sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Checagem do Comprova aponta que médico bolsonarista residente em Santarém mente sobre desmatamento


 
Marcos Andrade, médico residente em Santarém, publicou vídeo no Facebook em que contesta desmatamento na Amazônia, citando período de chuvas que não permitiriam a atividade de extração madeireira e queimadas. Mas o vídeo traz dados errados. A afirmação é do Projeto Comprova. A verificação foi realizada por uma equipe do jornal O Estado de São Paulo e do portal Nexo.
Ao contrário do que afirma o médico Marcos Andrade, em vídeo publicado nas redes sociais, no qual chama de mentiroso o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, que divulgou dados apontando aumento de desmatamento na Amazônia, é possível  sim desmatar a floresta em períodos chuvosos. Marcos Andrade afirma que não é possível desmatar a floresta de janeiro a julho, pois estes são meses mais chuvosos e não permitem queimadas.
O Projeto Comprova entrou em contato por telefone com Marcos Andrade, que preferiu não responder às perguntas enviadas pela reportagem. Morador de Santarém (PA) e médico registrado no Pará, ele defende o presidente Jair Bolsonaro (PSL) no vídeo enganoso.
Marcos já gravou outros vídeos defendendo Bolsonaro e criticando a mídia. Ele também já se posicionou de maneira contrária ao candidato à Presidência do PT nas últimas eleições, Fernando Haddad, e antes da recente visita de Hadad a Santarém, para uma palestra na UFOPA,  Marcos Andrade conclamou a população a hostilizar o ex-ministro da educação. O médico divulgou ainda uma gravação no ano passado em que acusa fraude nas urnas eletrônicas. No Facebook, ele publicou diversas postagens em apoio a Bolsonaro.

Confusão
Para checar o conteúdo do vídeo, o Comprova entrevistou a professora Luciana Rizzo, do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Carlos Souza, geólogo do instituto de pesquisa Imazon. Consultamos ainda dados disponíveis publicamente do INPE, do Imazon e do MapBiomas, assim como estudos e reportagens sobre o assunto.
A principal confusão de Marcos Andrade, o médico que aparece no vídeo, está em apontar o INPE como mentiroso por ter supostamente indicado alta do desmatamento na Amazônia no período da estação chuvosa — que geralmente dura de novembro a março. Informações do INPE (veja aqui como acessar) mostram que o desmate da floresta não aumentou nesses meses de 2019, mas em maio, junho e julho, que marcam o período de transição dos temporais para a estação seca.
A área florestal perdida em meados de julho atingiu o valor mais alto em um mês desde 2015, primeiro ano da série histórica, segundo dados preliminares do Deter-B –um dos sistemas do órgão federal que observam a Amazônia.
plataforma TerraBrasilis, que exibe esses registros, mostra que de 1º a 25 de julho deste ano a perda pode ter atingido 1.864,1 km², área pouco maior que da cidade de São Paulo. Ainda em 2019, o sistema registrou 932 km² desmatados na Amazônia em junho (90% a mais que em junho de 2018) e 738 km² em maio (34% a mais). Já entre janeiro e abril, o desmate caiu em relação ao ano anterior.

Com informações de O Estado Net e do Projeto Comprova

Um comentário:

Anônimo disse...

Só vale o que estes ambialistas de plantão falam. Quem vive e reside na amazônia e fala com cátedra sua vivência não é respeitada.