domingo, 19 de junho de 2022

Na Colômbia quase em chamas, um esquerdista desconfia de sistema eletrônico de contagem de votos. E um direitista covarde se credencia como consultor de Bolsonaro.

Gustavo Petro e Rodolfo Hernández: tons apocalípticos na reta final da disputa

Na Colômbia, que neste domingo (19) está votando em segundo turno para eleger seu presidente, os humores estão em chamas. Ou quase chegando a isso.

Os eleitores têm que escolher entre um ex-guerrilheiro, Gustavo Petro, que desconfia de um sistema eletrônico de contagem de votos, e um direitista milionário, Rodolfo Hernández, que também é, sem constrangimentos, um covardão machista.

Os discursos, mais do que polarizados, assumiram um tom apocalíptico.

A esquerda avisa que, se Petro não vencer, o país imergirá numa convulsão social.

A direita alerta que, vencendo os esquerdistas, a Colômbia se tornará uma nova Venezuela.

Em cinco pesquisas divulgadas nos últimos dias, três apontam a vitória apertada de Hernández e duas, a do ex-guerrilheiro, também por margem apertadíssima.

Tudo será decidido no voto, diriam os otimistas.

Sóquinão!

Gustavo Petro já declarou o seguinte: "Tenho muita apreensão, desconfiança sobre o software que se usa para a contagem dos votos... Eles querem que eu diga que vou aceitar [o resultado]. Não, eu vou observar."

Não é à toa a desconfiança do candidato. Nas eleições legislativas de março, a Colômbia teve 15 mil mesários investigados por fraude, num pleito em que o campo progressista cresceu e a direita encolheu. Das 110 mil urnas utilizadas para colher votos em todo o país, em 35 mil não havia um voto sequer atribuído a candidatos do campo progressista.

Quanto a Hernández, ele defende, conforme já disse, que "o ideal seria que as mulheres se dedicassem à criação dos filhos em casa". Também acha que "as pessoas não gostam de mulheres metidas no governo".

Na reta final de campanha, esse campeão da covardia fugiu covardemente de debates, mesmo que Gustavo Petro tenha aceitado praticamente todas as condições de Hernández, inclusive a de escolher, ele próprio, os mediadores dos debates, pinçados dos veículos de comunicação alinhados com os direitistas.

Ganhando ou não o pleito de hoje, Hernández já poderá se credenciar como consultor de Bolsonaro, um fujão em potencial, conforme se prenuncia.

Nesse clima, aguardemos que as eleições colombianas tenham um desfecho, digamos assim, democrático.

A conjuntura não nos oferece muita certeza de que tal aconteça.

Mas torçamos, mesmo assim, para que isso aconteça.

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