A OAB precisa ter grandeza. Inclusive em suas campanhas.

O candidato à presidência da OAB-PA Jarbas Vasconcelos invocou argumento válido, admissível, pertinente, para não ir ao debate na Rádio Tabajara FM 106,1, onde debateria com seu adversário Sérgio Couto.
Mas invocou esse argumento na hora errada, atrasadamente.
Qual o argumento válido, admissível e até, digamos, legal ou legalista?
O de que a chapa de Sérgio Couto ainda não está inscrita.
Como a chapa do próprio Jarbas, ao que tudo indica, não está.
Se ainda não há chapas inscritas, não há contenda, não há disputa à vista.
Formalmente, legalmente, é assim.
Não vamos nem considerar aqui que os fatos notórios, evidentes, clamorosa e inapelavelmente comprováveis, dispensam provas.
Isso é regra de direito.
Básica.
E há fatos – evidente, notórios, clamorosos, indesmentíveis – de que há duas chapas concorrendo à eleição na Ordem, a de Jarbas e a de Sérgio.
Muito embora não tenham se consumado legalmente as inscrições, as chapas estão aí, com campanha nas ruas e tudo o mais.
Mas não vamos considerar isso.
Vamos considerar apenas que formalmente as chapas não estão inscritas.
Está bem.
Isso poderia ser invocado, como foi invocado, para o não comparecimento de Jarbas ao debate na Tabajara.
Mas o argumento invocado foi inoportuno.
Jarbas, desde que foi consultado sobre o debate, deveria de pronto dizer logo que não ia.
Desde que foi consultado, deveria logo dizer que debateria com Sergio, por enquanto, porque entende que o adversário precisa desincompatibilizar-se de cargo que ocupa no Tribunal de Contas dos Municípios.
Mas não.
Jarbas foi consultado.
Avaliou.
Ponderou.
E aceitou.
Aceitou debater, inclusive aprovando as regras propostas.
Depois de aceitar, voltou atrás.
A desistência, muito embora fundamentada, soou como recuo.
Como fuga.
O que se espera, de qualquer forma, é que os debates entre os dois candidatos ocorram em outros momentos.
A OAB não é uma entidade qualquer.
Tem tradição.
Tem História.
Interfere diretamente nos embates que se travam no cotidiano da sociedade.
A voz da OAB sempre é ouvida, muito embora não raro divirjamos dela.
É preciso, portanto, que conheçamos as propostas dos dois candidatos – e de quantos mais houver.
Jarbas Vasconcelos e Sérgio Couto são experientes.
Como homens e como profissionais.
Espera-se deles que honrem as tradições da OAB e façam uma campanha que a engrandeça.
Ainda que, na campanha, se critiquem mutuamente.
Porque campanha – até para síndico de prédio – sem a crítica, sem a divergência, sem o confronto de idéias, não é campanha.
Mas na OAB as campanhas precisam ter grandeza.
É o que esperamos.