quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A história de uma campanha. Por dentro e por fora.

O Blog da Repórter, da jornalista Rita Soares, tem sido nos últimos dias o repositório de palpitantes depoimentos.
Mais do que depoimentos, testemunhos.
Por eles, desenha-se a anatomia de uma campanha.
Por eles, vamos conhecendo como é que se processa uma derrota.
Por eles, aos poucos, vão se desnudando com mais clareza as razões que acabaram por levar a governadora Ana Júlia a perder as eleições para o tucano Simão Jatene.
E perder de capote.
De goleada.
Uma derrota fragorosa, consideradas as circunstâncias.
Os depoentes são marqueteiros que viveram por dentro - próximo às entranhas, no âmago, nos bastidores - a campanha da governadora Ana Júlia, tocada pela agência baiana Link.
Primeiro, foi o depoimento de Chiquinho Cavalcante, o competente jornalista e publicitário de alma petista que foi enjeitado por Ana Júlia e seu quarteto de condestáveis.
Depois, foi o depoimento de Edson Barbosa, o dono da Link, aquele que pretende ser levado a sério quando disse, entre outras, que a adesão do newanajulista e newpetista Almir Gabriel ajudou às pampas a performance eleitoral de Ana Júlia.
Agora, quem comparece ao proscênio - porque ribalta, vocês, é copyright do Juca, o Grande Juca - é outro publicitário, Glauco Lima.
Num e-mail ao blog da Rita, e a título de contestar afirmações de Barbosa, Glauco diz coisas interessantes.
Interessantes e palpitantes.
Diz assim, por exemplo:

Na entrevista, o presidente da Link Propaganda sugere ou deixa entender que eu atuei como Diretor de Criação na campanha, o que é uma inverdade absurda e, no mínino, um desrespeito ao verdadeiro diretor e coordenador de criação, o senhor Theo Crus Neto, que tinha todos os amplos e totais poderes de dirigir a criação e atuar como estrategista, redator, criador de jingles, interagir com a governadora e seus principais assessores.

Ou assim:

Se a campanha da Link foi tão boa, ele deveria destacar o nome de Theo Neto e o próprio nome dele, Edson Barbosa, já que Theo não cansava de repetir quase como um mantra, “ nessa campanha o marqueteiro, quem dá a palavra final, quem decide o que sai e o que não sai, é o Edson Barbosa”.

E assim:

Mas a Link era a agência da campanha, o Edson Barbosa foi o engenheiro responsável pela obra. Quero ressaltar aqui que a campanha, boa ou má, fraca ou forte, tem que ser assumida pelos seus autores. O Fernando Pena de Carvalho, Presidente da Digital foi citado e nunca foi chamado sequer para opinar sobre a cor de um cenário. Fazia apenas o que a Link determinava. A Ruth Vieira, paraense, contratada da Link, tinha funções operativas, nunca vi a Ruth numa reunião de comando dando opiniões. Essa coisa de citar as pessoas daqui, só agora, é muito injusto e até revoltante, diante do que passamos nestes meses.

Por fim, diz assim:

Portanto está aí, independente de julgamentos do que foi feito, a Link e Edson Barbosa que assumam suas responsabilidades técnicas e não fiquem querendo repartir a derrota com ninguém, porque eu tenho certeza que não repartiriam a vitória com ninguém que não fosse do seu seleto time.

Leiamos os marqueteiros.
Eles é que contam a história.
Por dentro.
Por dentro e por fora.

4 comentários:

  1. A Ana Julia perdeu porque nos seus quatro anos de Governo fez muito pouco para o Estado do Pará, para confirmar o que digo esta listado em suas grandes obras a mudança de direção do estacionamento da Estação das Docas. Como querer ser eleita com coisas deste tipo alem dos conselheiros politicos que tinha ou tem.

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  2. Bom dia, caro Paulo:

    tenhoacompanhado no Blog da Rita a perlenga. Embora alguns a reputem como importante peça analítica, política e estratégica - de derrota, mas estratégica - da influência do marketing político nas decisões eleitorais, a mim, cada vez mais, cheira lavagem de roupa suja nos tanques errados, para quem não quis, não pode, não teve interesse (ou teve interesses outros para defender) de se posicionar na hora certa.

    Esse último depoimento, de Glauco Lima, é emblemático para reforçar minha opinião. Ninguém era ouvido nem "cheirado", todos eram profissionalmente desrespeitados mas por omissão ou conveniência, só agora se ouve o ranger de dentes.

    Pobrezinhos!


    Abração, Paulo.

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  3. Ao anônimo das 09:28: Ana Júlia perdeu porque não comunicou de maneira correta, aproveitando o oceano de mídia que teve durante a campanha, as conquistas de seu governo, não mostrou os beneficiários dessas ações nem como encontrou o estado depois da praga de gafanhotos que foi os 12 anos de PSDB por essas plagas. Ana Julia não perdeu porque nos seus quatro anos de Governo "fez muito pouco para o Estado do Pará". Ana Júlia, por exemplo, pavimentou todos os conjuntos habitacionais de Belém e jamais disse que essa obra foi sua, deixando que o preguiçoso Duciomar (eleito pelos tucanos) se beneficiasse com isso.

    Quanto ao post de Bia, é interessante que ela venha insistindo em chamar a esse debate de "lavagem de roupa suja nos tanques errados" feita por quem "não quis, não pode, não teve interesse de se posicionar na hora certa". Ignora que esse debate se situa no âmbito da comunicação das campanhas e tem despertado tanto interesse que Rita Soares dedicou a isso três entrevistas de uma página no Diário e teve, em seu blog, centenas e centenas de visitantes interessados no tema. Por que? Por que as pessoas gostas de ver porrada? Não. É porque esse debate tem a ver com um debate contemporâneo dos mais sérios: a prevalência das mídias no debate político em nossos tempos. A Universidade de Georgetown dedicou, em julho deste ano, uma seminário internacional apenas para debater a importância da mídia política e sua influência, no marco da influência geral da mídia e no marco do que chamam de "midiatização da política". Não é lavagem de roupa suja, é debate acadêmico.
    Esse último depoimento, de Glauco Lima, que Bia cita como emblemático para reforçar sua opinião demonstra uma só coisa: Edson Barbosa mente e usou os profissionais locais, que tinham função secundária, como escudo humano para justificar seus erros. Eu trabalhei na campanha, Bia. Ninguém era ouvido nem "cheirado", todos eram profissionalmente desrespeitados mas por COMPROMISSO PROFISSIONAL COM A CAMPANHA OU POR NECESSIDADE DE PAGAR AS CONTAS NO FINAL DO MÊS, só agora podem fazer audível seu ranger de dentes. Na produtora, que virou um campo de concentração, todos torcíamos para o dia em que adentrasse por aquela porta preta o Chiquinho Cavalcante, o que jamais aconteceu. Não que ele pudesse salvar a campanha, mas poderia, pelo menos, estabelecer um ambiente democrático onde mais pessoas pudessem contribuir para a campanha. Para mim, pessoalmente, a derrota de Ana Júlia e Paulo Rocha foi resultado do tratamento descuidado, não-profissional, com que a Link levou essa campanha, nas coxas, querendo só fechar o mês para liquidar mais uma fatura. Se você perguntasse se eu um dia faria isso de novo eu te diria: sim. Sou jornalista, não sei fazer outra coisa. As campanhas remuneram bem. Assim como todos nós já trabalhamos em locais e com pessoas que não gostamos. A diferença é que fomos tratados como cães por gente que sequer tinha respeito pelo cliente. Chamar a governadora de "Ana Rolha" e o Paulo Rocha de "Mensaleiro" era o mínimo que a gente tinha que ouvir ali. A vida é dura, Bia. Muito dura. Bem que a minha mãe dizia para eu fazer Direito...

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  4. Prezado Anônimo das 20:13:

    Milhões de brasileiros sobrevivem em trabalhos esquizofrênicos, injustos, desumanos, mal remunerados, quanto o tem.

    Eu também. Já sobrevivi fazendo comida para vender. Meu primeiro emprego foi como telefonista. Perdi pai e mãe na juventude, criei dois irmãos mais novos. Aposentei-me pelo INSS há 4 meses e pretendo vier feliz com a minha régia aposentadoria de R$ 2.800,00 mensais. Não tenho aptrimônio algum. Jamais pretendi tê-o.

    Sou heroina da minha própria história? Sou. Mas, o que o Pará tem com isso?

    Não, meu caro. Nenhum de vocês merece a minha comiseração.

    Quanto ao governo tucano que antecedeu a distribe praticada nestes quatro anos por Ana J. e seus corvos e lobos, quando o receberam, calaram-se. Ana J. silenciou as obras que fez pro Dudu? Azeite. São pparceiros. Almas quase gêmeas. Merecem-se.

    Havia erros a serem apontados no governo anterior? O que fizeram dos erros que poderiam compremeter a nova gestão? Esconderam embaixo do tapete? Negociaram o silêncio? Danem-se.

    Quanto aos "diálgos importantíssimos" entre marqueteiros - especialmente os que exorcizam sua responsabilidade na derrota - eu passo. É um direito de opinião.


    Um abração, Paulo.

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