sábado, 30 de julho de 2022

Performance artística ocupará a frente do Theatro da Paz para chamar a atenção para a importância do serviço público


Sabe o camburão e as lixeiras utilizadas para acondicionar o lixo recolhido pelos garis? A maca usada nos hospitais para transportar pacientes? A lousa e o apagador usados pelos professores em sala de aula? Todos esses objetos vão se transformar em instrumentos de percussão alternativos em um Flash Mob a ser gravado em frente do Theatro da Paz, neste domingo (31), às 10h. A iniciativa é do Sindicato dos Servidores do Fisco Estadual (Sindifisco) como parte da campanha de valorização do serviço público.
O Flash Mob é uma apresentação que reúne várias pessoas de forma repentina para uma apresentação rápida. Uma das características desse tipo de performance é a aparição em locais públicos, com grande movimentação. Assim como se juntam de forma que parece ser despretensiosa, os participantes se dispersam no meio do público em poucos minutos. 
Para dar vida ao Flash Mob do Sindifisco, serão reunidos vários percussionistas, dançarinos, atores, figurantes e outros instrumentistas, totalizando cerca de 50 “mobers”. Eles cumpriram uma agenda de ensaios individuais e em grupo, envolvendo experimentações cênicas, coreográficas e musicais.
A direção musical, cênica e geral é do regente Vanildo Monteiro. Professor de Percussão da Escola de Música da UFPA, ele também é coordenador dos projetos de pesquisa “A percussão nos Ritmos Paraenses” e de extensão “Grupo de Percussão da EMUFPA”, ambos vinculados à Universidade Federal do Pará. 
A composição da peça musical é de Thiago D’Albuquerque. Compositor, técnico de áudio e diretor musical, ele realizou composições e arranjos para vários grupos e projetos, ministrou cursos de Bateria, na Fundação Curro Velho, e de Percussão Afro-Brasileira, nas comunidades de Itacoã e Guajará Miri, no município de Acará, pelo projeto de interiorização da referida instituição. 
A coreografia e a direção cênica foram conduzidas pela coreógrafa Ana Unger. Bailarina, diretora artística, produtora cultural, arquiteta e professora membro da Royal Academy Of Dance, ela tem mais de trinta anos de experiência à frente de produções artísticas, tendo presidido o Encontro Internacional de Dança do Pará e a Bienal de Dança da Amazônia.
O projeto tem como parceiros o Theatro da Paz, o ICA (Instituto de Ciências da Arte) e a EMUFPA (Escola de Música da Universidade Federal do Pará).
Servir é uma arte - O flash mob do Sindifisco faz um paralelo entre o fazer artístico e o papel do servidor, considerando que ambas as atividades têm como princípio a “arte de servir”. A relação é desenvolvida por meio da música, do teatro e da dança produzidas especialmente para essa programação.
“A ideia principal desse nosso Flash mob é promover através de experimentações musicais, cênicas e coreográficas uma correlação entre o fazer artístico e o papel do servidor, partindo da ideia de que, em ambas dessas atividades, um de seus mais importantes princípios está diretamente relacionado a arte de servir. Assim, nessa performance que se configura tão criativa, inovadora e plural, nos propomos a servir com arte uma arte da melhor qualidade, tal como busca-se alcançar constantemente no serviço público. Ou seja, do mesmo modo que um artista emociona, compartilha e se doa inteiramente ao público quando se apresenta, assim será sempre um dos principais propósitos de um servidor”, compara Vanildo Monteiro.
Uma das características do Flash mob é que sua repercussão não se encerra com a apresentação ao vivo. A tendência é que ele ganhe o mundo via rede mundial de computadores.  A intenção do sindicato é promover o flash mob pela internet, uma estratégia para ampliar a divulgação da campanha “Serviço Público. Todo mundo precisa” que foi lançada no início deste ano como parte das comemorações pelos 30 anos da entidade. O objetivo é tornar mais evidente a importância do serviço público para toda a população.
“Os servidores públicos são assim chamados porque servem à população indistintamente, mas servem de maneira especial às pessoas que mais precisam”, destaca o presidente do Sindifisco, Charles Alcantara. Ele observa que da prestação de serviços simples, como emissão de documentos, até a administração tributária, passando pela saúde e segurança, eles são sujeitos fundamentais para a garantia de direitos.
Sonegação - Na área do fisco, por exemplo, parte do trabalho do servidor é impedir a sonegação de impostos, uma das formas de corrupção mais comuns, mas e quase sempre, invisível. Ao identificar esse tipo de crime, os auditores e fiscais da Fazenda conseguem fazer com que o dinheiro que seria subtraído volte aos cofres públicos.
O presidente do Sindifisco lembra que os recursos da arrecadação tributária fazem parte da receita que custeia os serviços públicos. É com ele que o Estado mantém a saúde, a educação, as estradas, a segurança, as praças e os espaços culturais. “Valorizar o servidor público é valorizar serviços essenciais para todos nós”, reforça.

Fonte: Assessoria de Imprensa do evento

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Antibolsonaristas cantam vitória após pesquisa. Mas convém ter muita calma nesta hora!


Antibolsonaristas de um modo geral passaram, em grande parte, a cantar vitória de Lula depois da nova pesquisa de ontem, do Datafolha, que põe o petista com 18 pontos de vantagem sobre Bolsonaro no primeiro turno e com 20 pontos no segundo.
Convém, acho, não cantar vitória neste momento. Pelo menos, ainda não.
Aliás, torcedor que sou, e com superstições que só torcedores explicam, odeio cantar vitória do meu time antes que o jogo termine, porque sempre tenho a sensação de que, a menos que o placar esteja 10 a 0 a nosso favor, o adversário ainda poderá virar o jogo. Portanto, e por precaução, é melhor deixar mesmo o jogo acabar.
E assim deve ser na política.
Muito embora as pesquisas - do Datafolha e e outras - colocarem Lula em posição bastante confortável, é preciso relativizar essa fotografia provisória do momento eleitoral e considerar alguns fatores.
Por exemplo.
Até os mais abalizados analistas políticos confessam que ainda não são capazes mensurar com o mínimo de precisão quais os efeitos, em termos eleitorais, do pacote de bondades de Bolsonaro, como aumento do Auxílio Brasil, voucher para caminhoneiros, permissão para saques de até R$ 1 mil do FGTS etc.
Além disso, note-se que a pesquisa do Datafolha já seria capaz de embutir os efeitos do escândalo no MEC, que resultou na prisão de Milton Ribeiro e sua turma, e do escândalo em que Pedro Maluco, amigão de Bolsonaro, foi pilhado em casos de assédio moral e sexual explíticos. Mesmo assim, esses episódios mantiveram o Incorruptível estável nas pesquisas.
Mais ainda: é preciso avaliarmos como será o 7 de Setembro, que bolsonaristas estão considerando uma espécie de "última cartada" para indicar se o cara tem condições ou não de se reeleger.
Por essas e outras, é melhor esperarmos as cenas dos próximos capítulos. Ou o passar das nuvens.
Porque, como ensinava o velho Magalhães Pinto, "política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou".
Acompanhemos.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Fascistas em pânico: até agora, mais de 250 mil já assinaram "cartinha" em defesa da democracia. E crescendo!


Bolsonaro, decididamente, é o nosso herói.
É o nosso Midas às avessas.
O nosso falso Midas.
O nosso Midas fake.
Na mitologia, o rei Midas transformava em ouro tudo o que tocava.
Na realidade do Bananão (como muitos chamam a nossa Pátria amada), Bolsonaro, o nosso Midas às avessas, multiplica exponencialmente de relevância tudo aquilo que ele trata com o seu habitual deboche, com o seu asqueroso despeito e com sua repulsiva desfaçatez, além de sua, como diria o velho Nelson, sesquipedal falta de inteligência.
Quando Bolsonaro debocha de qualquer coisa, aquilo cresce de importância - para o bem ou para o mal.
No início da pandemia do Covid-19, Bolsonaro debochou. Chamou-a de gripezinha: até agora, já morreram mais de 675 mil brasileiros.
Agora, chamou de "cartinha" a Carta em Defesa do Estado Democrático de Direito. Pois a cartinha, que começou com 3 mil assinaturas, já conta, em apenas 48 horas após seu lançamento, com mais de 250 mil assinaturas. E crescendo!
Nesta quinta (28), já foram registradas mais de 1.500 tentativas de ataques hackers contra o site da USP, que recolhe os nomes de signatários.
Os hackers, no caso, são fascistas. São extremistas de direita. São fanáticos bolsonaristas que ficam à beira de um ataque de nervos à simples menção do termo democracia.
Vamos encorpar nossa "cartinha".
Ah, sim.
Para quem ainda não a leu, aí embaixo está a "cartinha" na íntegra.

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"Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos Cursos Jurídicos no País, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.

Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.

Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.

A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.

Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.

Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.

Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.

Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.

Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:

Estado Democrático de Direito Sempre!!!!"

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Onde estamos nós, ditos democratas, que não confrontamos Bolsonaro e seus fanáticos que defendem o golpe?

Bolsonaro: cada vez mais acuado, ele segue maquinando contra a democracia. E onde estamos
nós, que não nos mobilizamos para o confrontarmos pacificamente, mas de forma vigorosa?

Bolsonaro prepara outro Dia Nacional do Golpismo.
O primeiro foi no dia 7 de setembro do ano passado, quando ele arrotou bravatas e depois disse que tudo não passara de uma, ora bolas, bravata. Coisa de doido, como se vê.
O segundo Dia Nacional do Golpismo está programado para o próximo 7 de setembro.
Será um dia para fascistas se embonecarem todos(as), da cabeça aos pés.
Será um dia em que prédios públicos, sobretudo em Brasília, deverão estar devidamente protegidos das ameaças de invasão - que inevitavelmente ainda serão feitas - de direitistas fanáticos.
Será um dia em que Bolsonaro, certamente, subirá em palanques para expelir mentiras, há muito repetidas, sobre a inexistente vulnerabilidade das urnas eletrônicas.
Até 7 de setembro, temos pouco mais de um mês.
Até lá, daria tempo suficiente para que os brasileiros que defendem a democracia se mobilizassem para sair às ruas, pacificamente, em repulsa às posturas de Bolsonaro e em defesa de eleições democráticas.
Mas onde estão eles?
Onde estamos nós, que nos sentimos enojados com as falas de Bolsonaro e com o fanatismo de seus seguidores, mas não elevamos nossas vozes para abafar os ecos das vozes contrárias?
Onde estamos nós?
Essas últimas manifestações que temos vistos, como o lançamento da Carta aos Brasileiros, pela Faculdade de Direito da USP, e o manifesto de banqueiros e empresários são importantíssimas para confrontar as atitudes de Bolsonaro e de seus seguidores fanáticos. Mas não bastam.
É preciso uma mobilização maior, mais abrangente, pacífica, mas ao mesmo tempo vigorosa, para demonstrar claramente que a democracia tem o apoio da Nação e que o resultado das eleições de outubro deverá ser respeitado, seja lá quem for o vencedor.
Sem essa mobilização, corremos o risco, sério risco, de quem vençam os golpistas.

terça-feira, 26 de julho de 2022

TRE reprova por unanimidade as contas da campanha eleitoral do MDB do Pará em 2020


O Pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) reprovou por unanimidade, na sessão ordinária realizada nesta terça-feira (26), a prestação de contas de campanha de 2020 do MDB do Pará. Os membros da Corte acolheram parecer do Ministério Público Eleitoral pela desaprovação das contas, uma vez que não foi apresentada documentação hábil que demonstrasse claramente as despesas com advogado e contador. A legenda ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Veja o julgamento acima, em vídeo disponível no canal do TRE no YouTube.
De acordo com os autos, a legenda comprou gastos de R$ 5.657.199,09. A lei eleitoral estipula que os gastos com esses dois serviços (contabilidade e advocacia) não pode ultrapassar 10% do valor declarado, mas não existem nos autos quaisquer comprovações sobre esses gastos.
A juíza federal Carina Senna argumentou que não se pode simplesmente presumir que os gastos com advogado e contador foram inferiores a 10%. Se essa despesa não está expressa nos autos, reforçou a magistrada, não se pode presumir que foi respeitada a proporcionalidade prevista em lei.
Irregularidades - Em seu parecer, assinado no dia 21 de junho, o procurador regional eleitoral, José Augusto Torres Potiguar, já havia mencionado que um parecer da área técnica do TRE opinou pela desaprovação das contas, uma vez que irregularidades indicadas em relatório preliminar não haviam sido saneadas.
"Detectou-se a entrega de relatórios financeiros fora do prazo. Tal falha, pela jurisprudência eleitoral, se revela como uma impropriedade, porque, ainda que intempestivamente, os relatórios financeiros foram entregues à Justiça Eleitoral, de modo a não prejudicar relevantemente a fiscalização e controle das contas. Constatou-se a abertura da Conta nº 690082 em 2020, em que o Partido não reconhece a sua existência. De qualquer sorte, pelos extratos bancários, se verifica não ter havido movimentação financeira, de maneira que se configura como impropriedade, ensejadora somente de ressalvas nas contas. Observou-se que o Partido não se desincumbiu de trazer à prestação de contas nenhum registro sobre receita/despesa com serviços advocatício e contabilidade, conforme parecer técnico conclusivo", afirma Potiguar.
Segundo o procurador, deixar de realizar o registro e declaração com advogado e contador, considerando que são profissionais obrigatórios na prestação de contas de campanha, "significa e importa deixar à margem da Justiça Eleitoral todo e qualquer controle e fiscalização sobre como se deu a prestação de tais serviços, de sorte que, aceitar a mera e simplória escusa do Partido de que não seria possível pela legislação a contabilização desses serviços como doações estimáveis e/ou financeiras, é dar salvo-conduto para a possibilidade de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro por meio da prestação dos serviços de advocacia e contabilidade na campanha eleitoral, de modo que tal falha nesta prestação de contas se revela como irregularidade grave ensejadora de desaprovação das contas, na medida em que inviabiliza e impossibilita por completo qualquer fiscalização e controle da Justiça Eleitoral sobre a higidez da prestação de serviços de advogado e contador."

Pará fica entre os três estados do País que receberam a pior avaliação no Índice de Transparência e Governança Pública de 2002


O Pará ficou entre os três estados do País que receberam a pior avaliação no Índice de Transparência e Governança Pública de 2002, publicado no início deste mês pela ONG Transparência Internacional. O estudo, publicado anualmente, avalia entes públicos brasileiros a partir de critérios essenciais para sua integridade e permite que cidadãos, a Imprensa e os próprios órgãos de controle possam comparar a evolução dos níveis de transparência e governança pública do país.
O estado do Pará recebeu a nota 30,5 e figura em 26º lugar, entre Sergipe, o 25º, com a nota de 36,2, e Acre, o 27º, com 26,7. Aparecem como os cinco melhores avaliados os estados do Espírito Santo (90,4), Minas Gerais (90,0), Paraná (89,0), Rondônia (85,2) e Goiás (83,0).
Segundo a ONG, o Pará não apresenta regulamentação de normas consideradas essenciais para a promoção da integridade e transparência e pode melhorar o seu desempenho ao publicar dados detalhados sobre emendas parlamentares estaduais, obras públicas, incentivos fiscais, concessões de crédito e financiamentos, notas fiscais eletrônicas, registros públicos de empresas, além de publicar as agendas das autoridades estaduais. O Pará, acrescenta a Transparência, também pode promover mais políticas participativas, envolver os cidadãos na tomada de decisão e implementar conselhos participativos.
A Transparência Internacional - Brasil desenvolveu a metodologia e avaliou os 27 governos estaduais e distrital e apoiou e capacitou oito organizações da sociedade civil para que fizessem a avaliação dos governos municipais nas regiões onde atuam.
Em agosto próximo, a Transparência Internacional deve publicar a avaliação das assembleias legislativas de todo o país e, em dezembro, a segunda rodada de avaliações dos municípios. O projeto conta com o apoio do Instituto Clima e Sociedade, da Fundação Konrad Adenauer Brasil e de recursos da União Europeia.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Deputada se diz "invisibilizada" pela direção do PSOL: "Será que acham que a esquerda paraense é patrimônio deles apenas?"

Espiem.

Está bombando aí nas redes sociais.

E está bombando não apenas pela transparência da deputada Vivi Reis, em manifestar publicamente seu desagrado por estar sendo, como diz, invisibilizada pela direção de seu partido, mas porque a postagem gerou uma discussão que, na essência, é boba, desnecessária e até infantil, mas para as esquerdas tem um enorme significado.

A discussão, no português de Portugal (que já é um idioma meio complicado, como vocês sabem) é a seguinte: nas esquerdas, roupa suja se lava em casa? Ou eventualmente pode também ser lavada em público?

Entre os mais de 40 comentários sobre o tuíte (que já tem, diga-se, mais de 1.500 curtidas), um camarada pondera o seguinte à camarada Vivi: "Como todo respeito que tenho pela camarada. Não faz o menor sentido expor isto publicamente, ainda mais na época de período eleitoral, gerar crises numa época dessa, sinceramente trabalhar o canal interno, expor as divergências tanto na base, como na direção do partido."

Uma outra dispara: "Lamento o PSOL estar numa guerra de braço pública, incapaz de resolver seus problemas internamente, após ter crescido e revitalizado a esquerda em Belém. Isso só divide a situação e isola pessoas e grupos do PSOL."

E vem mais outra: "A tua presença causa medo nesses políticos da velha esquerda porque tu representas de forma concreta a renovação da política. Tô contigo, Vivi!".

Como diria Ancelmo Gois, calma, gente.

E todos devem ter calma porque, afinal, não é publicamente relevante a deputada externar um sentimento que, muito embora pessoal, tem relação direta com o papel que ela exerce como legítima representante de um segmento popular?

Se é assim, por que a deputada teria que manter sob sete chaves, com sigilo decretado para 100 anos, questões que podem, sim, ser discutidas publicamente?

Os anseios de que a deputada externasse sua insatisfação apenas interna corporis não esconderia a intenção de transmitir uma falsa impressão sobre suposta pureza ética e ideológica das esquerdas? E essa intenção não seria simplesmente a expressão da mais deplorável hipocrisia?

São apenas algumas indagações.

No mais, repita-se, calma aí, gente!

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Presidente da Funai se retira de evento em Madri sob os gritos de "miliciano", "bandido" e "assassino"

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, retirou-se de um evento em Madri, na manhã desta quinta-feira (21), sob xingamentos proferidos pelo indigenista Ricardo Rao, que o chamava, aos gritos, de "miliciano", "amigo de um governo golpista", "assassino" e "bandido". O próprio Rao postou um vídeo sobre esse momento em seu perfil no Twitter (vejam acima).

O incidente ocorreu durante evento do Fundo de Desenvolvimento dos Povos Indígenas (Filac), promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e realizado na capital espanhola. Rao, que estava na plateia, levantou-se ao final de uma apresentação e começou a se dirigir aos presentes na plateia, enquanto apontava para Xavier, que também assistia à apresentação.

"Irmãos indígenas, eu venho denunciar esse assassino, Marcelo Xavier, como inimigo de vocês. O companheiro da Colômbia disse sobre as mortes dos indígenas pelas milícias (em referência à apresentação que acabou de ocorrer). Esse homem (apontando para Xavier) é um miliciano. Esse homem, Marcelo Xavier, não representa a Fundação Nacional do Índio. É um assassino. É um miliciano, é amigo de um governo golpista que está ameaçando a democracia no Brasil", gritava.

Rao continua as críticas, que alcançam inclusive o Ministério das Relações Exteriores. “Este homem não pertence a isso aqui. Não é digno de estar entre vocês. E o Itamaraty é uma vergonha. O Itamaraty está sendo babá de miliciano. Marcelo Xavier é um miliciano. Esse homem é um assassino. Esse homem é responsável pela morte de Bruno Pereira (indigenista assassinado na Amazônia). Esse homem é responsável pela morte de (Dom) Phillips (jornalista também morto no Vale do Javari). Você é um miliciano, bandido. Vai embora mesmo. Vai para fora. Desculpem", continua, enquanto Marcelo Xavier se retira do local. Depois disso, uma pessoa ainda grita "fora, Bolsonaro".

quarta-feira, 20 de julho de 2022

"Já estou saindo para o meu próximo crime. Aliás, para a minha próxima tentativa de golpe".

Marty Byrde e Jair Bolsonaro: um sai de casa para cometer o crime do dia; o outro, para
dar seguimento às suas tentativas de desacreditar o processo democrático e dar um golpe.
Tenho varado madrugadas, sobretudo nos finais de semana, assistindo à série Ozark, disponível na Netflix.
É uma série viciante.
Há uns três dias, num dos episódios da quarta temporada, Marty Byrde, o genial contador que lava milhões de dólares para um cartel, vai saindo de casa e diz mais ou menos assim para a família:
- Agora, eu já estou saindo para o meu próximo crime. Estou atrasado.
Dito isso, pega a sua pasta e vai embora. Apressadísimo, porque, como disse, estava atrasado para cometer o seu próximo crise.
Lembrei-me de Bolsonaro.
Fico imaginando ele sair do Alvorada e dizer a Michelle, ou melhor, dona Michelle:
- Agora, eu já estou saindo para a minha próxima tentativa de golpe.
Mas que ele está tentando, disso ninguém duvida.
Bolsonaro é aquele que está sempre nos atos preparatórios, expressão técnica que designa todos os procedimentos que antecedem a execução de um delito.
O último ato preparatório foi a reunião de Bolsonaro com cerca de 60 embaixadores.
Nela, o que se viu foi um Bolsonaro no seu esplendor.
No esplendor de sua baixeza.
No esplendor de sua vileza.
No esplendor de sua mania persecutória.
No esplendor de sua compulsão pela mentira.
No esplendor da mais obscura imbecilidade.
Depois de mais essa palhaçada que envileceu ainda mais a imagem do Brasil perante o concerto das nações, a esmagadora maioria dos brasileiros que defendem a democracia pode nutrir uma certeza: o de que um golpe conduzido por Bolsonaro tem tudo para ser uma tragicomédia.
Mas vamos aguardar a sua próxima tentativa de golpe, que está prevista para o 7 de Setembro, como no ano passado.
Aliás, e pensando bem, Bolsonaro, antes da reunião no Alvorada, poderia dizer à esposa, como Marty Byrde:
- Agora, eu já estou saindo para o meu próximo crime. Estou atrasado.
Porque ele deve ser demandado, perante o Supremo, por ao menos três crimes: de responsabilidade, de improbidade e eleitoral.
Avante, Pátria amada!

Nota de revista adiantou "fortes emoções" na Caixa. Premonição?

Vejam a nota.

Foi publicada na coluna Radar, da mais recente ediçao da revista Veja que começou a circular no início da manhã da última sexta-feira, 15 de julho.

A nota até parece, como diríamos, premonitória.

É que, na madrugada desta quarta (20), um diretor da Caixa, Sérgio Ricardo Faustino Batista, foi encontrado morto no edifício-sede do banco, em Brasília. Os indícios são de que ele se suicidou ontem à noite.

A diretoria de Faustino Batista era diretamente responsável pela apuração de denúncias de assédio apresentadas por meio de um canal interno na Caixa. E ele próprio é descrito como pessoa de confiança de Pedro Guimarães, o maluco afastado por assediar, moral e sexualmente, empregadas da instituição quando exercia o cargo de presidente.

Ninguém há de imaginar, é evidente, que a revista estivesse prenunciando que a morte trágica do diretor da Caixa seria a "forte emoção" anunciada na nota.

Então, se não foi isso, que "fortes emoções" ainda serão essas?

Aguardemos!

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Enfim, uma ação concreta para punir empresas que metem o pé na porta e invadem a tua casa


Invasão de privacidade não é apenas quando alguém mete o pé na porta e invade a tua casa.
Também é quando colhe a tua imagem, num ambiente privado, e a divulga.
Também é quando ligam para o teu telefone, a qualquer hora do dia, oferecendo produtos sem que tu tenhas dado permissão para isso.
Isso também é invasão da privacidade. E, por sê-lo, merece uma reprimenda legal das mais vigorosas, seja por parte do estado, quando uma coletividade de pessoas é permanentemente afetada, seja por parte do próprio prejudicado.
É das mais salutares, por isso, a decisão anunciada pelo Ministério da Justiça, nesta segunda-feira (18), de suspender por tempo indeterminado as atividades de cerca de 180 empresas do setor de telemarketing, principalmente ligadas a bancos e instituições financeiras. A multa pode chegar a R$ 13 milhões.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor e dos 27 Procons do país, "fará uma grande operação contra uma das maiores perturbações do dia a dia do brasileiro: o telemarketing abusivo".
Que seja assim.
Por aqui, eu já bloqueei no meu celular mais de 120 telefones de telemarketing, inclusive de dezenas de bancos e instituições financeiras.
Só assim estou encontrando sossego nos últimos dois anos.
Mas uma operação como essa, anunciada pelo próprio Ministério da Justiça, poderá contribuir bastante para que essas empresas parecem de meter o pé na porta e invadir a sua privacidade.

sábado, 16 de julho de 2022

Encenar a morte de Bolsonaro pode dar cadeia. Mas isso não será "sentido figurado"?

O Brasil, meus caros, não é para amadores.

Não mesmo!

Quando Tom Jobim proclamou essa frase, ele jamais imaginou que ela se transformaria numa máxima.

Neste sábado (16), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, anunciou ter determinado que a Polícia Federal (PF) abra um inquérito para investigar um vídeo que traz a encenação de um suposto atentado contra Bolsonaro. As imagens viralizaram nas redes sociais.

“Circulam nas redes fotos e vídeos de um suposto atentado contra a vida do presidente Bolsonaro. Produção artística??? Estamos estudando o caso para avaliar medidas cabíveis e apurar eventuais responsabilidades. As imagens são chocantes e merecem ser apuradas com cuidado”, afirmou Torres.

Mas é o seguinte.

Bolsonaro, em 2018, estava no Acre.

Entusiasmado, passou a mão num tripé, colocou-o em posição como se fosse um fuzil e bradou: "Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre". Vejam no vídeo acima.

Os fanáticos foram ao êxtase.

Agora, depois do crime político que resultou na morte de um petista por um bolsonarista - mas que uma delegada descobriu não ter sido crime político -, Bolsonaro foi questionado sobre esse episódio por uma jornalista.

E confrontou-a: "Você sabe o que é sentido figurado? [...] Você estudou português na sua faculdade ou não?"

Jair Bolsonaro, o Intelectual, o Mito da Eloquência, o cultor por excelência da nossa Flor do Lácio.

Ele, sim, pode fazer uma encenação.

Ele, sim, pode fazer seu teatrozinho, dizendo que vai fuzilar a petralhada.

Ele, sim, pode proclamar suas palhaçadas que tresandam a ódio, hostilidade, misoginia, homofobia e outras fobias.

Mas, quando encenam a morte dele, o ministro da Justiça manda "apurar eventuais responsabilidades".

Mas a encenação não terá mero "sentido figurado"?

Não foi apenas um teatrozinho?

Qual é, essencialmente, a diferença entre o teatrozinho de Bolsonaro e o teatrozinho que encena sua morte?

Esse é o Brasil, minha Pátria amada!

Avante!

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Quando você quiser investigar crime de ódio ou crime político, aprenda com a Polícia Civil do Paraná

A delegada Cecconello: para a Polícia Civil, crime de ódio não é crime de ódio.
Como crime político também não é crime político.

Assustador!
A partir de hoje, todas as vezes que eu quiser aprender lições sobre como não ligar os fatos à obviedade, ou a obviedade aos fatos, eu vou pedir os manuais que são seguidos pela Polícia Civil do Paraná.
A delegada Camila Cecconello informou há pouco que não houve motivação política no assassinato. E tanto é assim que Jorge Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e causar perigo comum.
E por que não crime de ódio e crime político?
Com as palavras, a delegada: "É difícil nós falarmos que é um crime de ódio, que ele matou pelo fato de a vítima ser petista", afirmou. E acrecentou: "Para você enquadrar em crime político, tem que enquadrar em alguns requisitos. É complicado a gente dizer que esse homicídio ocorreu porque o autor queria impedir os direitos políticos da vítima. Parece mais uma coisa que se tornou pessoal", afirmou Camila.
Hehe.
Só pode ser brincadeira da doutora.
A própria investigação já concluiu que Guaranho estava num churrasco e foi aí que tomou conhecimento da realização, em outro lugar, da festa de aniversário do petista.
Tomando conhecimento, foi lá.
Chegando lá, bem na porta do salão onde se comemorava o aniversário de Arruda - que tinha o PT como tema, não esqueçam -, fez estrilar em altos decibéis o som do seu carro, de onde ecoavam músicas em apoio a Bolsonaro.
Além disso, o próprio Guaranho proclamava, aos berros, frases em apoio a Bolsonaro e de ofensa a Lula e aos petistas.
Confrontado com a reação de Arruda, que lhe jogou terra, Guaranho saiu do local dizendo que voltaria para matar todo mundo. E voltou mesmo. Matou o petista e talvez só não matou mais gente porque foi baleado.
Então, o que falta nisso para a ocorrência ser enquadrar como crime político ou crime de ódio?
Era preciso, para caracterizar o crime político, que Arruda chegasse à frente do local da festa, saísse do carro, se enrolasse na bandeira do Brasil, fincasse ao lado dele banners em apoio ao Bolsonaro e fizesse um discurso antecipando que mataria todo mundo, porque não admitia que houvesse petistas e lulistas na face da Terra (inclusive a plana)?
Era isso que precisava para a Polícia do Paraná ver configurada a ocorrência do crime político?
Contem outra.
Enquanto me contam, vou para o Paraná, apreender com a polícia de lá como se investiga um crime político ou um crime de ódio.
Céus!

Filiado ao PCdoB do Pará é acusado de estuprar vulnerável. Partido garante que já o afastou e abriu processo contra ele.

No mesmo contexto em que o País inteiro - este país de violências, vale dizer - mostra-se estupefato com a violência intolerável cometida por um monstro travestido de médico, que estuprou mulheres após darem à luz em partos cesareanos, o PCdoB do Pará enfrenta um momento desconfortável, para não dizer constrangedor.

O partido, que em âmbito nacional já se manifestou publicamente em repulsa às monstruosidades cometidas pelo médico Giovanni Bezerra, tem um filiado seu, que ocupava funções na própria legenda e também um cargo na Imprensa Oficial do Estado, acusado do crime de estupro de vulnerável.

A acusação recai sobre o membro do partido Roony de Oliveira, que teria praticado o crime contra uma militante menor de idade da União da Juventude Socialista (UJS). Segundo matéria publicada no blog Live News, uma carta encaminhada pela secretária de Mulheres do PCdoB Belém, Alessandra Sardinha, revela, de acordo com boletins de ocorrência formalizados na Polícia Civil, a configuração de crimes sexuais pelo militante comunista.

"Vimos registrar nossa solidariedade às jovens vítimas desse abusador e manifestamos nosso profundo repúdio às covarde agressões em que conforme o relato das vítimas nota-se um padrão de comportamento onde após alcoolizá-las, deixando-as vulneráveis aos seus ataques comete diversas violências seja com as mãos, forçando-as a realizar 'sexo' oral, anal, vaginal, além de impossibilitar as mesmas de sair do local ou pedir ajuda", dizem as signatárias na carta.

Elas acrescentam que "a cultura do estupro nos mata e violenta todos os dias. Portanto, não existe emancipação das mulheres em ambientes comuns a abusadores de nossos corpos, vontades e direitos. Os fatos citados ocorreram no formato e prática das bestas que tentam naturalizar a violência na vida social e política, destruindo a honra das pessoas, além de incentivar e acobertar à misoginia."

Afastamento - Em contato na manhã desta sexta (15) com o Espaço Aberto, o presidente do PCdoB do Pará, Jorge Panzera, afirmou que, tão logo as denúncias chegaram ao conhecimento do partido, Roony de Oliveira foi afastado imediatamente de todas as funções, tanto no PCdoB quanto na Imprensa Oficial. Pré-candidato a deputado estadual, Panzera garantiu ainda que o acusado não era coordenador de sua campanha.

O PCdoB também emitiu uma nota informando que instaurou processo disciplinar que pode resultar na expulsão do filiado de seus quadros, ao mesmo tempo em que se solidarizou com as vítimas e ofereceu-lhes ajuda jurídica e psicológica.

A seguir, a íntegra da nota da partido.

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Em referência à denúncia recebida pela direção do partido no dia 11 de julho de 2022, praticado pelo Sr. Roony José Bentes de Oliveira, filiado deste partido, de cometimento de crime contra a dignidade sexual, liberdade sexual, estupro, estupro simples e importunação sexual, imediatamente foi remetido à Comissão Executiva Estadual do Partido, tendo sido encaminhado o afastamento imediato e preventivo de todas as funções que exercia em nossa organização, sendo referendada por unanimidade dos membros desta comissão política estadual.  

A Comissão Política Estadual do PCdoB no Pará, reunida neste dia, convoca a Comissão de Controle, para abrir imediato processo disciplinar contra Roony José Bentes de Oliveira, conforme estatuto partidário. 

Reiteramos nossa total solidariedade e apoio às vítimas, com disponibilização jurídica e psicológica, assim como suas identificações preservadas. Reafirmamos o nosso repúdio e condenação ao fato. 

O PCdoB não tolera e condena todo tipo de violência contra as mulheres.


Belém 13 de julho de 2022

Comissão Política Estadual do PCdoB Pará

quinta-feira, 14 de julho de 2022

O psicopata é aquele cara "normal". Que pode estar bem ao seu lado.

Giovanni Bezerra: o monstro que muitos viam como "normal"

A literatura sobre a II Guerra - que eu particulamente aprecio - é vasta em obras que fornecem impressões, depoimentos, testemunhos e percepções de pessoas que privaram da intimidade de oficiais que integraram o topo da hierarquia nazista.
Esses relatos são tão impressionantes quanto inacreditáveis, porque mostram a candura, a delicadeza, a educação, a civilidade e outros nobres atributos de homens que, como capatazes diretos de Hitler, foram direta e pessoalmente responsáveis por atrocidades inimagináveis.
Li em vários livros, por exemplo, relatos em que comandantes dos campos de concentração, residindo perto, bem perto, dos galpões em que milhares de judeus eram mortos por asfixia, terminavam seu expediente de matança e iam para a casa, onde dedicavam-se a hobbies como cultivar jardins bem floridos e extasiavam-se, depois do jantar, em ouvir músicas clássicas, antes de recolherem-se ao leito para sonhar com lindas paragens. Isso tudo, repita-se, depois de comandarem a matança de milhares de seres humanos.
Um desses livros, cuja leitura eu recomendo, é Até o Fim. Nele, Traudl Junge, ninguém menos que secretária pessoal de Hitler, mostra o Führer como um homem sensível, terno, educado, atencioso. Um Hitler inacessível ao imaginário que o tem como o arquiteto, entre outras coisas, do holocausto que matou 6 milhões de judeus.
A prisão desse monstro travestido de médico, Giovanni Bezerra, flagrado em filmagens estuprando mulheres logo após darem à luz em partos cesareanos, é desses casos que nos levam facilmente, mas também aterrorizadamente, a concluir que o psicopata, muitas vezes, é aquela pessoa "normal", que pode estar bem ao seu lado - na academia, no apartamento vizinho ao seu, no bar que você frequenta, na arquibancada do estádio etc.
Matéria publicada em O Globo desta quarta-feira (13) mostra, por exemplo, que Bezerra é filho de pais separados - ele, inclusive, também um médico com 41 anos de carreira e dono de uma clínica de ginecologia -, reside em confortável apartamento num condomínio da Barra, no Rio, e frequentava regularmente a academia, acompanhado de um personal.
- Todos ficaram chocados. A gente via o Giovanni diariamente. É bem estranho pensar no que ele fez aquilo. Ele parecia normal - diz uma das pessoas que o conheciam na academia.
- Ele era rico, tinha condição boa e uma namorada linda. Ele tinha tudo, não dá para entender - comentou outra pessoa ouvida pelo jornal.
Pois é.
O psicopata é sempre aquele cara "normal".
Que pode estar ao seu lado.

Conheçam o nosso Eduardo Cunha sem escrúpulos

Essa aí é a coluna de Malu Gaspar em O Globo de hoje.
É irretocável, ao descrever e definir o perfil de Arthur Lira, o condestável do Centrão e atualmente bolsonarista, mas que já foi temerista, dilmista, lulista, fhcesista e outros istas.
Lira, na votação desta PEC Kamikaze - a proposta acintosamente eleitoreira que a oposição, oportunistamente, ajudar a aprovar com amor no coração e lágrimas nos olhos -, excedeu-se escandalosamente.
Ele entronizou seu nome na história recente do Congresso como o Atropelador da República.
Lira manobrou despudoramente.
Lira tratorou.
Rasgou o regimento.
Permitiu, de uma penada só, que a votação virtual acontecesse numa quarta-feira, quando só pode ocorrer às segundas e sextas.
Como lembra Malu Gaspar, alguns parlamentares mais antigos dizem que "Lira é um Eduardo Cunha sem escrúpulos".
Eduardo Cunha, com todos os escrúpulos do mundo, é aquele, vocês sabem, que foi condenado duas vezes, uma delas a 15 anos e quatro meses de prisão, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Atualmente, ele cumpre prisão prisão domiciliar.
Vocês imaginam, então, um Eduardo Cunha sem escrúpulos.
É Lira.
Avante, meu Brasil amado!

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Antes, eram fezes na cabeça de jornalistas. Hoje, no Pará, a violência contra jornalistas assume outros perfis. Mas é violência.

A Imprensa paraense registra em sua história - que remonta, ao que se sabe, ao início do século XIX com a circulação do intrépido O Paraense, do não menos intrépido Cônego Batista Campos - momentos em que, literalmente, resvalou para os limites pútridos de fezes despejadas na cabeça de jornalistas que faziam oposição aos poderosos de plantão.

Foi assim com o velho Paulo Maranhão, quando foi alvejado por fezes que lhe foram lançadas por baratista fanático e, ao mesmo tempo, indignado com a virulência da oposição que a Folha do Norte, o impresso de Maranhão, fazia ao governo do general Magalhães Barata.

Um detalhe - nas circunstâncias, nada desprezível: o editor da Folha foi atacado perto da casa dele, às proximidades da Basílica, em Nazaré, num momento em que, coincidência das coincidências, o fornecimento d'água havia sido cortado para todo o bairro.

Em sua trajetória marcada por violências deflagradas por lutas políticas, a Imprensa paraense também teve o registro de empastalamento de jornais. E não foi quaquer empastelamento, não. A Província do Pará, que dava sustentação ao governo de seu proprietário, o também jornalista e prefeito (naquela época intendente) de Belém, Antônio Lemos, e funcionava no prédio que depois viria a ser a sede do Instituto de Eduação do Pará (IEP), na Serzedelo com a Gama Abreu, foi incendida por volta do ano de 1910 por lauristas, assim chamados os partidários do governador Lauro Sodré, liderança que contrastava com a do velho Lemos.

Hoje, decorrido pouco mais de um século de acontecimentos como esses, a violência contra jornalistas, para se exprimir, não precisa vir na forma literal de baldes com fezes despejados na cabeça de jornalistas e nem tampouco as estruturas físicas onde eles trabalham precisam ser incendiadas.

A violência, hoje, mostra-se às vezes mais sutil ou mais, digamos assim, adornada de aparências legais. Mas nem assim deixa de ser violência. E violência inominável.

A violência, hoje, revela-se por inteiro, quando jornalistas, sobretudo os que editam blogs, portais ou outros veículos que funcionam na mídia virtual, são cerceados na sua liberdade - de informar, de criticar, denunciar e cobrar, seja lá o que for e de quem for.

A violência, hoje, revela-se por inteiro quando jornalistas são alvos de buscas e apreensões absolutamente desnecessárias, mas que o Poder Judiciário chancela e autoriza por entrever excessos no exercício do jornalismo.

A violência, hoje, revela-se injustificada quando, a título de acudir o direito de pessoas supostamente atingidas na sua honra por informações ou críticas produzidas por jornalistas ou profissionais de outras áreas, as mídias que estão sob sua responsabilidade são compelidas por ordens judiciais a suprimir matérias ou postagens ou então elas próprias, as mídias, são derrubadas, ou seja, são tiradas simplesmente do ar.

Hackers - Nesta terça-feira (12), dois jornalistas de Belém ocuparam-se durante quase todo o dia em formalizar presencialmente, na Polícia Federal e no Ministério Público Federal (MPF), pedidos para que sejam investigados os sucessivos ataques de hackers que os sites deles têm sofrido nos últimos dias.

Durante o relato, os dois profissionais chegaram a apresentar documentos demonstrando que o dirigente de uma autarquia adquiriu 16 registros com nomes similares ao de um site que ele acusa de veicular informações que maculariam sua honra. Em outra situação, uma notificação extrajudicial para a retirada de 16 matérias disponíveis em outro site foi muito além de uma ordem judicial, para retirar apenas uma.

Nenhum direito é absoluto. Absolutamente nenhum, inclusive o direito à livre expressão. Assim é que, se há excesso no direito de criticar ou de informar, o Judiciário é o âmbito apropriado para discutirem-se as reparações pertinentes.

Nós, jornalistas, cometemos erros? Sim, muitos.

Cometemos excessos? Sim. Estamos passíveis de cometê-los.

Estamos acima das leis? Não estamos.

Mas há uma grande diferença entre estarmos passíveis de observar os limites legais no exercício da nossa profissão e a tentativa de sufocarem o jornalismo e os jornalistas quando eventuais excessos sobrevêm.

Convenhamos: blogs, portais e outras mídias virtuais do Pará, sobretudo os que têm jornalistas como responsáveis, estão sendo alvos de tentativas de sufocá-los, de simplesmente eliminá-los e extingui-los, para que não sobre pedra sobre pedra - ou vírgula sobre vírgula, se quiserem.

No Pará, a tentativa de pulverizar, de tirar do mapa ambientes jornalísticos que hoje se mostram os poucos meios que ainda ousam contestar discursos oficiais - sempre enganosos, ilusórios, demagogos, hipócritas e eleitoreiros - é exatamente proporcional à compulsão demonstrada por outros veículos, de bajular, de adular, de ajoelhar-se compungidamente e covardemente diante de autoridades e homens públicos que, por exercerem atividades públicas, precisam ser fiscalizados. E fiscalizados rigorosamente, deve-se dizer.

A sociedade paraense precisa estar alerta para esses sinais desastrosos que põem em risco a liberdade do jornalismo e de jornalistas.

Se ninguém fizer nada, se ninguém se opuser aos que sonham, noite e dia, dia e noite, ficar completamente imunes às lupas do jornalismo, então não poderemos, depois, reclamar que somos vítimas deles - de suas ambições, de sua demagogia, de suas venalidades e da sua espantosa falta de escrúpulos.

terça-feira, 12 de julho de 2022

Deputada bolsonarista, em bolsonarice explícita, chega perto de culpar o petista que um bolsonarista matou

@metropolesoficial Na tribuna da Câmara, deputada #bolsonarista diz que assassino de #petista em Foz do Iguaçu foi “injustamente provocado”. No entanto, imagens de câmeras de segurança e relatos de testemunhas mostram que quem iniciou as provocações foi o autor do assassinato #TikTokNotícias ♬ som original - Metrópoles Oficial

Contando, ninguém acredita.

Vendo e ouvindo, talvez alguém acredite.

Vejam esse videozinho aí em cima.

Está no Tik Tok, perfil do Metrópoles.

É quase inacreditável o que se vê.

Uma deputada bolsonarista diz que Marcelo Arruda, o petista morto por um bolsonarista fanático e alucinado no último sábado, provocou - e além disso "injustamente" (hehe) - o assassino, identificado como Jorge Guaranho, policial penal federal.

A gente tem a impressão de que, se ela se empolgasse mais um pouco, acabaria dizendo que Marcelo se matou e, já morto, ainda assim conseguiu matar o bolsonarista.

Como já se disse aqui, não é que essa pré-campanha, com ares de campanha, ainda vai dar merda. Ela já está dando merda, inclusive com a ocorrência de morte, como se viu em Foz do Iguaçu.

E até outubro, nós vamos ver aumentar muito, muitíssimo o número de alucinados que, presas de suas próprias alucinações, vão inventar maluquices e difundi-las a partir de várias tribunas.

Inclusive a da augusta Câmara dos Deputados.

Credo!

segunda-feira, 11 de julho de 2022

"O que eu tenho a ver com esse episódio de Foz do Iguaçu? Nada!", diz Bolsonaro. Ele mente.


"O que eu tenho a ver com esse episódio de Foz do Iguaçu? Nada!"
Esse foi Bolsonaro, o Intrépido, o Amante da Paz, do Amor e da Concórdia, falando na manhã desta segunda-feira (11) sobre o crime hediondo cometido por um bolsonarista, que no último sábado matou a tiros um petista que comemorava seus 50 anos de idade.
O que Bolsonaro tem a ver com esse episódio de Foz do Iguaçu?
Tudo.
Ele tem tudo a ver.
Bolsonaro já fez apologia à tortura.
Bolsonaro, durante os últimos quatro anos, tem escabujado declarações odiosas, porcas e desrespeitosas a quem ousa criticá-lo. E quando os críticos são mulheres, então, aí ele se excede no melhor de sua misoginia. Por isso, ele já foi condenado por crime cometido contra a jornalista Patrícia Campos Mello.
Bolsonaro estimula que todos se armem.
Bolsonaro já ameaçou encher jornalista de porrada.
Bolsonaro, em 2018, fez o convite: Vamos fuzilar a petralhada!
Bolsonaro, com suas declarações, gestos e atitudes, sempre estimulou a violência e a hostilidade contra os que não se rendem às suas psicopatias. E quem não se rende, ou não se intimida diante de sua psicopatia, ele sempre considera comunista, esquerdista, petralha ou categoria do gênero.
Bolsonaro, que é um mentiroso compulsivo, mente quando diz que nada tem a ver com o crime que ceifou da vida do tesoureiro do PT.
Ele tem, sim, tudo a ver.
Absolutamente tudo a ver.

Bolsonarista fanático comete um crime hediondo. Mas você está com pena dele ou da vítima?

Marcelo Arruda, o petista morto na própria festa de aniversário por um bolsonarista:
ninguém esqueça que ele é a vítima. E vítima de um crime hediondo.
Não é de hoje.
Todas as vezes em que me deparo com um crime hediondo - e crimes hediondos, vocês sabem, acontecem todos os dias -, proponho-me recorrentemente algumas questões.
Por exemplo: se eu conseguisse dominar esse criminoso, logo após o crime, o que eu faria com ele? Eu o imobilizaria, faria com que se sentasse num sofá, oferecia-lhe água na quantidade que quisesse beber e diria para que ficasse aguardando a puliça chegar, ao som da Quinta Sinfonia de Beethoven? Ou então eu, simplesmente, iria até a cozinha, pegaria uma faca e cravaria 400 mil vezes na cara dele, até matá-lo?
Quando me proponho essas questões, também formulo uma ocorrência hipotética (mas antes sempre bato na madeira 300 vezes - toc, toc, toc, toc, toc...).
A ocorrência seria a seguinte: e se eu chegasse em casa e me deparasse com uma filha minha, com minha mulher, com minha mãe sendo molestada sexualmente por um selvagem e conseguisse dominar de alguma forma o bárbaro, o que eu faria com ele?
Devo confessar a vocês que, diante dessa questão, tenho sempre um certeza e uma dúvida: 1. A certeza: eu jamais lhe daria um copo d'água enquanto aguardasse a chegada da polícia e muito menos o deixaria ouvindo Beethoven; 2. A dúvida: já que não tenho arma, como pregam os bolsonaristas fanáticos, não sei se iria à cozinha da minha casa e pegaria uma faca para aplicar-lhe 400 mil facadas, mas certamente, no auge da minha indignação contra um crime hediondo, não hesitaria em fazer o criminoso sentir na pele, literalmente, alguma forma de dor física que eu mesmo julgasse compatível com a hediondez que ele cometeu.
O que você faria? - Então, você aí, se fosse filha, filho, primo, irmão ou amigo de Marcelo Arruda, o tesoureiro do PT que barbaramente, selvagemente, cruelmente, hediondamente foi morto a tiros por um fanático bolsonarista, o que você faria com o assassino, mesmo já imobilizado por cinco tiros da vítima, que ainda conseguiu reagir para evitar que o criminoso completasse o seu ato hediondo e matasse outras pessoas?
Estou propondo esse questionamento porque, ainda nem transcorridas as 48 horas do cometimento do crime hediondo que ceifou a vida do militante petista, vejo as redes sociais derramando lágrimas a rodo.
As lágrimas são vertidas por bolsonaristas compungidos porque o assassino hediondo, identificado como Jorge Guaranho, um bolsonarista maluco - que se anunciou na festa de aniversário do petista como bolsonarista, mas não como maluco -, aparece nas imagens caído, após ter levado cinco tiros, ao mesmo tempo em sua cabeça era alvo de pontapés e novos disparos à queima-roupa desferidos por alguém ligado a Marcelo, que àquela altura, segundo se acredita, já estava morto.
O que dizem os bolsonaristas e outros, nem tanto, que vão buscar no fundo de seus mais nobres repositórios morais forças suficientes para proclamar sua revolta contra o assassinato do petista e a forma, igualmente brutal, com que o assassino foi tratado logo após cometer o crime?
Os bolsonaristas, e outros nem tanto assim, lançam mão das velhas máximas tipo "nada justifica a violência", ou "violência não se paga com violência" ou ainda "um ato bárbaro não apaga outro ato bárbaro".
Pois é.
Hediondez atrai hediondez - Um assassino, caído e exaurido de forças, por ter levado cinco tiros, foi alvo de um ato bárbaro por também ter sido chutado na cabeça várias vezes e ter levado mais tiros?
Sim. Ele foi.
Guernica: Foi você quem fez? - perguntou um nazista a Picasso.
"Não, você fez", respondeu o pintor.
Foi alvo de uma violência selvagem?
Sim. Ele foi.
Foi alvo de uma crueldade?
Sim. Ele foi.
Foi alvo de extravasamentos que nenhuma lei (escrita, vale dizer) acolhe?
Sim. Ele foi.
Tudo isso é verdade.
Mas também é verdade que o assassino selvagem foi vítima da própria selvageria que ele primeiramente provocou.
Também é verdade que o assassino cruel foi vítima da própria crueldade que ele anteriormente acabara de provocar.
Também é verdade que o assassino bárbaro foi vítima da própria bárbarie que ele anteriormente acabara de cometer.
Também é verdade que o assassino hediondo foi vítima de sua própria hediondez.
Hediondez se paga com hediondez?
Não. Eu, como busco todo dia a salvação eterna, digo que não.
Mas convém que você aí - sobressaltado e indignado porque um assassino hediondo foi alvo de uma hediondez logo em seguida ao crime hediondo que cometeu - não esqueça que ele, o assassino hediondo, foi vítima de sua própria hediondez.
"Você fez!" -Aliás, essa história me lembra uma outra.
No início dos anos 1940, em Paris, bateram às portas do estúdio de Pablo Picasso.
Eram militares alemães, que foram lá bisbilhotar sobre a vida e o trabalho do gênio catalão, que ousara demonstrar o morticínio perpetrado por franquistas, com a ajuda de nazistas, na cidade basca de Guernica, retratando o massacre na então já famosa tela Guernica.
À saída, Picasso ofereceu aos visitantes um cartão-postal de Guernica.
Um dos alemães perguntou ao pintor:
- Você fez isso?
E Picasso:
- Não, você fez!
Mais ou menos o que ocorre agora, com essa brutamontes bolsonarista.
Não é que os outros lhe fizeram uma hediondez.
Foi ele mesmo quem fez.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Uma casa abandonada vira atração turística. Mas não convém festejarmos criminosos como celebridades.



A casa abandonada, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, e os curisosos à espera
de verem a criminosa: convém não banalizamos os crimes, sobretudo os monstruosos.
(As fotos são do Espaço Aberto)

Quem já não se extasiou lendo A Sangue Frio?
Ou A Fogueira das Vaidades?
Ou Fama e Anonimato?
Ou O Voyeuer?
Ou Frank Sinatra está Resfriado?
Ou Hiroshima?
Ou A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista?
Truman Capote, Tom Wolfe, Gay Talese, John Hersey e Joel Silveira, dentre tantos outros, legaram-nos obras-primas do New Jornalism, aquele estilo de jornalismo literário em que o jornalista, mais do que um simples contador da história, impessoal e imparcial, acaba sendo um dos protagonistas dela.
Eu tenho essas obras aqui na minha pequena biblioteca, juntamente com várias outras do gênero, todas lidas e algumas delas, relidas.
Pois é new jornalism na veia, transposto para o formato narrativo verbal, que o repórter - excelente - Chico Felitti está fazendo em A Casa Abandonada, o podcast da Folha que já é um dos mais ouvidos, senão o mais ouvido, em todo o País.
O trabalho de Felitti é jornalismo puro, que conta a história impressionante de Margarida Bonetti, a brasileira que, juntamente com o marido, escravizou de maneira inacreditavelmente cruel uma empregada doméstica negra, que o casal levou para os Estados Unidos no anos 1980.
Essa história, em si, não é nenhuma novidade.
A novidade é Felitti ter descoberto que Margarida Bonetti é a moradora misteriosa - ou era, porque no momento já saiu de lá - misteriosa de uma casa abandonada que fica em Higienópolis, um dos bairros mais aristocráticos onde se abriga a zelite paulistana.
O repórter descobriu que a mulher fugiu dos EUA para o Brasil depois que começou a ser processada por lá, juntamente com o então marido, e foi se abrigar na casa onde morou com os pais - fincada num terreno imenso, o único em Higienópolis que ainda tem quintal, cheio de abacateiros.
Atração turística - A residência, fincada na Rua Piauí, bem perto da pracinha Vilaboim, virou atração turística.
Depois que o podcast passou a bombar, todo dia, o dia todo, dezenas de pessoas se concentram do outro lado da rua, à espera de verem a moradora misteriosa.
Como estou aqui em São Paulo, para aproveitar a Bienal do Livro, também fui lá para ver a casa e fazer as fotos que estão acima.
Mas não fiquei à espera de ver a criminosa, que chegou algumas vezes a aparecer na janela com a cara emplastrada de um creme branco e até acenava para quem estava em frente à casa.
Não esperei para ver essa mulher porque acho que, quando começamos a tratar criminosos como celebridades, a tendência é de que banalizemos os crimes que cometeram.
E o crime dessa mulher e do ex-marido é monstruoso.
Para saberem os detalhes, ouçam o podcast, que já está no quinto episódio e ainda terá mais dois, conforme o próprio Felitti já adiantou.
Já ouvi todos os episódios até agora.
A história é chocante, mas eletrizante, e merece ser ouvida sobretudo por jornalistas.
Corram pra ouvir.

Não é que ainda vai dar merda. Já está dando. Muita merda, aliás.


Sabem aquela expressão muito popular - vai dar merda?
Pois é.
Já está dando.
Na pré-campanha que se inicia, com ares de genuína campanha, está sobrando merda.
Literalmente.

Fezes - primeiro ato
Em junho passado, um drone de pulverização agrícola borrifou urina e fezes sobre os presentes num comício que celebrou a aliança entre o ex-presidente Lula, pré-candidato do PT à Presidência, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil para as eleições de outubro.

Fezes - segundo ato
Nesta quinta-feira (7), o juiz federal Renato Borelli, que mandou prender o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e sua quadrilha, teve o carro atacado por fezes de animais, terra e ovos quando saía de casa dirigindo o próprio veículo. Antes mesmo desse episódio, ela já havia representado à Polícia Federal dizendo que sofre ameaças desde junho, quando autorizou a operação para prender o ex-ministro e dois pastores.
Fezes - terceiro ato
Também nesta quinta-feira, uma espécie de bomba caseira com um líquido que cheirava a fezes foi arremessada no local de um evento com Lula, no Centro do Rio. Foi detido um suspeito, identificado como André Stefano Dimitriu. No vídeo acima e nas fotos ao lado, mandados por um leitor do blog, vejam imagens do evento.
Um petista dos antigos, escolado em campanhas políticas, farejando nos horizontes odores ainda mais pútridos, pondera ao Espaço Aberto que, se fosse Lula, cuidaria de reforçar triplamente sua segurança e de assessores mais próximos que atuarão nesta campanha.
"É que eles serão capazes de tudo para bagunçar, aterrorizar, intimidar e resistir a qualquer prenúncio de vitória do Lula", afirma o petista.
Quem são eles?
Eles, todos sabemos quem são.
Mas vamos aguardar.
De qualquer forma, mais do que prenúncios de odores mais pútridos, já temos, factualmente, a podridão sendo espargida a rodo nesta pré-campanha e, posteriormente, na própria campanha.
Acompanhemos.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Na Inglaterra, escândalo sexual derruba governo. No Brasil, é saudado com um estrepitoso silêncio.

Bolsonaro e Boris Jhonson: eles são bem parecidos, com a diferença de que
o britânico é inteligente. Mas sempre foi uma tragédia.

Em setembro de 2019, o Espaço Aberto escreveu numa postagem sobre Boris Johnson:

Boris Johnson, o primeiro-ministro da Inglaterra, é uma espécie de Bolsonaro da terra da Rainha.
Os dois são muito, mas muito parecidos.
Com três diferenças, porém: Johnson é inteligente (apesar de amalucado), tem experiência na vida pública e às vezes, muito raramente, é lúcido.
Mas a experiência do Johnson como primeiro-ministro britânico, convenhamos, é uma tragédia.
Um irmão dele, só pra vocês terem ideia, abandou o governo poucos dias após ser indicado ministro.

Agora, confirma-se à exaustão o que se escreveu três anos atrás: Boris Johnson, de fato, é uma tragédia.
É amalucado, imprevidente e ousado a ponto de chancelar o cometimento de ilícitos por auxiliares próximos.
Sua maluquês (como diria Raul Seixas) chegou a tal ponto que, nesta quinta (07), ele foi obrigado a dar no pé, renunciando ao cargo de primeiro-ministro depois da descoberta de um escândalo sexual com envolvimento direto de auxiliares.
Antes disso, recordem, Johnson conseguiu se segurar no cargo apesar das tormentas que desabaram sobre o governo, após denúncias investigadas e devidamente confirmadas de que o número 10 de Downing Street - prédio que serve ao mesmo tempo de residência oficial e de gabinete de trabalho dos mandatários britânicos - teve seus aprazíveis jardins transformados em palco de festas animadíssimas no auge da pandemia, quando a população era obrigada a ficar em casa, observando restrições impostas pelo próprio governo para evitar o aumento do contágio por coronavírus.
Mas o interessante é que, na Grã-Bretenha, escândalo sexual derruba mesmo um governo como o de Boris Johnson, que parecia inderrubável.
Já por aqui, um escândalo sexual como o que envolve Pedro Maluco, o assediador compulsivo que manchou a imagem da Caixa, está sendo saudado com um silêncio ensurdecedor por parte de seu amigo do peito, Jair Bolsonaro, o Intrépido, o Indomável, o Incorruptível, o Mito.
Mas governos corruptos são assim mesmo: a corrupção passa ao largo e todo mundo, até os mitos, fica fazendo cara de paisagem.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Bolsonaristas avisam que não vão "deixar barato" para Helder. É o vale-tudo que se aproxima!


Adversários do governador Helder Barbalho nas eleições deste ano, sobretudo os que orbitam em torno do bolsonarista Zequinha Marinho, garantem que podem até perder, mas não vão deixar barato.
Por não deixar barato, entenda-se que vai valer tudo, ou quase tudo, para cravar no governador duas imagens que os bolsonaristas avaliam como essenciais:
1. A do administrador que em quatro anos não fez sequer uma obra de peso, significativa para chamar de sua, mas limitou-se a reformar ou dar continuidade a realizações de obras do governo anterior, do então tucano Simão Jatene.
2. A do administrador que não agiu com transparência num momento em que a transparência era mais necessária: durante a pandemia do coronavírus, que rendeu más notícias a Helder, inclusive duas grandes operações da Polícia Federal, a Para Bellum e a SOS, realizadas por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma delas com busca e apreensão efetuada no Palácio dos Despachos e na residência do próprio governador.
Fontes bolsonaristas ligadas à campanha de Zequinha Marinho, antes aliado, mas hoje inimigo figadal da família Barbalho, garantem ao blog que, com essas duas imagens que serão trabalhadas durante a campanha, a intenção será, pelo menos, reduzir a enorme vantagem a favor de Helder, conforme apontam as últimas aferições eleitorais.
"Sabemos que vencer [o governador] vai ser um tarefa das mais difíceis, mas não vamos desistir, pelo menos, de incomodá-lo", diz uma das fontes ouvidas pelo Espaço Aberto.
A conferir.

terça-feira, 5 de julho de 2022

Condomínio em Nazaré fica durante cinco dias sem energia. Até a "puliça" foi chamada, em meio ao estresse em alta voltagem.

Moradores do Conjunto Jardim Ipiranga, o maior condomínio da Avenida Brás de Aguiar, no bairro de Nazaré, estiveram à beira de um ataque de nervos durante os últimos quatro dias.

Por volta das 16h da última sexta-feira, a pane em um transformador deixou todos os blocos sem energia, que só foi restabelecida às 18h desta terça (05).

É isso mesmo que você leu: sexta, sábado, domingo, segunda e terça, até as 18h, o conjunto ficou sem energia, para desespero e atropelos enfrentados por centenas de pessoas - muitos idosos, inclusive - que residem no Ipiranga.

Teve gente que foi obrigada a se mudar para a casa de parentes, tantas foram as privações e os prejuízos decorrentes do apagão.

O estresse foi tanto que até a puliça, num dado momento, precisou intervir.

Não está ainda perfeitamente definida a causa da prolongada escuridão.

Um das causas mais prováveis teriam sido os danos que a pane no transformador provocou nos cabos, já bem antigos, que alimentam os blocos de energia elétrica.

Para restabelecê-la, foram necessários vários procedimentos, entre os quais a instalação de dois postes dentro do condomínio.

Agora, há dezenas de moradores que já estão se articulando para ingressar coletivamente com uma ação por danos morais e materiais contra a Equatorial Energia.

Toma-te!

sábado, 2 de julho de 2022

Todos juntos, na mesma canoa com Bolsonaro. E o abismo logo ali!

Esse infográfico aí, o Espaço Aberto pinçou-o da edição deste sábado, de O Globo.

Mostra de maneira didática os efeitos, as consequência da aprovação pelo Senado, na noite úlima quinta-feira (30), da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê gastos de R$ 41,2 bilhões em medidas para auxílio à população pobre e a algumas categorias profissionais.

O texto também estabelece um estado de emergência no país para viabilizar a criação de um voucher temporário de R$ 1 mil para caminhoneiros autônomos e um benefício para taxistas. Sem o estado de emergência, essas medidas poderiam ser contestadas na Justiça, porque a lei proíbe criação de benefícios sociais em anos eleitorais, salvo em casos excepcionais.

Eis o jeitinho brasileiro sob o selo do governo corrupto de Jair Bolsonaro, que nunca teve empatia com ninguém, mas agora, para reverter os prenúncios de sua derrota, ingressou no modo vale-tudo, mesmo que isso implique acabar de destruir com o País.

Mas a questão essencial é a seguinte.

Com essa PEC, Bolsonaro está quebrando ainda mais o Brasil, furando o teto de gastos e aplainando o terreno para um catástrofe fiscal, certo?

Certo. Certíssimo.

Então, se Bolsonaro está quebrando o Brasil, é óbvio que a oposição deveria se opor com unhas contra esse pacote de viés nitidamente eleitoreiro, certo?

Errado. Erradíssimo!

A PEC passou à quase unanimidade. A aprovação só não foi unânime por causa do voto contrário do senador José Serra (PSDB-SP), que disse o seguinte: "Ao final, é como se o Senado tivesse operado como o testa de ferro do governo. O governo poderá dizer: apenas cumpro o que o Congresso determinou."

Combinemos, portanto.

Quando a catástrofe vier, ninguém terá autoridade para apontar o dedo em direção a Bolsonaro.

Porque ele, sim, foi o artífice dessa proposta. Mas ela foi aprovada por todos, que agora igualmente passarão a ser responsáveis pelas consequências.

Agora, todos estão na mesma canoa de Bolsonaro.