Há cem anos, o pai do maestro Wilson Fonseca, o
mestre Isoca, celebrava o isolamento de Santarém como uma circunstância que
forjou a forte identidade cultural local. Naquela época isso pode ter sido bom.
Mas muita água rolou pelo Tapajós, e hoje o
mundo é globalizado, e ninguém pode estar isolado para se desenvolver. E
Santarém, continua isolada?Em termos proporcionais àqueles idos, talvez mais, e
pior, nunca esteve tão alienada de suas raízes.
Mas o aspecto cultural não é o mais grave, mais
importante nessa história (infelizmente com h, e não com e).
O Coema, Conselho Estadual de Meio Ambiente,
acaba de conceder licença prévia para a construção de estação de transbordo e
carga em Miritituba, por onde sairá quase toda a soja, milho e demais grãos
produzidos no Centro Oeste.
E o que é que isso tem a ver com Santarém? Isso
implica, ou é o resultado, de dois grandes atrasos e é a prova da incapacidade
de articulação ou mesmo o mero desinteresse dos políticos que representam a
região mocoronga: 1) o porto de Santarém hoje não importa; e 2) agora, importa
cada vez menos o asfaltamento da BR-163 até chegar a Santarém, bastando que
chegue até o desvio para Miritituba.
Por que os políticos da região - mormente os que
estão no Governo - não usaram de seu poder e agiram, para impedir que a Sema
sequer colocasse em pauta de apreciação essa matéria até que a BR 163 fosse
asfaltada?
Quem ganha com isso? Os produtores rurais do
Centro-Oeste? Sim! O importador estrangeiro? Sim!
Mas acima de tudo, é mais uma vitória daqueles
que são contra a criação do Estado do Tapajós.
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