“Perdi a eleição para prefeito de Belém, basicamente, por causa do uso e abuso da máquina administrativa e por causa da fúria, do ódio de certos segmentos ao Jader, com reflexos na minha candidatura, sem que eu tenha nada a ver com aquilo tudo.”
Foi assim, de um só fôlego, que o candidato do PMDB a prefeito de Belém, José Priante, resumiu ao Espaço Aberto as razões que o levaram a ser derrotado nas urnas pelo prefeito de Belém, Duciomar Costa, reeleito no domingo passado com 436.693 votos, contra 295.997 do peemedebista.
Priante não conseguiu esconder – tentou disfarçar, mas não conseguiu - que ficou decepcionado com a suposta “neutralidade” manifestada pela governadora Ana Júlia no segundo turno, sob a alegação – na qual talvez nem mesmo ela própria acredite – de que precisava manter-se equidistante numa disputa que envolvia os representantes de partidos que integram a base aliada do governo.
“Lutei para que Ana Júlia ganhasse”
- A neutralidade da governadora prejudicou sua candidatura ou muito pelo contrário? – perguntou-lhe o blog.
Priante riu primeiro, pigarreou duas ou três vezes em seguida e puxou o fôlego para responder:
- Eu não estava preocupado em saber se ela [Ana Júlia], com sua neutralidade, me ajudou ou me prejudicou. Não estava preocupado com isso porque, durante a campanha, eu estava preocupado em conquistar eleitores e obter votos. Mas eu gostaria de dizer a você apenas alguma coisa: na eleição em que a Ana Júlia disputou o governo do Estado, em 2006, enquanto eu lutava para que ela ganhasse, o prefeito Duciomar Costa lutava para que ela perdesse. Entendeu?
- Entendi. Então, você está decepcionado com a governadora?
- Eu repito a você: na eleição dela, enquanto eu lutei para que a governadora ganhasse, o Duciomar lutou para que ela perdesse. Isso é o que eu tenho a dizer – reforçou Priante.
Ele também não escondeu uma ponta de decepção com a falta de empenho da militância do PT, partido que apoiou oficial e publicamente sua candidatura no segundo turno. Priante avalia que faltou mais mobilização.
- Aliás, essa avaliação é mais das lideranças do PT do que minha. As próprias lideranças do PT esperavam que a militância, conforme foi prometido ao PMDB, fosse para as ruas com empenho, em defesa da nossa candidatura. Mas isso não aconteceu. Ficou aquém do esperado. Não sou apenas eu quem diz isso. São as próprias lideranças do PT – ressalta Priante.
O “fenômeno nacional” e a máquina
O candidato tem muito claras, muito evidentes e definidas, segundo afirma, as razões que o impediram de vencer o petebista Duciomar Costa.
Observou, primeiro, que a vitória esmagadora dos prefeitos que já estavam no cargo, como foi o caso de Duciomar, representou o que Priante classifica de “fenômeno nacional”. Lembrou que, das capitais onde houve segundo, apenas Manaus foi a exceção que confirmou a regra. Na capital amazonense, o prefeito Serafim Corrêa (PSB) foi derrotado surpreendente por Amazonino Mendes (PTB).
Priante desceu a detalhes para confirmar sua avaliação. Lembrou, inclusive, que o percentual de votos obtidos pela maioria dos candidatos que se reelegeram ficou na média ou muito próximo da média do percentual registrado em Belém, em que o prefeito Duciomar Costa ganhou com cerca de 60% dos votos válidos, enquanto ele, Priante, obteve os demais 40%.
Além do “fenômeno nacional” que se configurou na reeleição de maioria esmagadora dos prefeitos, Priante aponta o que, a seu ver, foi o fator fundamental, decisivo, determinante e devastador para sua candidatura: “o uso e abuso da máquina administrativa, da máquina pública pelo Duciomar”, segundo palavras do próprio peemedebista.
- O Duciomar mapeou Belém. Literalmente, mapeou. Verificou onde era mais fraco eleitoralmente e começou a jogar asfalto nessas áreas. A Prefeitura de Belém asfaltou ruas até na madrugada do sábado para domingo. Eu não tinha como lutar contra a máquina. Eu não tinha a meu favor nem a máquina municipal, nem a máquina estadual, nem a máquina federal. E não esqueça que o Duciomar, nas duas vezes em que se elegeu, foi ajudado pela máquina. Nas eleições de 2004, foi ajudado pelo governo do Jatene. E agora, na de 2008, ele usou a própria máquina municipal para se eleger – lembrou Priante.
“Jader é uma liderança do meu partido”
O ex-candidato do PMDB admitiu que associação feita entre seu nome e o do presidente regional do PMDB, o deputado federal Jader Barbalho, não chegou a ser decisivo para sua derrota, mas contribuiu para desgastá-lo.
- Fizeram um jogo sujo contra mim. Eu não posso negar minhas relações com o Jader. Ele é o presidente, é uma liderança do meu partido. O problema é que o Duciomar começou a distribuir panfletos com baixarias contra o Jader e fazendo associações a mim, que não tenho nada a ver com isso. O Jader foi alvo da fúria, do ódio que certos segmentos têm a ele, e esse ódio se transferiu em relação a mim também. O LIBERAL, por exemplo, publicou no sábado, véspera da eleição, duas páginas contra mim. Na edição de domingo, a coluna [Por Dentro] inteira do Ronaldo Brasiliense foi em ‘homenagem’ a mim. Não tive como evitar tudo isso – reclamou Priante.
O peemedebista diz que dispunha de elementos suficientes para denunciar fatos desabonadores sobre a conduta do prefeito Duciomar Costa, mas preferiu não fazê-lo durante a campanha.
- Eu poderia lembrar sobre a condenação dele por uso de diploma falso, sobre o uso de dois CPFs e outras coisas mais, mas preferi não recorrer a esse tipo de jogo sujo – destacou Priante.
O distanciamento de Elcione
O ex-candidato negou que a deputada federal Elcione Barbalho (PMDB), conforme várias versões – algumas delas idôneas -, tenha se recusado a dar um depoimento em favor da candidatura de Priante durante o horário eleitoral gratuito. Mas reconheceu que a deputada não participou de sua campanha.
- Ela estava ocupada com Ananindeua, por motivos óbvios – disse Priante, referindo-se ao empenho de Elcione em ajudar seu filho Helder Barbalho, que se reelegeu prefeito do município.
Mesmo assim, reforçou o deputado, “não foi preciso pedir ou deixar de pedir a ninguém para dar depoimentos no programa, porque a candidatura não era minha, era do partido, do PMDB.”
“Serei candidato em 2010”
Priante está pronto para outra, segundo ressaltou. Acha que, mesmo perdendo, foi vitorioso e já de olhos voltados para 2010.
- Eu provei, nesta eleição, que tenho coragem de expor meu nome. Fui para uma eleição e cheguei ao segundo turno. Ninguém acreditava nisso. No segundo turno, obtive os votos de 40% dos eleitores de Belém, lutando contra o uso escandaloso da máquina. Não há dúvida de que considero que a minha candidatura alcançou grande êxito, mesmo que eu não tenha sido o vencedor na eleição. E serei, sim, candidato em 2010. Não sei a quê, mas serei – finalizou Priante.
o priante é lindo, nessas eleiçoes me apaixonei por ele, pena que é casado....acho, beijos e boa sorte a ele!
ResponderExcluirLuciana costa
Golaço (mais um) do Espaço Aberto!
ResponderExcluirAqui a gente sabe antes.
Valeu!
Parabéns, Paulo! Já repercuti no meu blog a entrevista, com chamada para cá. Beijos! Priante, conte mais! E diga, quem tem mais chance, dentro do PMDB, de chegar à presidência da Alepa?
ResponderExcluirNão é por acaso que este blog é um dos meus favoritos. Não apenas isso: é de leitura diária obrigatória.
ResponderExcluirExcelente trabalho.
Rita, Franssi.
ResponderExcluirObrigado.
Mas, em verdade, o Priante é que contribuiu decisivamente para a entrevista, não é?
Contribuiu ao falar abertamente, muito embora observando cautelas, em certos momentos.
Abs.
" Não sabemos o que realmente pensa,não sabemos sequer se pensa (no sentido nobre da palavra), não sabemos se não será simplesmente um robot mal programado que constantemente confunde e troca as mensagens que leva gravadas dentro. Mas, honra lhe seja feita ao menos uma vez na vida, há no robot George Bush, presidente dos Estados Unidos, um programa que funciona à perfeição: o da mentira. Ele sabe que mente, sabe que nós sabemos que está a mentir, mas, pertencendo ao tipo comportamental de mentiroso compulsivo, continuará a mentir ainda que tenha diante dos olhos a mais nua nua das verdades, continuará a mentir mesmo que depois de a verdade lhe ter rebentado na cara. Mentiu para fazer a guerra no Iraque comojá havia mentido sobre seu passado turbulento e equívoco, isto é, como a mesma desfaçatez. A mentira, em Bush, vem de muito longe, está-lhe no sangue. Como mentiroso emérito, é o corifeu de todos aqueles outros mentirosos que o rodearam, aplaudiram e serviram durante os últimos anos"-JOSÉ SARAMAGO.
ResponderExcluirEste trecho do artigo do Saramago " George Bush, ou a idade da mentira", é muito apropriado para o momento da história política do Pará.
O Priante, perdeu para mentira, sua verdedeira adversária e de todos os demais candidatos.
O mais triste é constatar, que a maioria dos derrotados, em algum momento do passado, contribuiu para fazer frutificar as "verdades" do Duciomar.
Agora, infelizmente, só nos resta lamentar...
A cobertura pós-eleitoral do Espaço Aberto está um "Showrnalismo", no bom sentido do conceito (contrário, então, do livro de título idêntico).
ResponderExcluirUm abraço,
LV
Parabéns, é assim que se blogueia, sendo crítico, mas imparcial; não como certos blogueiros que, metidos a bonzãos e independentes, fazem a defesa sistemática de certos políticos, e, o que é pior, de forma repetitiva, que nem "os sapos", de Manuel Mandeira. Escolhem um argumento, e ficam chovendo no molhado o dia inteiro, sem acrescentar nada de novo, como você fez, com essa "exclusiva"; mas parecem baratas tontas. Parabens novamente, acabam de entrar em meus favoritos, como leitura obrigatória.
ResponderExcluirMais uma vez estás de parabéns. Reitero que teu blog é leitura obrigatória. Forte abraço,
ResponderExcluirsílvia sales
SOU PETISTA E A PRINCIPIO NAO IA APIOIAR PRIANTE, IA FICAR NEUTRO.
ResponderExcluirMAIS ME TOQUEI AO FINAL DO 2 TURNO QUE IA SER PIOR PARA BELEM SE FRU FRU FOSSE REELEITO, COMO FOI.
BEM, REALMENTE FOI UAMA PENA E UM ERRO HISTORICO ANA JULIA TER SE AUSENTADO DESSA CAMPANHA, PREFERINDO COM SEU SILENCIO, APOIAR O ERRO DUCIOMAR.
O PIOR É QUE ESSE ERRO DELA, PODE SE VOLTAR CONTRA A PROPRIA NUM FUTURO NAO MUITO DISTANTE.
Gente, eu também me amarro neste blog. Inteligente, antenado, divertido, enfim, etc, etc, etc. A propósito, achei essa "neutralidade" da Ana Júlia a maior sacanagem afinal de contas,em 2006 o PMDB, com o Priante à frente, se empenhou ao máximo na campanha da então candidata ao governo do Estado. Mas, vingança é um prato que se come frio, já diziam os antigos. Ah, queria dizer que também me apaixonei pelo Priante nessas eleições. Alguém sabe se ele é casado, solteiro, se está disponível? rs
ResponderExcluirVou meter a colher nesse angu. O Zé Priante esperava mais da militância petista por que? Primeiro, que ela não foi consultada sobre o apoio - este apoio foi imposto goela abaixo pelo diretório municipal; segundo, que a verdadeira militância ainda não conseguiu engolir até hoje essa aliança com o PMDB do Jader Barbalho, e terceiro, que é um absurdo imaginar que o Mario Cardoso possa transferir voto. Sei de inúmeras pessoas que votaram no Jordy, por exemplo, e ficaram decepcionadas com o apoio dele ao Zé Priante, e aí no segundo turno cravaram no Dudu. Quanto à posição da Ana Júlia, ela está certíssima. São dois partidos da base aliada, mas mesmo que não fossem, a Ana Júlia manteria essa postura: ela deixou a bola com o diretório municipal, justo a quem cabe a mobilização petista na capital. E por que? Sem ter bola de cristal, acredito que foi a primeira mostra do seu descolamento público da aliança com o PMDB. Ou alguém acha que ela não ficaria refém mais ainda do PMDB do Jader Barbalho se o Zé Priante vencesse? Ora, entre secretarias e outros órgãos públicos estaduais o PMDB contabiliza seis ou sete; a prefeitura do município vizinho é do PMDB, e se este leva Belém? Era o fim dela. E tem mais: daqui a dois anos ela sai para a reeleição com a certeza de que o Dudu vai apoiá-la com os seus 60% de votos de Belém. E ele sim transfere votos, ainda mais se ela ajudá-lo nesses dois anos que faltam para 2010. Esta certeza, é óbvio, ela não teria em relação ao apoio do Zé Priante, já que o PMDB terá candidato próprio ao governo.
ResponderExcluirAgora, tirando a colher desse angu: não li nos jornais e nem vi na televisão nenhuma referência ao traje bem esporte da Ana Júlia. Além do bermudão quase apertadinho (com todo respeito à governadora), ela não vestiu blusa vermelha. Foi neutra até na cor de suas roupas. Taí, gostei, já tem o meu voto em 2010. Mas, bem entendido, se ficar longe do PMDB.
PS - não sou Anônimo. É que não sei como se bota o nome no blog.
Manuel Alfredo Calandrine
OK, Calandrine.
ResponderExcluirBoa apreciação. Bom comentário.
Você temperou bem o angu (resssss)
Abs.
meu querido alencar.
ResponderExcluira comunidade do orkut blogueiros paraenses, que esta no: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=54033045 esta convidando a vc no dia 22.11 a comparecer ao nosso 1. encontro de blogueiros na pizza hut doca a partir das 19 e 30.
aguardo vc la!!! Abraços!!!