Monark, o youtuber que tem o número estratosférico de 1,2 milhão de seguidores só no Twitter, defendeu nesta segunda-feira (7), durante edificante entrevista com um deputado e uma deputada no Flow Podcast, a existência de um partido nazista.
Disse-o que o fazia em nome da, vão vendo aí, liberdade de expressão.
Diante da reação negativa de dimensões tsunâmicas ao crime que Monark cometeu (com direito à debandada de patrocinadores), ele veio a público para dizer, com a cara mais deslambida do mundo, que fez o que fez porque estava bêbado. E pediu desculpas por tudo o que fez. Mas já era tarde. Acabou demitido.
Você acredita na justificativa de Monark para cometer o crime que cometeu?
Eu não acredito.
E mesmo que acreditasse, a justificativa é a mais disparatada, implausível, inconsistente e intolerável.
É, literalmente, uma justificativa de bêbado.
Bêbado, posso fazer qualquer coisa? - Isso porque, se acreditarmos que Monark defendeu a existência de um partido nazista apenas porque estava bêbado e perdeu a cabeça, estaremos abrindo margem para justificativar qualquer delito.
Tipo assim: eu, bêbado, posso estuprar e depois pedir desculpas dizendo que só fiz isso porque estava bêbado?
Eu, bêbado, posso matar?
Posso roubar?
Posso proclamar que a Terra é redonda?
Posso considerar que um negacionista é, na verdade, um cientista?
Posso considerar que Bolsonaro é o mais sábio dos homens?
Parem com isso!
Uma coisa é a liberdade de expressão. Outra coisa é o crime.
Uma coisa é a crítica, a discordância, o dissenso - mesmo que externados em termos contundentes. Outra coisa é, por exemplo, fazer ameaças à integridade física de uma pessoa, ameaçar invadir prédios públicos e outras coisas mais.
Mirem-se em Berlim - O caso desse youtuber amalucado me lembra a visita que fiz a Berlim, em 2014.
Chegando lá, incluí no meu roteiro, conhecer o local onde funcionou a Chancelaria do Reich, no subsolo do qual Hitler mandou construir o famoso Führerbunker, bunker onde ele e algumas dezenas de nazistas se mataram, morreram durante os últimos raids aliados ou conseguiram fugir.
Para encontrar o local, foi difícil, muito difícil, muito embora esteja numa área muito próxima ao Portão de Brandemburgo, um dos cartões-postais mais visitados da capital alemã.
Mas eis que, a muito custo, encontrei o local onde funcionou a Chancelaria.
Sabem o que tem lá?
Nada.
Absolutamente nada que identifique sequer um metro do quadro das ruínas do que foi o imponente prédio da Chancelaria.
Para dizer que não tem nada, tem um estacionamento e uma pequena, singela, quase imperceptível placa (vejam nas fotos acima, que fiz na ocasião), explicando que ali funcionou o bunker e apresentando o croqui de suas instalações.
Fiquei impressionado com aquilo.
Não entendia por que um local como aquele, emblemático do ocaso do nazismo, do seu esfacelamento completo, está praticamente invisível, tanto que atrai pouquíssimos turistas, entre os quais eu.
Procurando ler um pouco mais, descobri o motivo: é que os alemães não querem que locais como esse sejam referências que possam estimular neonazistas a cultuar seus ideais.
Entenderam?
A Alemannha é um dos países mais democráticos do mundo.
Pois lá um partido nazista não é admitido.
E até mesmo o local onde existiu a Chancelaria do Reich, coração do poder nazista, virou um simples estacionamento.
Então, se vocês beberem, cuidado para não virarem nazistas.
Muito cuidado.
Muito bom, caro amigo PB. Saudades do Espaço Aberto. Mas o acompanho diariamente daqui de São José dos Campos, onde estou morando. Na verdade, saí de Belém, mas Belém e o Pará não saíram de mim. Tanto que participo do Conselho da Cidadania, nomeado pelo prefeito Edmilson Rodrigues, Daqui mando os meus "pitacos" em forma de ideias e sugestões para a gestão da Belém das Novas Ideias, que o ED pretende implementar nesse seu mandato.
ResponderExcluirValeu, Sidou!
ResponderExcluirNeste caso, a distância é o de menos.
O importante mesmo é continuar antenado
Abs.