ISMAEL MORAES
Desde o início desse infeliz caso do terrenogate, algumas pessoas, boas pessoas, me interpelaram se era necessário fazer o que eu e alguns outros colegas do Conselho da OAB fizemos, buscando esclarecer a fundo, impedindo a consumação de prejuízos materiais ainda piores ao que se consumou, se eu deveria ter exercido o mandato de conselheiro da forma como faço para tornar transparente a gestão da entidade. Tivemos que esclarecer dezenas e dezenas de vezes que tentamos a suspensão do negócio por meio menos traumático, mas, na iminência de ele se concretizar, com riscos de irreversibilidade, tivemos que torná-lo público e, tentando salvar a entidade ferida, vê-la sangrar até conseguirmos ver cumprida nossa obrigação.
Na outra face da moeda, disse-me a Dra. Avelina Hesketh “que eu tinha responsabilidade pelo que estava acontecendo por ter composto a chapa do Jarbas”. Respondi que era verdade, mas que eu cumpria a minha responsabilidade na medida em que eu exercia a minha obrigação, cumpria meu dever agindo como eu ajo. O também ex-presidente Sérgio Couto cobra-me, sempre que pode, a conta.
De um lado e de outro, tivemos que nos equilibrar, fugindo de maniqueísmos.No mês de julho, fui subtraído do pleno convívio de minha família e das minhas obrigações profissionais por ter me dedicado à trincheira em que resistimos (desde o início eu, Jorge Medeiros, Mauro Santos, Evaldo Pinto, Almyr Favacho, Mário Freitas, Valena Jacob, Carla Brasil Monteiro, Raphael Vale, e logo em seguida, com a adição de Ana Kelly Amorim, Vladimir Koenig, Leônidas Alcântara, Leonardo Pinheiro), cada um com a sua idiossincrasia, com maior ou menor intensidade de atos e reações, onde recebemos bombardeios, ofensas e insinuações de toda sorte. Mesmo correndo o risco de sucumbirmos por arrostarmos o poder constituído, não descansamos na nossa crença de que fazíamos o certo, praticávamos nosso dever, defendíamos os interesses dos advogados que depositaram a sua confiança em nós aos nos elegerem. Também recebíamos expressivas e valiosas manifestações de apoio e de consideração, como sói ocorrer ainda hoje.
Ao mesmo tempo em que mantínhamos posição no Conselho Estadual, verberávamos junto ao Conselho Federal por providências que resguardassem nossa entidade. Os conselheiros federais do Pará e os respectivos suplentes impuseram-se um lamentável silêncio obsequioso, assim como muitos colegas nossos do Conselho Estadual, como que esperando para ver em que direção iria seguir o rio.
Na semana passada protocolamos no Conselho Federal outro pedido de providências que exigiam urgência em virtude da insustentabilidade da convivência que prometia agravar. Mas essa instância permanecia com sua aparente indiferença de esfinge.
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"Tudo o que fizemos foi por obrigação.
Cada medida dura que tomamos
nos flagelava também."
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Enfim, na última sessão do dia 16 de agosto, terça-feira passada, deu-se a derrocada da posição adversária com o reconhecimento das ilegalidades na venda do terreno, tornando sem efeito a desistência pretendida pelo comprador e a aprovação das atas que testificam as responsabilidades pessoais de cada ator. Nessa mesma sessão, fomos premiados com o voto do conselheiro Almyr Favacho, professor de direito civil da UFPA, e com a magistral manifestação escrita do conselheiro vitalício Sérgio Couto, verdadeiras aulas de direito público e privado, as quais desnudaram as ilicitudes da operação de venda, reconheciam o direito de retenção, mas enviavam à submissão da autoridade judiciária a permanência do depósito do valor bloqueado. Assim, por imposição da ordem jurídica, devíamos autorizar o levantamento da pecúnia depositada na conta da OAB, sem correção, mas, de todo modo, já havíamos garantido o direito de indenização pela declaração de ilegalidade e pela aprovação das atas.
Aos que pensam termos agido com propósitos políticos, com ódios pessoais, com intenção de ofender ou ferir, saibam que tudo o que fizemos foi por obrigação; cada medida dura que tomamos nos flagelava também. O que nos guiava e ainda nos guia é a fé de que estamos agindo com Justiça, com a lei e com o que é certo moralmente. Eu e os demais companheiros citados fizemos tudo o que dependia de nós na esfera de nossas atribuições sem o propósito do mal; ao contrário. Continuamos esperando as providências que o Conselho Federal julgar cabíveis. Caso sejam necessárias, tomaremos outras medidas para obter o que julgarmos lícito, decente, honesto e devido. Infelizmente, o caso não está encerrado.
Parodiando o apóstolo Paulo, afirmo que até agora combati o bom combate e não perdi a fé, que alimenta minha alma.
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ISMAEL MORAES é advogado e conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará.
Peço desculpa ao Blog e aos leitores pelos erros da redação (concordência, pontuação e ausência de palavras). Escrevi este texto ao chegar de uma cansativa viagem a Altamira (é mera coincidência), quando deparei com manifestações na imprensa que me obrigavam prestar esclarecimentos. Era tarde da noite, eu estava extenuado.
ResponderExcluirSei não, mas a impressão que fica é que o Conselho não fez nem desocupou a moita. Continua tudo com um cheiro de m... no ar.
ResponderExcluirConselheiro Ismael, o tempo do verbo não esstá adequado: você não combateu o bom combate; VOCÊ ESTÁ COMBATENDO O BOM COMBATE. Há muita estrada ainda e ao fim verás que valeu a pena!
ResponderExcluirParabéns pela posição firme! Vcs salvaram a nossa oab.
ResponderExcluirParabéns, Ismael.
ResponderExcluirMas não abandone a luta, pois é isso que Jarbas quer.
PARABÉNS POR SUA LUTA, ISMAEL.
ResponderExcluirSÓ NÃO ENTENDI PORQUE VOTOU CONTRA SEU PRÓPRIO PEDIDO DE RETENÇÃO DO DEPÓSITO DO ROBÉRIO. EXPLIQUE, POR FAVOR.
Prezados, não era juridicamente possível manter a retenção por questões processuais. Leiam a íntegra da manifestação do Dr. Sérgio Couto disponível neste Blog, ela é definitiva sobre o tema.
ResponderExcluirOutrossim, as votações unânimes do Conselho asseguram eventuais futuras ações indenizatórias.
Ismael, foi o pontapé inicial para sua candidatura a presidência da OAB?
ResponderExcluirNão sei não, dr. Ismael! Se a manifestação do dr. Sergio Couto é definitiva sobre o tema mas o Conselho decidiu devolver logo o dinheiro para o "dono", houve de novo lambança, pois o ex-presidente propôs coisa bem diferente, tá lá no outro post onde se lê muito bem: "Em um ou em outra hipótese, estar-se-á, inapelavelmente, diante de uma situação litigiosa, que só poderá ser dirimida Poder Judiciário.
ResponderExcluirLogo, a mim parece que somente se consignando em juízo o valor recebido pela OAB-Pará é que se poderá ter a tranquilidade de uma decisão isenta a se cumprir"
Não sei não...
Ismael, eu e outros advogados preferimmos aquela sua fase combativa. Quem está gostando dessa fase é o Jarbas...
ResponderExcluirAgradeço a todas as manifestações, mas não tenho qualificação para presidir nossa entidade. Acredito que posso prestar bons serviços como conselheiro.
ResponderExcluirTambém continuarei combatendo, com mais ou menos dureza: como diz o Livro do Gênesis: tudo tem seu tempo. Devemos dosar para cada ocasião.
Abç
Ei, ei, ei, Ismael,
ResponderExcluirUm democrata-cristão...
Rárárá