uso do cartão de crédito para apostas on-line, o que deveria ocorrer apenas a partir de janeiro de 2025.

Bet, bet, bet, bet... Só dá bet!
Era inevitável esse cenário aterrador com o qual nos deparamos agora.
Porque é bet pra todo lado.
É anúncio de bet no celular.
É anúncio de bet na redes sociais.
Nas TVs, abertas e fechadas, só dá bet.
Nas emissoras de rádio, também.
Jornais impressos, a mesma coisa.
Nos portais, idem.
Nas inserções monetizadas dos influencers, idem, idem.
É uma overdose de bets.
Essas crianças inocentes que regulamentaram os jogos e apostas virtuais queriam mesmo o quê?
Que uma overdose dessa amplitue não fosse capaz de estimular a jogatina ao ponto de chegar-se ao enorme risco de elevar incontrolavelmente o endividamento das famílias num nível inédito e intolerável?
Era isso que esperavam?
Só mesmo no Brasil, um país de malucos.

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