segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Desagravo precisa ser pleno

De um Anônimo, sobre a postagem PSDB vê “revanchismo” na destruição de mural:

Uma nota de desagravo é, no mínimo, o que o PSDB deveria fazer em relação ao episódio que envolve a demolição do painel do Osmarzinho, tratada nesta postagem.
De fato, é uma barbárie, uma “falta de escrúpulos”, um “revanchismo” enfim, um “desrespeito ao artista paraense”, como diz o PSDB. Verdadeiramente um crime praticado com requinte de crueldade talvez idêntico aquele que, alhures, foi perpetrado contra os 19 “sem terra” mortos em Eldorado dos Carajás (lembram?).
Ora, respeitável público; meus senhores e minhas senhoras. Ainda que “tucano” fosse (provavelmente sim, mas não posso afirmar até porque não conheci o Osmarzinho em vida) o grande artista é, neste momento, vítima “post mortem” deste mesmo PSDB que hoje o desagrava. Um PSDB ainda ferido pela ascensão do PT ao comando da nação verde-amarela.
Façam isto não, meus caros! Não ponham nem o artista, nem sua obra, no meio deste fogo cruzado, atitude que, imoral como tantas outras, parece fazer parte do manual de procedimentos que, exceções à parte, vocês, os políticos de carteirinha, utilizam no balizamento das suas cegas e desenfreadas luta pelo poder.
Com razão, a família do Osmarzinho, como consta, buscará o desagravo judicial à memória do grande artista, sufocada nesse “mar de lama” que é a disputa político-partidária pelo poder, financiada pela usurpação à dignidade do cidadão comum.
A ação da família, contudo, não restará plena se não perpetrada contra os caciques de PT e PSDB.
Sim: contra o primeiro em face da ação do momento; contra o segundo em face da ação do passado, qual fora o crime de persuadir o artista a homenagear, sob encomenda, um político que, àquela altura, era não mais que aspirante a personagem da história recente do Pará. Um sonho enfim conquistado, não fora pela sua desastrada participação como “maestro” no deplorável espetáculo que resultou na matança dos “sem terra” em Eldorado dos Carajás, mas pelo conjunto de algumas obras que, inegavelmente, produziu como gestor público em benefício da nossa gente, notadamente os mais afortunados na escala socioeconômica da Terrinha Parauara.

7 comentários:

  1. Bom dia, caro Paulo:

    a alma petista é um "carrinho de compras": ela vai ao passado comprar fatos que desviam o foco dos fatos presentes. Assim é, sempre. Um governo "comparativo" só naquilo que lhe convém.

    Ao anônimo informo que o " aspirante a personagem da história recente do Pará" já tinha história na defesa do Pará e dos seus filhos.

    Naquela época já havia dirigido o Hospital Barros Barreto, ocupado a Secretaria Estado de Saúde, era reconhecido nacionalmente como médico sanitarista - o que lhe garantiu a relatoria da Comissão da Ordem Social na Constituinte, três anos depois - e combatente da ditadura militar, inclusive salvando vidas no porão da Santa Casa e no Hospital Barros Barreto.

    Com este histórico e com a ação renovadora na cidade de Belém que na Prefeitura naquele período, não envergonha nenhum painel. Menos ainda o artista que o retratou.

    Quanto a Eldorado de Carajás, soube hoje que o "Estadão" disponibilizou todo o seu scervo na INTERNET. Talvez isso facilite a busca de uma nota na coluna política do jornal, do dia 19 de abril de 1996. Lá o anônimo vai encontrar uma notinha sobre o seu atual estimado aliado de 2006 - amantíssimo aliado de 2010, se der certo - que mostra como Eldorado teve muitos atores, inclusive em bastidores não tão secretos.

    E, já que o tema mudou para massacre, o que pensamos sobre o massacre oficial da Operação Paz no Campo neste governo? É claro que a imprensa local não deu bola para as denúncias dos trabalhadores ameaçados e espancados em Redenção há ano e meio, na operação que garantiu o direito à grilagem. Nem relata os 14 estranhos assassinatos dos que denunciaram essas arbitrariedades à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. Ah!, já sei: 14 é menor que 19! Talvez quanto se der o "empate" possamos conversar sobre isso.

    Abração, Paulo.

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  2. Anônimo1/2/10 11:30

    Se é para comparar, então lá vai: seria o mesmo se acusassassemos a governaodra Ana Júlia Caraepa de ser a "maestra" da chacina que culminou com a morte de mais de 300criancinhas na Santa Casa, só para ficar nesse triste episódio que revoltou a todos.
    Contra fatos, não há argumentos.

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  3. Bia, reescrevendo a história da chacina. É incrível! Não vou entrar no mérito do factóide criado em relação à pretensa "violência simbólica patrocinada pela barbárie petista", conforme a exagerada ótica da nota tucana, cuja lavra se sabe de onde saiu, com o pedantismo de sempre. O que me causa estranheza é a ausência de protesto por parte de vocês, quanto à violência - esta real - cometida contra o Teatro da Paz e a Pça. da República, sábado último, transformado em audiência ao mau gosto cultural e às hordas latrinais da selvageria. Senti a falta de sua veemência, também, caro poster. Protestos são protestos! Precisam ser amplos, gerais e irrestritos, como proclamavam nossos brados em tempos idos (não muito). Abs.

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  4. Caro Cássio,
    Não sei de detalhes sobre os fatos a que você se refere.
    Não tenho, portanto, como fazer qualquer juízo - nem contra, nem a favor.
    Mas você mesmo pode detalhar mais.
    E sentar a pua.
    Abs.

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  5. Não, estimado poster, não preciso detalhar. Foi televisionado. Pobre Teatro da Paz, obrigado a assistir impávido à barbárie! Onde está o Paulo Chaves nessas horas, meu Deus! Abs.

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  6. Infelizmente, não assisti, Cássio.
    Infelizmente.
    Abs.

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  7. Cassio,

    eu não reescrevo a história da chacina, mas está na minha pauta fazer isto, assim que a breve aposentadoria chegar. Foram tantos fatos e atos que desaguaram naquela tragédia que merecem ser documentados e reescritos. Sem paixão e sem oportunismo. Os trabalhadores rurais do sudeste e do sul do Pará, especialmente, merecem este resgate.

    Os fatos que citei não são incrívei, Cassio. São críveis, infelizmente, e comprováveis - com a fonte a qualquer tempo passível de consulta e até hoje jamais desmentida.

    A nota do Estadão, à qual me referi, informava que por interferência de Jader Barbalho com o evidente apoio de FHC, Raul Pont, então Superintendente Nacional do INCRA, não chegou a Marabá no dia 17 de abril pela manhã para o ato de desapropriação da Fazenda Macaxeira. A consequência direta disto, todos sabemos.

    Não respondo pelo "vocês" do seu comentário. Eu moro debaixo da minha cabeça - meu único patrimônio material e imaterial - e só respondo pelas avaliações que faço. Mas, e a Operação Paz no Campo? Institucional, oficial e aterrorizante. Devo aceitar que a violência nas mãos do "governo popular" é justiça?

    Um abraço, Cássio.

    Abração, Paulo.

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