Vocês se lembram.
Durante a última campanha eleitoral, redes
sociais tornaram-se repositórios de lixos, de imundícies, de excrementos sem
fim, inclusive e sobretudo de fake news,
despejadas às toneladas com o intuito de defender valores que, conforme se afirmava, são
caros à família brasileira.
Vocês sabem.
Tendo assumido o novo governo, há seis meses que
o Brasil, aquele mesmo Brasil que, dizia-se, estaria transformado num país de
encantos e maravilhas em dois dias, por conta das mágicas de um presidente
puro, imaculado e patriota, pois esse mesmo Brasil, gente, continua na mesma.
Há seis meses.
Mas a insatisfação, essa não.
Não continua a mesma.
Ela cresce. Sobe. Aumenta e se amplia.
Por quê?
Porque o governo do Capitão ainda não entendeu
que pautas ideológicas e titicas de galinhas são a mesmíssima coisa: a gente as
notas, mas elas não fazem diferença alguma na vida da pessoas, a não ser, é
claro, provocar o acirramento das paixões, agudizar os preconceitos e disseminar os estigmas (sempre horrorosos, vocês sabem).
Meninos de azul e meninas de rosa?
Dizer que universidades são um antro de
maconheiros e que é preciso exterminá-las, suprimindo-lhes verbas de custeio?
Facilitar a posse e o porte de armas, a título
de garantir a própria segurança, enquanto o estado, a quem caberia nos guardar,
nada faz para honrar essa obrigação constituticonal?
Elevar a tolerância com os maus motoristas, a
ponto de inexigir-se a obrigatoridade de cadeirinhas nos veículos?
Pois é.
Nada disso concorre para a construção de um país
menos injusto, menos intolerante, menos preconceituoso e menos tendente a cair
nas armadilhas dos extremismos.
O que conta?
O que realmente conta é melhorar a segurança
pública, mas armando o estado, e não os cidadãos.
O que conta é melhorar o meio ambiente, a
educação, o combate ao desemprego (que já põe na exclusão mais de 13 milhões de
pessoas).
Isso, sim, é que conta.
Isso, sim, é que dá liga.
Pois vejam o infográfico acima, pinçado da
edição de O Globo desta sexta-feira
(28).
Observem a rejeição do governo Bolsonaro: está
em 32%, segundo a mais nova pesquisa do Ibope.
E prestem bem atenção nos índices de percepção
sobre o governo.
De nove itens, o índice de reprovação supera o
de aprovação em sete (combate à inflação,
combate à fome e à pobreza, educação, combate ao desemprego, saúde, impostos e
taxa de juros).
Viram?
Em vez de estar dando trela a um celerado como
Olavo de Carvalho, de estar entretido em tirar cadeirinha de veículos, armar a
população e ficar com essa invencionice de que tudo é culpa da tal velha política (na qual, aliás, ele foi
criado e cresceu até ser presidente da República), Bolsonaro deveria mesmo era
cuidar de coisas como combate à fome e à
pobreza, educação, combate ao desemprego, saúde, impostos e taxa de juros.
Se fizesse isso, poderia, enfim, reduzir seu
monumental índice de rejeição.
Se fizesse pouca coisa, já conseguiria reduzir,
quem sabe, de 32% para 31%.
Como
nada faz, sua rejeição cresce sem parar.