Eu durmo, acordo, durmo, acordo e vivo me
perguntando.
Mas por que, afinal de contas, o Capitão dorme,
acorda, dorme e acorda achando que as investigações do MP sobre seu filho, o
senador Flávio Zero 01 Bolsonaro, não
passam de perseguição política a ele próprio, o Capitão, e a seu governo?
Mas o Capitão, esse puro, esse imaculado, esse primus
inter pares da incorruptibilidade ética, esse defensor incorruptível das
investigações da Lava Jato que levaram seu arqui-inimigo Lula para a cadeia,
enfim, esse Capitão não deveria encontrar-se em estado de êxtase com essa
demonstração de transparência e ótimo funcionamento das instituições incumbidas
de apurar suspeitas de transgressões éticas, sejam lá quem forem seus autores?
O Capitão, esse puro, não deveria estar
inclusive estimulando essas investigações, para demonstrar que, muito embora
tenha convicção de que seu filho é também um imaculado, deseja que a verdade
venha à tona?
Então, por que essa vitimização que Bolsonaro
encena? Por que achar que essas investigações fazem parte da tal teoria da
conspiração, que vislumbra conspiração até quando passarinhos pipilam nos
lugares mais bucólicos do Brasil?
Aliás, e por falar no Zero 01, ele é mesmo um
fenômeno.
Num passar d’olhos, o Ministério Público já
descobriu que o rapaz fez pelo menos 19 grandes negócios imobiliários em Copacabana,
Barra da Tijuca, Botafogo e Laranjeiras, bairros do Rio, entre 2010 e 2017.
Num dos grandes negócios, por exemplo, o Zero 01
pagou no ano de 2016 R$ 1,7 milhão por um imóvel em Laranjeiras. Vendeu em oito
meses, por R$ 2,4 milhões. Em 2017, a desvalorização média de imóveis nesse
bairro chegou a 3,34%. Mas o senador lucrou 36,89%. Levou para casa abolada de
R $700 mil.
Isso
é perseguição a papai Bolsonaro, gente?
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